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A Porta do Café cresceu e mudou de sítio, mas mantém a essência

Negócios

Marília Maia e Moura

 

 

A Porta do Café cresceu e mudou de sítio. Reabriu esta sexta-feira, dia 17 de maio, bem próximo do espaço original, naquela que comummente se chama de Rua Direita. Mudou de sítio, mas a essência, a alma, os valores, que a transformaram num local de culto, de reflexão, de tertúlia, esses, mantêm-se firmes, tal e qual a vontade indómita de Carlos Calisto, um aveirense, do Mundo, que um dia decidiu arriscar e abrir um espaço diferente, do seu imaginário.

“Dei por mim a pensar que queria beber um café de especialidade, num espaço diferenciado, mas que não existia em Aveiro. E então, com todo o conhecimento que trouxe da Austrália, onde estive alguns anos e aprendi quase tudo o que sei sobre esta arte, decidi que seria eu a abrir este tal sítio. Foi um risco, claro, porque a cultura do café de especialidade é atípica em Portugal. A minha vida foi sempre muito na área da hotelaria, mas a da Mara Almeida, era distinta. Ainda assim, demos este passo, sabendo que daria trabalho, mas acreditando que seria certeiro”.

E foi. E de um pequeno espaço com 28 metros quadrados, nasceu um conceito diferente, em que a pressa é sempre inimiga de um café de excelência. “Não somos, nem no princípio quando tínhamos também o típico café, um sítio onde se entra para beber café num instantinho. Ou com aquela coisa de ser rápido porque estou com pressa. Tudo o que se aqui vende, demora tempo a executar. Aqui não é só um cafezinho, é o momento. São aqueles quinze ou vinte minutos que as pessoas tiram do seu dia. Mesmo a extração de um simples espresso, não é só carregar no botão. É um processo. Tem de ser pesado, tem uma temperatura certa para extração e consumo”.

Uma Porta aberta para a cultura aveirense

Agora que o espaço triplicou, a Porta do Café poderá ter a “dimensão maior” que Carlos Calisto sempre idealizou. E não falamos apenas de ter mais mesas para servir ou um balcão mais amplo. Falamos do recuperar de um conceito antigo, o das antigas “coffee shops” como locais de tertúlia, de conversa, de discussão política e cultural.

“A ideia é, claramente, ser uma porta aberta para a cultura aveirense. As coffee shops originais, em Inglaterra, eram frequentadas pelos pensadores. Em Portugal também, encontravam-se n’ A Brasileira. Era lá que se juntavam para falar de cultura, de política. A minha visão é voltar a esse tempo. Vamos querer organizar palestras, ter exposições de pintura, ou fazer lançamentos de livros, onde as pessoas conversam umas com as outras, sem preconceitos. Onde se discuta, sobretudo, ideias, num espaço histórico da cidade”.

O turismo e o cliente da casa

A antiga localização da Porta do Café era mais recatada. O cliente não era o de passagem, mas o de rotinas. O de hábitos. E, muito, do que gosta de café de especialidade. Com a mudança para a Rua Direita, na antiga loja onde durante tantos e tantos anos, se situava o “Fernando das Meias”, a possibilidade de começar a ser frequentada por turistas ou por clientes de ocasião, aumenta, assim como a hipótese do conceito original, se desvirtuar.

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Carlos Calisto acredita que não. Que a Porta será sempre o de proximidade: “vamos continuar a ser um espaço intimista, de conversa, para se falar de café. Estar aqui como em casa, onde se trata os clientes pelo nome. Até porque ser café de especialidade seleciona logo o cliente, nem que seja pelo paladar. A experiência é sensorial e é preciso ter sempre abertura. Ter tempo para perceber o processo. Nunca vamos ser de massas, porque não agradamos às massas”, explica.

O “barista” e o culto do café

Num mundo de cultura intensiva do café e onde o ato de o beber se vulgariza, a opção de Carlos Calisto foi de o colocar num pedestal. Como um vinho de exceção, um café de exceção também precisa e merece de cuidados distintos. Como um bom escanção pode ser diferenciador, um bom “barista” também o é.

“As pessoas não fazem ideia do trabalho que dá produzir, ter e vender um café de especialidade. O que é preciso fazer. Esse é, também, o nosso compromisso, o de dizer tudo. Aqui, todas as produções são cuidadas, avaliadas, pontuadas e pagas diretamente ao produtor. Em qualquer embalagem que esteja aqui à venda, o cliente sabe todo o processo e pode chegar à voz com qualquer um dos elementos da corrente. Pode saber o preço de cada passo. Facilmente vai perceber que há uma divisão justa daquele que é o valor do café. Neste espaço, sou eu que faço a curadoria dos cafés, e chego ao final do ano com 500 ou 600 cafés provados, para escolher os melhores para ter à venda. Investimos muito neste negócio, estamos sempre em todas as feiras e concursos mundiais de especialidade e de referência”.

Qual o melhor café do mundo?

Conhecedor como poucos de café, qual é o seu café de eleição? A pergunta “vale um milhão de euros” para Carlos Calisto, que, ainda assim, admite que prefere as castas “Pacamara e Geisha”, extraídas através “do método de filtragem Chemex”. No entanto, de uma forma peculiar, garante que cada pessoa tem “um paladar distinto” e que, por isso, não há fórmulas mais certas que outras. A não ser aquela que, assume, é a ganhadora: “O melhor café é aquele que te causa emoção. Se algum dos teus sentidos for estimulado de forma emocional, quando o cheiras, quando o colocas debaixo da língua, então é esse que faz todo o sentido ser o melhor de todos”.

 

 

 

 

1 Comentário(s)

ivo
20 mai, 2024

porta lá ao fundo, a ver o novo espaço, a nova toca, a crescer e a desenvolver..

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