
Não precisa de ligar, Senhor Presidente
José Sousa*
Começo por dizer que nada tenho contra o Luís, bem pelo contrário. O que me levou a escrever foi o destaque desproporcional dado, não só pelo telefonema do Sr. Presidente da República, como também pelos média, ao meu colega de profissão, radicado no Reino Unido.
Luís Pitarma tratou de uma pessoa, à partida, muito privilegiada no acesso aos cuidados de saúde, sendo expetável que o colega esteja a trabalhar numa unidade de saúde com condições bem melhores do que encontraria em qualquer unidade hospitalar português. O senhor Boris Johnson gostou e elogiou, tudo bem. Mas porquê este destaque todo? Se fosse um idoso português a agradecer os mesmos cuidados seria notícia nos média? O Senhor Presidente da República teria ligado? Sabemos que não, pois muitos doentes são agradecidos aos profissionais de saúde, fazem-no formalmente e não há (e bem) esta cobertura mediática.
Em Portugal, os profissionais de enfermagem lutam pelo seu povo, pelo seu país, a ganhar 1.000 euros por mês após mais de 20 anos de serviço. Temos auxiliares a ganhar pouco mais do que o ordenado mínimo nacional e estão na linha da frente, já para não falar em bombeiros e agentes de autoridade. O Luís não representa os enfermeiros de Portugal e está a exercer a sua atividade noutro país.
Nós somos representados por uma Ordem Profissional que nem sequer foi tida nem achada nesta questão. O Luís também não representa os enfermeiros de Aveiro, somos muitos, e muito excelentes profissionais. Nós estamos aqui, com os equipamentos contados para não faltarem, a ganhar mal e com condições de trabalho possíveis dado o caos provocado pela pandemia e não nos negamos a nada em prol do nosso país. O Senhor Presidente, apesar de falar em todos os outros enfermeiros, já vem tarde e fora de contexto e isso ofendeu-me…
Como presidente de todos os portugueses, não deveria ter individualizado um agradecimento. Não é de todo justo para com todos os outros enfermeiros. Não vi o Senhor presidente quando nos negaram a carreira digna, quando se denunciam questões de segurança para os doentes, nomeadamente com a falta de dotações de enfermeiros e assistentes operacionais… Onde está o Senhor Presidente nessas alturas? Estamos abandonados às nossas decisões, profissionais e pessoais, com pouca ou nenhuma ajuda… onde está o Senhor Presidente? Estou na linha da frente, tanto na urgência como na emergência extra-hospitalar, e fiquei ofendido com o Senhor Presidente, que pode estar perdido em todo o teatro à volta da sua pessoa… Assim se perdeu a admiração que poderia ainda ter por ele.
Esta é apenas a minha opinião. E, Senhor Presidente, não precisa de ligar…
* Enfermeiro de Aveiro
João Manuel
Muito bem verdadeiro Enfermeiro de Aveiro. Um abraço enf. José Sousa.Obrigado pelo trabalho que fazem nas condiçoes em que o fazem.De resto Marcelo já nos habituou ao show mediatico. Sem televisão ou sem redres sociais será que mandava abraço ao Luís?
Pedro Coutinho
Todos os enfermeiros e restante profissionais de saúde sabem que o Povo lhes está reconhecido pelo esforco. Bem hajam!
RUI MANUEL BAPTISTA
Muito bem , Sr enfermeiro de Aveiro. Tem toda a razão. Á muito que o mensageiro mor , deixou de ser o meu presidente. Aliás nunca foi. Não o coloquei lá. Não tem atitude , não tem , nem nunca teve condições para ser PRESIDENTE DE PORTUGA , País que tanto tenho orgulho de pertencer. Sou reformado e trabalhei 50 anos e continuo a trabalhar em prol do meu País. Nunca me agradeceram pelo bem que fiz ao meu País, pagaram-me e isso basta-me. Quero agradecer a todos os profissionais de todas as profissões que trabalham horas sem fio a cuidar deste País. Não posso telefonar a todos, pois era o que gostava de fazer, mas
basta-me por aqui dizer-lhes que estou co eles. Bem hajam.