
João Rodrigues: Aveiro tem condições de excelência para o Stand Up Paddle
O aveirense João Rodrigues recorda-se perfeitamente do primeiro contacto direto que teve com o Surf Paddle. Foi no verão de 2015, na Ericeira, onde todos os anos costuma passar férias. Uma espécie de amor à primeira vista. “Começar a surfar aos quarenta e poucos anos, sem experiência em desportos aquáticos, nomeadamente de mar, pareceu-me um pouco radical demais, embora a vontade fosse grande. Mas depois de uns sustos e uns litros de água engolidos, descobri algo mais soft, mais descontraído e acima de tudo mais fácil”.
Antes, João Rodrigues já tinha visto na internet alguns vídeos de passeios em rios e até mesmo na Ria de Aveiro, de actividades organizadas por empresas e grupos de desportos aventura e outdoor, que lhe despertaram “curiosidade e interesse”. “Aproveitei essas férias na Ericeira para experimentar e ter umas aulas e depressa me apaixonei pela modalidade. Chegado a Aveiro, a primeira coisa que fiz foi comprar uma prancha”, recorda.
Percorrer a laguna em cima de uma prancha
Aos 43 anos cumpriu, assim, o seu baptismo em desportos aquáticos, embora desde sempre se sentisse fascinado pela água, pelo mar e por atividades relacionadas. “A vida vai-nos fazendo adiar e empurrar para a frente algumas coisas que queremos muito fazer, sendo que nunca é tarde para começar, explica.
João Rodrigues começou por praticar Stand Up Paddle (SUP), uma modalidade mais tranquila e mais calma. “Fiz durante muito tempo nos canais da Ria de Aveiro que ficam para lá da A25, em direcção à zona lagunar e foz do rio Vouga. Também fui das primeiras pessoas a andar nos canais do centro de Aveiro, muito contra a vontade de alguns colaboradores das empresas que exploravam os moliceiros, que se fartavam de reclamar, considerando que eram os únicos com direito de fruir a Ria que é de todos”, lembra.
As memórias não podiam ser mais felizes. “Adorava sair de casa com a prancha debaixo do braço, atravessar a rua e entrar no Canal de São Roque e vir até ao centro da cidade. É maravilhoso”, garante. Na altura teve a companhia de um amigo, o Pedro Madaíl, que também ficou fã da modalidade.
Foram quilómetros e quilómetros sem conta em cima das pranchas, descobrindo e percorrendo praticamente toda a zona lagunar. Chegaram a ir para a zona do Rio Novo do Príncipe e para os concelhos de Estarreja e da Murtosa. Algum tempo depois, decidiu tentar o Surf Paddle, no mar. “Aumentou a dificuldade e obrigou-me a desenvolver outras capacidades. Mudei de prancha, mais adaptada às ondas, mais pequena e mais manobrável, e hoje identifico-me mais com esta vertente de mar, o surf paddle. “Desde há quatro anos que vou de férias com a família e a prancha no tejadilho do carro”, explica.
Aveiro tem condições de excelência
Aveiro ainda não tem um clube dedicado a esta modalidade, uma situação que João Rodrigues gostaria de ver alterada a curto prazo. “Existem algumas empresas que organizam actividades para grupos, mas fora de Aveiro”, sublinha antes de lançar o repto à Câmara Municipal para ajudar a promover este desporto. “Acho que a nossa edilidade poderia impulsionar um projeto deste tipo, tanto mais que luta afincadamente e bem para Aveiro se tornar na cidade dos canais. Quanto mais vida e atividade houver nos canais, mais atrativos e interessantes se tornam, e, em especial, porque o índice de poluição associado é zero”, resume, salientando que as características do concelho são o cenário ideal para este tipo de desporto.
“Temos uma extensa zona lagunar, muitas horas de sol, canais incríveis de uma riqueza incalculável, onde a par com a beleza indescritível coabita uma ampla biodiversidade marinha e terrestre. De acesso mais prático, os canais do centro da cidade estão bem equipados, com uma série de trapiches que facilitam a entrada e saída da água”, acrescenta.
É com entusiasmo que João Rodrigues resume uma sessão de Stand Up Paddle. “Traz-me descontração, paz, relaxamento e, acima de tudo, uma sensação de liberdade, de nos desafiarmos e ultrapassar limites. Além disso funciona como uma espécie de terapia num ambiente idílico, onde para além do barulho das quilhas e da prancha a sulcar as águas, só se ouve o canto e queixume das aves, com o barulho da vida na cidade distante e a esvair-se no horizonte”.
João Rodrigues desafia os interessados a experimentarem
Aos 47 anos, João Rodrigues não tem a ambição de ingressar na vertente competitiva. Deseja, antes, poder continuar a praticar por muito tempo, e de preferência com companhia, levando um número crescente de pessoas a interessar-se por este desporto.. “Sempre que faço posts nas redes sobre mais uma saída, no dia seguinte recebo uma série de mensagens de amigos a dizer que gostariam de experimentar, a perguntar se é difícil, ou se o equipamento é caro”.
Sobre o orçamento necessário, João Rodrigues procura desmistificar a ideia de que as atividades desta área são exigentes do ponto de vista financeiro. “É extremamente fácil fazer Stand Up Paddle, rapidamente se evolui e se ganha confiança, sendo que o orçamento necessário tem a ver com aquilo que pretendemos fazer e o que temos à disposição para gastar. Há imensa oferta em segunda mão e o que recomendo é que se comece com equipamentos e material mais modesto e se se gostar e começar a evoluir, então ir trocando e adquirindo material melhor”.
João Rodrigues desafia os interessados a dar o passo em frente. “Quando virem o que temos para explorar aqui à porta de casa e experimentarem o prazer que dá vão achar que os argumentos precisos para vos convencer são mesmo muito poucos. Recomendo a experiência e os que me conhecem sabem que estou à disposição para mostrar do que falo”. Vamos a isso?
Miguel Bastos
Olha que bom: passo aqui no estabelecimento e encontro dois amigos!
JOÃO RODRIGUES
Grande abraço Miguel. Saudades de tar contigo… até breve. Fica bem
Cândido Cruz
Bem verdade quando dizes que quando queremos desfrutar dos canais centrais ainda somos maltratados pelo monopólio dos operadores dos moliceiros! Não dá para entender, ou por outras palavras, é melhor nem entender.
Já em 2015 a Liquen Boards falou diretamente com o Exmo Ribau sobre a potencialidade da modalidade na extraordinária região que temos, mas não temos peso nenhum para que a nossa voz fosse ouvida…. Não temos voz ou outra coisa q nem interessa dizer! Políticas não são a minha praia.
Excelente artigo, parabéns 😃