É uma das figuras mais relevantes no setor da hospitalização privada em Portugal e, recentemente, a nível europeu. Natural de Vagos, Oscar Gaspar assume, desde 2016, a presidência executiva da APHP – Associação Portuguesa de Hospitalização Privada e, no passado dia 31 de janeiro, a presidência da UEHP - União Europeia de Hospitalização Privada.
Oscar Gaspar é licenciado em Economia pela Universidade do Porto, tendo concluído, mais tarde, uma pós-graduação em Gestão Pública na Universidade de Aveiro. Iniciou a sua carreira na banca, passando pelo BCP e pela banca de investimentos, no Porto, antes de transitar para a banca comercial, em Aveiro. O seu envolvimento com a área da Saúde começou em 2009, quando foi nomeado Secretário de Estado da Saúde. Mais tarde, regressaria ao mundo da saúde ao integrar uma multinacional norte-americana da indústria farmacêutica, onde permaneceu até ser convidado para assumir o cargo de diretor executivo da APHP - Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, em 2016.
Esta nomeação marcou um momento de viragem para a associação, que até então era gerida por administradores dos grupos de saúde em regime de part-time. Com a sua entrada, a APHP profissionalizou-se, passando a contar com uma equipa dedicada a tempo inteiro, composta por cinco pessoas, permitindo um acompanhamento mais eficaz da atualidade política e dos desafios do setor. Nos últimos anos, a APHP tem desempenhado um papel mais ativo na representação dos hospitais privados em Portugal, participando em múltiplos grupos de trabalho do Ministério da Saúde em áreas como o licenciamento, a cibersegurança e o espaço de dados de saúde europeu. “Neste momento, para dar um exemplo concreto, estamos a acabar a recolha de informação relativa à atividade dos hospitais privados em 2024. Tivemos de contactar todos os hospitais, fazer análise de dados, prepará-los em termos gráficos...”, relata o dirigente, dando exemplo de um trabalho que “não poderia ser feito se não houvesse uma pequena estrutura de apoio”.
A relevância do trabalho de Oscar Gaspar na APHP abriu-lhe portas a nível europeu. Em 2021, tornou-se vice-presidente da UEHP - União Europeia de Hospitalização Privada –, cargo que lhe permitiu conhecer melhor a realidade da Saúde nos diversos países da Europa e dar visibilidade às problemáticas portuguesas. No final de janeiro deste ano, foi eleito presidente da UEHP, sucedendo ao médico francês Paul Garassus. Uma eleição “pacífica” e “unânime” – ainda que não tenham participado no ato eleitoral os responsáveis irlandeses por estarem a viver um processo de transição de direções -, e para a qual contou com “o apoio de diversas associações congéneres, nomeadamente a francesa, a alemã e a espanhola”.
Enquanto presidente da UEHP e líder de uma equipa composta por representantes de vários países – Roménia, França, Espanha, Áustria, Polónia, Itália, Grécia e Hungria –, Oscar Gaspar tem como principal desafio motivar os representantes nacionais a dedicarem parte do seu tempo às questões europeias, promovendo a partilha de informação e a colaboração entre os diferentes sistemas de saúde. Uma das iniciativas em curso é a criação de uma ferramenta para a recolha e sistematização de dados atualizados sobre os sistemas de saúde dos Estados-membros, identificando questões críticas e tendências de evolução. Além disso, a UEHP mantém um diálogo institucional com as instituições da União Europeia, como o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia (através da DG Sante - Direção-geral de Saúde e Segurança Alimentar), acompanhando iniciativas como “o plano europeu de ação para a cibersegurança nos hospitais e clínicas que a nova CE definiu como prioridade” e o desenvolvimento do “espaço de dados de saúde europeu, isto é, um registo de saúde eletrónico que permitirá aos cidadãos acederem, se assim desejarem, aos seus registos de saúde em qualquer país da UE”. “É uma orientação europeia que vai ter impacto em cada país e que deve estar a funcionar de forma integrada entre 2026 e 2029”, antecipa.
Neste momento, a UEHP representa 17 países europeus e, como não poderia deixar de ser, a “diversidade dos sistemas de saúde europeus é um dos principais desafios” para quem está à frente da organização. Enquanto Portugal segue um modelo beveridgiano (o nome vem de Beveridge que desenhou o sistema inglês em 1942), semelhante ao inglês, com um Serviço Nacional de Saúde financiado pelo Estado e uma forte componente pública, países como a Alemanha adotam um modelo bismarkiano, baseado em seguros obrigatórios e prestação de cuidados por entidades privadas ou do setor social. Já nos Países Baixos, o sistema funciona integralmente com base em seguros privados. “A própria Organização Mundial de Saúde não se atreve a apontar um como o melhor sistema. O melhor sistema é sempre aquele que melhor garanta o acesso aos cuidados de saúde aos cidadãos de cada país de acordo com o nível de desenvolvimento e os recursos existentes”, refere, na certeza de que a UEHP desempenha um papel essencial na partilha de experiências e na identificação de boas práticas, promovendo um acesso mais equitativo e eficiente aos cuidados de saúde em toda a Europa.