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O sono e os seus problemas: dez factos para deixarmos de dormir sobre o assunto

Opinião

Daniel Ruivo Marques

Docente do Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Aveiro

 

 

 

Hoje, dia 15 de março de 2024, celebra-se mais um Dia Mundial do Sono. Este dia é comemorado, todos os anos, na sexta-feira anterior ao Equinócio da Primavera. E são diversas as iniciativas que são levadas a cabo em todo o mundo, muitas das quais apoiadas pela World Sleep Society.

Muito se tem dito, escrito e falado sobre o sono nos últimos anos. Digo isto com alguma satisfação e orgulho (esperando também ter contribuído ou estar a contribuir ativamente para isso, juntamente com outros colegas em todo o país). Tenho-me dedicado a esta temática desde 2012 e, é gratificante verificar que o assunto é cada vez mais debatido. As pessoas manifestam um interesse genuíno sobre o assunto e consideram-no um tópico importante e atual para as suas vidas.

O/A leitor(a) poderá fazer este exercício simples: Pense, por alguns instantes, em quantas pessoas conhece que se queixam de problemas relacionados com o sono e/ou que estão ou já estiveram a tomar medicamentos (prescritos medicamente ou não, suplementos naturais, remédios caseiros, etc) para lidar com esses mesmos problemas. Provavelmente até será o seu caso ou não.

Deste modo, e dada a importância do tema em termos de saúde pública, aproveito este dia simbólico para partilhar apenas algumas ideias simples, mas muito relevantes, sobre o sono e os seus distúrbios:

 

1. Passamos, aproximadamente, cerca de 25 anos da nossa vida a dormir. Se passamos um terço da nossa vida neste comportamento, então não há dúvida que devemos priorizar o sono. Afinal, se esta atividade noturna fosse insignificante ou uma perda de tempo, a natureza teria cometido um erro colossal!

2. Existem mais de 80 doenças do sono. Estas não se resumem apenas à insónia e à apneia do sono. Ter esta crença é perigoso para quem sofre e para quem trata de problemas de sono.

3. Infelizmente, não existe um medicamento perfeito ou ideal que dê o sono fisiológico “natural”. No entanto, há medicamentos que ajudam muitos doentes e que podem melhorar a sua qualidade de vida.

4. O tratamento mais eficaz, na maior parte dos casos, para a insónia crónica – que é a perturbação de sono mais frequente - chama-se “Terapia Cognitivo-Comportamental para a Insónia”  que é uma intervenção não farmacológica de “primeira linha” que compreende técnicas específicas baseadas na melhor evidência científica.

5. Dormir mal não é “natural” nem uma coisa a que as pessoas se possam habituar com o tempo, sem que isso traga consequências nefastas para o seu bem-estar.

 

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6. Ainda que existam doenças que possam provocar queixas e distúrbios do sono, estes últimos têm, com frequência, uma existência independente. Isto quer dizer que mesmo tratando com eficácia as outras doenças associadas, os problemas de sono poderão manter-se, exigindo uma atenção e tratamento específicos.

7. Grande parte das doenças de sono tem tratamentos eficazes. Se está a ter dificuldades com o seu sono e, se isso está a afetar significativamente a sua qualidade de vida, peça ajuda.

8. Não há sistema no nosso organismo que não seja beneficiado por uma boa saúde de sono (sleep health). Da mesma maneira, não há sistema no nosso organismo que não seja prejudicado por uma má qualidade de sono. Dormir mal pode, nalguns casos, efetivamente, ser fatal.

9. Nos últimos anos, descobriu-se que o cérebro tem um sistema de limpeza a que foi chamado “sistema glinfático”, que sobretudo durante o sono profundo, permite que resíduos tóxicos e outros metabolitos sejam drenados do nosso organismo. Entre estas substâncias estão as proteínas β-amiloide que estão associadas a processos demenciais como os que se verificam na Doença de Alzheimer. Se tratar bem o seu sono, poderá, pelos menos, quem sabe, atrasar o início da manifestação deste tipo de doenças. Curioso, não acha?

10. Infelizmente, os diversos profissionais de saúde têm ainda escassa formação sobre sono nos seus currículos académicos. Esta situação deve fazer-nos refletir seriamente dado que, por exemplo, grande parte dos doentes que procuram ajuda tem algum tipo de queixa relacionada com o sono. Ter (alguma) formação em ciências do sono e/ou medicina do sono e conhecer a diversidade dos distúrbios associados é essencial para avaliar e tratar, ou, em última análise, para reencaminhar para profissionais devidamente qualificados para o efeito e/ou centros de medicina do sono.

 

Link útil:

Associação Portuguesa do Sono: https://apsono.com/pt/ 

 

Nota: Para os(as) mais curiosos(as), deixo uma referência de um livro dirigido à população geral (que se encontra traduzido para português) e que, para além da linguagem acessível, não descura os aspetos científicos.

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