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Do Recreio de Águeda à Premier League: o sonho de Luís Pinho

Modalidades

Quando vi a bandeira portuguesa nos festejos do Nottingham Forest, um clube de que particularmente gosto, pensei que era apenas pelos três jogadores portugueses que pertenciam, na altura, ao plantel. Mas ao ler, no dia seguinte, a reportagem num jornal desportivo, percebi que não só o antigo olímpico Arnaldo Antunes era o responsável pelo departamento médico, como tinha nos seus quadros um fisioterapeuta que, ao que tudo indicava, iniciara a sua carreira na Liga dos Amigos de Aguada de Cima (LAAC). Fui em busca do nome e encontrei-o, tendo marcado a entrevista. Por curiosidade, o início de carreira foi, na verdade, no seu clube de sempre: o Recreio Desportivo de Águeda. Mas isso, é apenas um pormenor.

O futebol como o princípio

Como qualquer outro menino que jogava futebol, o desejo de Luís Pinho era ser jogador profissional. Com as cores do Recreio Desportivo de Águeda, jogou muitas épocas, até ao 12º ano de escolaridade. Nessa altura, a ideia de futuro já tinha parcialmente mudado, numa junção entre o amor pela modalidade e pela área da saúde.

A escolha da fisioterapia foi, então, o encontro do melhor dos dois mundos: “Essa vontade surgiu ainda no secundário, porque gostava muito de tudo o que era relacionado com a saúde, mas o gosto pelo futebol e pelo desporto fez com que a opção passasse pela fisioterapia”. Quase a concluir o curso, a cumprir estágio no Hospital de Águeda, regressou ao Recreio durante dois meses e foi nesta sua “casa” que os primeiros passos na profissão foram dados.

A LAAC e as dificuldades

Curso concluído e o regresso à prática do futebol aconteceu inevitavelmente: “Quando terminei o curso, em 2010 e com 21 anos, voltei a jogar futebol na Liga dos Amigos de Aguada de Cima (LAAC), que fui acumulando com a função de fisioterapeuta, isto nas épocas de 2010/2011 e 2011/2012”, explica.

Habituado agora aos grandes palcos, como é que Luís Pinho recorda os primeiros momentos num clube amador de nível distrital? “Trabalhar num clube de pequena dimensão é sempre difícil pelas condições, material e equipamento que não temos. Apesar de termos todos os apoios possíveis, a maior parte deles são morais. Isto tanto acontece no Recreio, como na LAAC, ou nas federações onde trabalhei. Lembro-me que quando cheguei à Oliveirense, por exemplo, não havia ginásio para qualquer tipo de preparação física, mas acredito que o jovem fisioterapeuta adquire mais valias para o seu futuro ao passar por todo o tipo de condições. Em momento algum me arrependi, a capacidade de superação que se adquire, torna-nos versáteis a todas as condições, e dá-nos uma bagagem muito grande”.

Os momentos distintos no Andebol e Ciclismo

Ao longo do seu percurso profissional, Luís Pinho passou por outras duas modalidades. Ao nível de clubes, na Madeira SAD, no Andebol, e nas federações de Andebol e de Ciclismo. Das experiências, guarda muitas recordações e sobretudo aprendizagens distintas, que o colocaram à prova e o tornaram melhor para enfrentar as dificuldades da profissão. “Claramente que são desportos completamente diferentes do futebol, não só no desporto em si, como nas lesões e a sua prevenção. No ciclismo é mais prevenção e recuperação, no andebol muitas vezes não são só lesões nos membros inferiores como também nos membros superiores. De repente aparece-nos uma lesão que não estamos habituados e isso torna-nos mais completos, pois temos de voltar a pegar nos livros, a estudar novamente, a rever processos, e essa riqueza traz uma visão mais alargada daquilo que é o atleta”.

Das duas modalidades, recorda momentos importantes, independentemente do resultado desportivo final: “Em 2014, se não estou em erro, participei no campeonato do mundo de pista de ciclismo, e os gémeos, Ivo e Rui Oliveira, ganharam cinco medalhas e foi uma experiência arrepiante ouvir o hino e ver a bandeira no topo. No andebol participei na final da EHF com a Madeira SAD, final jogada em duas mãos e foi uma experiência muito interessante”.

A chegada ao futebol inglês

Quando foi treinar o Sheffield Wednesday, Carlos Carvalhal levou consigo dois fisioterapeutas portugueses. A saída, em 2019, de um deles, fez com que Luís Pinho tivesse a oportunidade de ir a uma entrevista para o emprego. Que conseguiu. Foi a primeira experiência no Championship, um campeonato com um nível de exigência altíssimo, e considerado, por muitos, como um dos mais difíceis do mundo.

“A grande questão do campeonato é que estás sempre a jogar, mas não senti essa questão de jogar de três em três dias, pois para mim, é mais entusiasmante porque não há tempo para pensar e parar. Não há descanso para o staff, porque estamos sempre a trabalhar, mesmo nas folgas. Por outro lado, a maior dificuldade é recuperar os jogadores para jogar num elevado nível de performance, o que se tiveres um plantel curto ou uma gestão menos eficiente, pode complicar e, nesse sentido, o que se pode fazer é tentar recuperar bem os atletas para o dia a seguir”.

Um início complicado, em Nottingham

O destino quis que o Sheffield Wednesday e o Nottingham Forest coincidissem, no mesmo local, num estágio. A conversa com Arnaldo Abrantes, antigo atleta olímpico português e “head of performance” do clube histórico de Nottingham, foi positiva e abriu portas na época seguinte. Mais uma entrevista bem-sucedida e o ingresso nos “reds” acabou por acontecer.

A época de estreia em Nottingham não começou, em termos desportivos, muito bem. À passagem da sétima jornada, a equipa só tinha feito um ponto. Será que a culpa também era do novo fisioterapeuta? “No Sheffield tinha e por incrível que pareça, estava a ver o mesmo a acontecer. Porque mudei para um projeto que seria melhor e de repente temos um ponto em sete jornadas? Felizmente que não se olhou de forma diferente para o fisioterapeuta, porque percebeu-se o motivo, que o futebol que se praticava não nos ia levar aos pontos. Daí a mudança no comando técnico”.

O milagre de Cooper e a sensação indescritível

A contratação de Steve Cooper para treinador correu muito melhor do que seria expectável e o Nottingham Forest foi galgando na tabela até ao play-off e nele bateu toda a concorrência, conseguindo aquilo a que os ingleses chamam o “milagre de Cooper”. Vinte e três anos depois, os “reds” regressaram à Premier League. Mas Luís Pinho explica que foi, muito, na dificuldade, que percebeu a grandeza do clube.

“O Nottingham esteve 23 anos fora da Premier League. Se fosse noutro país qualquer, teria media dúzia de adeptos. Mas não. Esta época mesmo quando tínhamos um ponto em sete jornadas, em casa estavam sempre 30 mil adeptos. E fora, sempre três ou quatro mil. Apesar de eu já conhecer o passado do clube, só se consegue perceber, mesmo, a grandeza do clube, vivenciando, tendo essa experiência. E a festa da subida? Só agora, passados todos estes dias, é que consigo perceber tudo, o que se fez, o que se festejou, a importância que teve para as pessoas, para os adeptos e para a cidade. É uma sensação indescritível”.

Da Premier ao próximo sonho

Agora na Premier League, Luís Pinho vai continuar no Nottingham Forest, alcançando um sonho de menino, que era estar numa prova e num nível desta dimensão. Questionado se sempre acreditou, naqueles primeiros tempos, que era possível chegar onde está, Luís diz que sim, mas sempre colocando as coisas na perspetiva certa.

“Sim, sempre acreditei que conseguiria, mesmo com as naturais dúvidas pelo caminho. As dúvidas surgem, porque este é um mundo competitivo e nemsempre depende do teu sentido e qualidade como profissional. É fácil perceber, pois basta ver que estou a ter um destaque maior, agora, por causa do feito do Nottingham e é um estupendo exemplo de como 90 minutos de um jogo de futebol mudam a vida de uma pessoa. Sou mais reconhecido, as pessoas acham que sou melhor fisioterapeuta do que era antes, mas se tivéssemos perdido a final em vez de a termos ganho, era o mesmo”.

Com objetivo “na manutenção” na Premier League, mas com a ambição de “querer ir um bocadinho mais longe” no campeonato, se tudo correr na perfeição, Luís Pinho assume que em termos individuais gostaria de alcançar outros patamares. “Nunca direi que já cheguei ao topo, porque acredito que há sempre mais. E esse mais, por exemplo, pode ser estar numa equipa que jogue a Liga dos Campeões”.

Está lançado o mote e na vida de Luís, não há impossíveis. Só sonhos a cumprir.

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