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Aveiro 2024 vai deixar marcas para o futuro

Palcos

A programação da Capital Portuguesa da Cultura promete um ano intenso, perspetivando-se que possa posicionar Aveiro como um centro de referência de criação e programação a nível nacional.

O pontapé de saída foi dado logo aos primeiros minutos de 2024, em plena festa de passagem de ano, mas a programação ainda só agora começou. José Pina, coordenador da Aveiro 2024 - Capital Portuguesa da Cultura, antecipa um ano intenso e profícuo, acrescendo que 2024 vai deixar marcas nos “hábitos de consumo de cultura” da população da região, nas “dinâmicas de participação de estruturas artísticas locais e regionais” e nas “dinâmicas de públicos a visitar Aveiro”.

 

Estamos a viver a Capital Portuguesa da Cultura já há algumas semanas. O que é que podemos esperar do ano 2024?

Podemos ter uma certeza: vamos ter uma oferta muito diversificada e muito abrangente aos níveis da estética, dos temas e do público-alvo ao qual se destina; [podemos ter a certeza de] uma grande regularidade de programação, projetos únicos – vão acontecer uma única vez e vai ser aqui em Aveiro -, muitas estreias nacionais e um ano forte ao nível da diversidade e do público que vem visitar Aveiro. [Podemos contar com] uma maior interligação entre os equipamentos municipais e a sua programação e também uma articulação muito interessante com as outras estruturas de programação da região de Aveiro, as bibliotecas e os museus.

É expectável que os conteúdos sejam bons, que tenham boa performance e boa dinâmica de público. Outra coisa que também é expectável é que, a propósito desta dinâmica, Aveiro passe a ter uma presença mais assídua e mais forte naquilo que é o meio artístico nacional, mas também internacional, e tenha ganhos evidentes para os próximos anos de públicos provenientes de outras geografias do país, posicionando Aveiro como um centro de referência de criação e programação a nível nacional.

 

A perspetiva é continuar a trazer público para Aveiro depois da Capital Portuguesa da Cultura. Há marcas de programação que vão ficar?

A nossa primeira prioridade é trabalhar os públicos do município de Aveiro. É esse o nosso foco no dia a dia e também com a Capital Portuguesa da Cultura. Vamos proporcionar uma oferta diferente, é certo, mas a prioridade é a mesma.

Depois queremos trabalhar os públicos provenientes de outras geografias do país e que queremos que passem a ter outro olhar sobre Aveiro.

O que fica para futuro? Vai ficar bastante. Temos de olhar para a Capital Portuguesa da Cultura no contexto de um processo contínuo que inclui o nosso Plano Estratégico para a Cultura, aprovado em 2019, e a candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027. Nesse sentido, há projetos que vêm dessas etapas do percurso e que vão materializar-se em 2024 e nos anos seguintes. Alguns desses projetos são ao nível das infraestruturas – o Museu da Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro ou o Creative Change Academy, que será uma grande referência ao nível da criação artística nacional, por exemplo.

Do ponto de vista da programação e oferta, acredito que, com a experiência de 2024, vamos passar a ter mais hábitos de consumo de cultura na nossa população, mais dinâmicas de participação de estruturas artísticas locais e regionais e mais dinâmicas de públicos a visitar Aveiro.

 

Nada será igual a partir de 2024...

Acredito que vamos passar a ter um público mais exigente e um setor cultural local mais capacitado, com novas redes de colaboração para o futuro, fruto das parcerias que estamos a criar no programa da Aveiro 2024. Ao nível da região de Aveiro, vamos ficar com redes de colaboração mais fortes, mas também com redes internacionais mais capacitadas, nomeadamente ao nível das artes performativas (com festivais de dimensão internacional como o Festival dos Canais e do Prisma), ao nível expositivo ou ao nível de redes de trabalho (com a rede de vilas e cidades de cerâmica ou a rede de Arte Nova).

O ano de 2025 nunca será como o de 2024, mas notar-se-á uma evolução significativa relativamente a 2023. Depois da Capital Portuguesa da Cultura dificilmente voltaremos ao panorama anterior. Esses, para mim, são os maiores ganhos: a consolidação da aposta cultural, a consolidação de públicos e o aumento da sua exigência, a capacitação do setor cultural local e regional e o estabelecimento de redes e oportunidades que ficam para o futuro.

 

 

A programação foi organizada por trimestres, em quatro temáticas. Porquê estes temas?

Para nós, fazia sentido que, num ano tão especial como este, houvesse um fio condutor que ligasse todo o ano e que acontecesse através de uma articulação entre a programação, os diferentes equipamentos municipais e os nossos parceiros. Achámos que a forma mais eficaz de construir este conceito era criar temas e depois agregá-los em áreas, estabelecendo linhas orientadoras que garantissem a consistência do todo.

Estes quatro temas são fruto daquelas que têm sido as nossas apostas nos últimos anos. São temas fortes e nos quais todos nos revemos, desde logo, a questão de Identidade, que é uma forma de nós, sem qualquer tipo de preconceitos ou tabus, questionarmos o que é uma comunidade, uma cidade, uma região ou um país. É, igualmente, uma forma de promovermos o nosso património enquanto município e região.

Quanto ao segundo tema – Democracia –, com a celebração dos 50 anos [da revolução de 25 de abril de 1974], é um tema incontornável quer no âmbito nacional, quer em Aveiro, região que sempre teve um papel forte em processos de reflexão, de participação cívica e política. Queremos discutir as revoluções que existiram e aquelas que possam estar a caminho e para as quais devemos estar preparados, bem como questões que fazem parte da agenda mediática, como as migrações ou os riscos que a democracia corre.

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Seguem-se os temas da Sustentabilidade e da Tecnologia...

O tema da Sustentabilidade vem do facto de sermos uma região muito suscetível às alterações climáticas – questões como a subida do nível médio das águas do mar ou a poluição dos oceanos vão ser alvo de reflexão – e considerando que há um conjunto de eventos neste período [o terceiro trimestre] que são marcantes na nossa oferta. É, uma vez mais, um tema incontornável, não só por essas dinâmicas de programação, mas também pelos assuntos que queremos trazer para a mesa para serem refletidos através das artes e da cultura.

O último tema – a Tecnologia – vem do facto de Aveiro ser muito marcada por esta dimensão, com o contexto tecnológico que existe na economia da região e a sua universidade, que comemora os seus 50 anos e é muito marcada pela dimensão tecnológica. Vem também do facto de este último trimestre coincidir com alguns eventos fortes que têm marcado a nossa oferta cultural nos últimos anos, como o Prisma e a Aveiro Tech Week. Pretendemos discutir aquilo que a tecnologia tem de bom e quais são os seus riscos.

A inteligência artificial, por exemplo, gera muitas questões. Como é que a inteligência artificial vai afetar a vida das pessoas? Como é que vai afetar a arte e a cultura? Cabe-nos trazer essas questões para cima do palco, num momento criativo, artístico e de reflexão.

 

Tem ideia de quantas ações vão existir ao longo de todo o ano?

São imensas. Há projetos que têm várias ações. O Festival dos Canais, por exemplo, tem dezenas de ações. Cada um dos seis projetos em que queremos trabalhar as comunidades com maior défice de participação tem várias ações. São muitos projetos.

 

O que é que podemos destacar como pontos altos da programação até ao final do ano?

Há uma dimensão que me parece interessante porque marca uma mudança de paradigma naquele que tem sido o nosso trabalho até agora que é a dimensão expositiva. Vamos ter um conjunto de exposições com outra abrangência, exposições muito fortes que marcam uma viragem significativa no panorama. As artes performativas têm uma evolução muito grande, com a presença de alguns dos maiores encenadores portugueses e algumas referências internacionais de relevo e com o trabalho em rede que se está a criar para o pós-2024. E também os festivais, que vão ter upgrades muito fortes, capazes de os elevar a uma escala ainda maior do que a que já têm, sobretudo a nível internacional. Vamos consolidar o seu papel como referência de espaço público, inovação e criatividade a nível nacional, mas também dar-lhes uma dimensão internacional muito maior.

Há, igualmente, alguns eventos novos que eu espero que fiquem para o futuro e que visam trazer para os hábitos culturais, públicos que não estão muito despertos para o efeito, que têm algumas dificuldades de participação. São seis projetos muito relevantes, sem contar com algumas iniciativas ligadas ao pensamento e à gastronomia que também vão destacar Aveiro.

 

O Teatro Aveirense vai ser o epicentro ou a programação estende-se por vários pontos do município?

O Teatro Aveirense é um dos epicentros mais fortes neste ano de Capital Portuguesa da Cultura, mas não é o único. Não fazia sentido se assim fosse. Mas é um epicentro forte porque aumenta a sua oferta e terá uma evolução na sua programação, sobretudo no que concerne às redes internacionais. É uma estrutura marcante e a própria equipa do Teatro Aveirense tem um papel fundamental no processo da Aveiro 2024, não só na programação, mas também na parte técnica, no planeamento e na coordenação.

Depois há outros epicentros: os outros equipamentos do município que [em conjunto com o TA] constituem um todo homogéneo, coerente e dimensionado para a realidade aveirense.

 

O orçamento é de 8 milhões de euros. É um bom valor para gerir uma programação destas?

Sim. Quando falamos em 8 milhões estamos a falar de todos os custos que este processo acarreta: programação, logística, técnica, equipas, comunicação, acolhimento e estadias, licenças, publicidade... Tudo o que afeta montar esta operação e concluí-la, esperemos, com sucesso. É um upgrade face àquele que é o investimento municipal, como já foi explicado pelo presidente da câmara, mas é um valor que, na nossa perspetiva, permite-nos ter o programa que queríamos apresentar.

É claro que, se tivéssemos um maior orçamento, poderíamos fazer coisas diferentes. Mas também temos de saber o que é que queremos fazer tendo em conta que nada acaba em 2024. Mesmo que esses recursos existissem, não faria sentido estarmos a fazer investimentos que não tivessem sustentabilidade nos anos vindouros. Não podemos entrar numa ressaca de oferta em 2025, não podemos ficar órfãos de cultura. Temos, por isso, de encontrar um equilíbrio entre aquilo que tem sido o nosso processo de crescimento e desenvolvimento, este ano excecional e aquilo que serão os anos de 2025 e seguintes.

Este é um conjunto de recursos e de meios que nos permitem ter esse upgrade na oferta, atingir os nossos objetivos não só culturais, mas estratégicos, naquilo que é o turismo cultural e a ambição de posicionar Aveiro numa escala internacional, criando condições para que, em 2025, possa manter-se a sustentabilidade ao nível de equipas e de públicos.

 

Não tiveram pouco tempo, desde o anúncio, para preparar esta programação? Ao contrário de Braga (que será Capital Portuguesa da Cultura em 2025) e Ponta Delgada (que assumirá o título em 2026), Aveiro não teve de trabalhar em contrarrelógio?

Obviamente, gostaríamos de ter tido mais tempo. Nada parou na nossa vida para prepararmos o ano de 2024. Esta oportunidade entra como um acréscimo de planeamento e trabalho para todos. É claro que desejaríamos ter tido mais tempo para planear, mas não foi por isso que virámos a cara à luta ou dissemos que não. Sempre assumimos que seríamos Capital Portuguesa da Cultura conscientes do contexto e das condições que tínhamos, otimistas pela vontade de querer fazer e com ecos do estímulo que nos deu a candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027. Acreditamos muito na nossa capacidade de trabalho. Sabíamos que tínhamos estabilidade e condições para desenvolvermos o nosso trabalho, por isso, dissemos: «Força! Vamos em frente!». É essa motivação que fez, faz e vai continuar a fazer com que consigamos ultrapassar as dificuldades que aparecem a quem se propõe a abraçar um projeto como este. Estamos a receber bom feedback por parte dos nossos parceiros. Essa ambiência também torna tudo mais fácil. Ter tido mais tempo podia ter ajudado a evitar alguns momentos mais sensíveis, mas temos uma equipa excecional que nos permite abraçar qualquer projeto.

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