Um “dejá vu” indesejável

 

Alexandra Monteiro*

 

 

 

Há um ano…e dois dias mais precisamente. Voltou a acontecer. A não amanhecer em Aveiro. Os valores de matéria particulada em suspensão no ar medidos em Aveiro não enganam. Nas primeiras horas da manhã já registavam valores superiores a 700 µg/m3, quando o valor limite diário (para a proteção da saúde humana) é 50 µg/m3.

 

Os incêndios que flagram na região de Oliveira de frades, e que durante a noite e madrugada do dia de hoje se tornaram ainda mais severos, estão na origem do ar irrespirável em toda a região. O vento de Leste encaminhou a pluma de fumo para a região do litoral e as fotos tiradas e as imagens de satélite confirmam-no. Ao contrário do dia de céu limpo e de muito calor que existe em quase todo o país, os aveirenses ainda não viram o sol hoje e os planos de praia foram defraudados.

 

Tal como há um ano, os locais mais seguros, sobretudo para quem tenha sensibilidade e fragilidade respiratória, são locais interiores refrigerados com sistema de filtragem de ar (o vulgar ar condicionado a funcionar adequadamente). Em todos os outros locais, sejam ar exterior ou interior, a contaminação é inevitável e as complicações respiratórias também…

 

Mais uma vez, e porque nunca é demais lembrar, os impactos deste flagelo que são os incêndios florestais vão muito mais para além da destruição do habitat natural, da riqueza florestal, do ecossistema, da biodiversidade, da economia local, da destruição material…uma lista infindável que todos os anos somos obrigados a comprovar e fazer o check-list.

 

 

 

* Investigadora do Departamento de Ambiente e Ordenamento e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro

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