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A brasileira que adotou Aveiro e quer contribuir para a transformação da cultura

Sociedade

Nos meios artísticos e culturais, Mariana Carneiro é conhecida por Mari Boop. A alcunha acompanha-a desde a adolescência e, apesar de ter nascido da imponderação e do acaso, rapidamente criou raízes, estabelecendo-se como uma espécie de alter-ego com o qual a agente cultural e empreendedora brasileira de 39 anos, ainda hoje, se identifica. “Tudo começou no mIRC, a rede social de bate-papo que usávamos no final dos anos 90. Ao escolher o meu nickname, olhei ao redor e vi uma agenda da Betty Boop que me tinham oferecido no aniversário”, recorda. “Em menos de nada, todo o mundo me conhecia por Mari Boop”. Betty Boop, personagem criada por Max Fleischer e Grim Natwick em 1930, foi a primeira mulher a protagonizar uma série de desenhos animados. De olhos grandes, voz doce e vestido justo, foi pioneira na representação de uma mulher independente, provocadora, divertida e trabalhadora, curiosamente, bem à imagem da mulher em que Mariana viria a tornar-se.

Mari Boop, ou Mariana Carneiro, reside em Aveiro desde 2017, mas é natural de João Pessoa, no estado da Paraíba, no Brasil, o ponto mais oriental de todo o continente americano. Enérgica, curiosa e comunicativa, não tem medo de arriscar, de tomar a dianteira e assumir a liderança nos projetos em que se envolve, como é o caso da plataforma Aveiro Cult ou o MoMA – Movimento Musical de Aveiro. Gosta de “lidar com pessoas”, de “promover eventos” e de “resolver problemas”, um conjunto de talentos que, segundo conta, descobriu ainda na infância. “Com mais ou menos 10 anos, reuni os vizinhos do meu condomínio e criei uma apresentação de Natal com um coro. Ninguém ali sabia cantar, mas eu tratei de reunir as pessoas, escolhi as músicas e regi o coro. Nunca tinha feito nada parecido, mas achei a ideia interessante e fiz”, partilha.

De certa forma, Mari Boop sempre fez parte do universo da música, da cultura e das artes. “A minha mãe desenha e pinta muito bem – uma habilidade que eu não herdei – e, do lado do meu pai, tenho uma família de músicos. A minha avó tocava piano e violão, o meu pai sempre tocou guitarra, foi produtor musical”. “Somos primos do Lenine”, acrescenta, a título de curiosidade, referindo-se ao conhecido músico brasileiro, vencedor de seis Grammy Latino, produtor de nomes como Maria Bethânia, Milton Nascimento, Gilberto Gil ou Daniela Mercury.

Todavia, nem o background musical e suporte da família, nem a óbvia paixão pelo mundo das artes e da cultura foram suficientes para que, a princípio, optasse por lhes dedicar a profissão. “A música estava muito presente na minha vida, mas nunca a encarei como um trabalho”. Chegado o momento de decidir o que seguir no ensino superior, Mari Boop optou, então, por estudar Publicidade e Propaganda, no IESP – Instituto de Educação Superior da Paraíba. Ainda chegou a ponderar acumular-lhe o curso de Psicologia, mas a carga horária não era compatível com o trabalho que, já à data, vinha desenvolvendo. Mariana Carneiro começou a trabalhar muito nova. Ainda antes de se mudar para Portugal, pode dizer-se que já havia feito “um pouco de tudo”: trabalhara no atendimento ao público, estivera ligada ao mundo editorial, assumira vários cargos de gerência – uma loja de produtos infantis e de maternidade, um restaurante vegetariano, uma clínica de bem-estar e um espaço de coworking, só para dar alguns exemplos -, trabalhara como cantora profissional e ainda ajudara a fundar uma associação para mulheres empreendedoras. “No meu ver, apesar de serem em áreas bastante distintas, havia um ponto em comum: ter de lidar com pessoas, algo que, realmente, gosto muito”, resume.

Ao completar a sua especialização em Criação Visual e Multimédia pela Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo, Mari Boop regressa à sua cidade-natal, onde reencontra aquele que viria a tornar-se seu marido e, sem que isso estivesse nos seus planos, engravida. “Nunca tinha sonhado ser mãe, mas já que o ia ser, decidi tirar um tempo para ser mãe a tempo inteiro e fiquei com o meu filho durante o primeiro ano de vida”, relata. Como não é de estranhar, tendo em conta o que já conhecemos sobre a sua personalidade inquieta e vigorosa, não conseguiu ficar parada. “Assim que ele nasceu comecei um blog para partilhar aquilo por que estava a passar e trocar experiências com outras mães”. Da comunidade criada à volta do blog foram surgindo uma série de iniciativas que começaram por ser simples encontros de troca ou venda e artigos materno-infantis em segunda mão, mas logo evoluíram para eventos culturais destinados a toda a família. À medida que estes projetos iam crescendo, cada vez se iam associando mais empresas e parceiros. “A certa altura, tivemos de dar o passo seguinte e formámos a Associação de Mulheres Empreendedoras da Paraíba, da qual me orgulho de ter sido a presidente fundadora”, afirma.

Em 2017, Mariana Carneiro mudar-se-ia para Portugal com a família. O marido pretendia realizar o mestrado e Portugal, pela questão do idioma, era o país que oferecia as hipóteses mais apetecíveis. Porém, admite Mari Boop, “a princípio, eu resisti”. “Tínhamos acabado de comprar o nosso apartamento, estávamos a organizar a nossa vida em família... Mas, numa noite, alguém entrou na nossa casa e levou-nos quase tudo o que tínhamos. Nesse dia, disse ao meu marido para escolher o lugar do mundo que quisesse que eu mudar-me-ia de imediato. Ali é que não ficaria mais”, lembra, constrangida. Em terras lusas, a primeira opção foi estabelecerem-se no Porto. No entanto, “era uma cidade muito grande”, diz Mari Boop. “Já que íamos sair da confusão do Brasil, queríamos experimentar um ambiente diferente, um estilo de vida mais calmo, numa cidade mais pequena”, explica. “Quando viemos conhecer Aveiro, bastou pôr um pé fora do comboio para ter a certeza que era aqui que queríamos viver”. “Foi amor à primeira vista”, garante Mari Boop, dando nota que “Aveiro é uma cidade parecida com João Pessoa de há uns anos a esta parte. Uma cidade tranquila, colorida, com zonas verdes, espaço para as crianças brincarem e onde as pessoas parecem ser mais felizes”.

A viver em Aveiro há quase seis anos, Mariana já adotou a cidade como sua, esforçando-se por contribuir para o seu desenvolvimento, nomeadamente, a nível cultural. Foi, aliás, com este propósito que surgiu o Aveiro Cult, uma plataforma de divulgação de eventos culturais na cidade. Inicialmente, o projeto até começou como uma tentativa de trazer para Aveiro um “Roteiro Baby”, um conceito bastante comum no Brasil, baseado na partilha de programação infantil e familiar (eventos, passeios, espetáculos, festas, colónias de férias, restaurantes com brinquedotecas, etc.). No entanto, “a ideia de criar um ‘Roteiro Baby Aveiro’ não funcionou”, reconhece Mariana. “Culturalmente, é diferente. No Brasil, as famílias têm tendência para sair com as crianças, para fazer atividades fora de casa. Por cá, há mais o hábito de ficar em casa e criar programas familiares”. Ora, sem eventos materno-infantis para divulgar, o propósito daquela plataforma esgotava-se à partirda. Foi então que Mari Boop, incentivada por várias pessoas que há muito o vinham solicitando, abre o leque a todos os públicos e a todos os eventos culturais, nascendo, assim, o Aveiro Cult.

Além do Aveiro Cult, Mariana Carneiro coordena atualmente o MoMA – Movimento Musical de Aveiro – criado por Guilherme Machado, há cerca de três anos, com vista a apoiar as bandas e os músicos aveirenses, principalmente, aqueles que estão em início de carreira e que têm dificuldade em estabelecer uma agenda de apresentações regulares ao vivo. Entre intérpretes, produtores, técnicos, proprietários de estabelecimentos e outros agentes culturais, neste momento, o MoMa conta com mais de 50 elementos empenhados na promoção da música e dos músicos aveirenses. Numa das suas lutas mais recentes, o movimento defende que #AveiroMereceMaisMúsica, um manifesto onde reivindicam um acesso mais justo e esclarecido à atribuição de licenças para atuar legalmente no espaço público e nos bares da cidade.

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