O agrupamento musical da Arte no Tempo encerra o ano com um programa para ‘quinteto pierrot’ (flauta, clarinete, violino, violoncelo e piano), que inclui a primeira apresentação pública de um novo arranjo para a mesma formação do Quebra-Nozes, de Tchaikovsky, da lavra do flautista do ars ad hoc, Ricardo Carvalho.
O concerto começa com um trio da italiana Clara Iannotta (1983), compositora que se encontra no centro da programação que o ars ad hoc propõe para a temporada de 2023-24. Trata-se de uma obra para clarinete baixo, violoncelo e piano preparado, a que se juntam caixinhas de música, campainhas de mesa, clips e outros elementos invulgares que ajudaram a compositora a ir ao encontro das sonoridades concebidas no seu imaginário, aqui muito associado ao universo da poetisa irlandesa Dorothy Molloy. The people here go mad. They blame the wind. (2014) é, pois, a única obra contemporânea neste programa, música que requere uma escuta atenta, convidando à descoberta de novos timbres e ao enquadramento de alguns sons em novos contextos.
Segue-se, então, o ‘Quebra-Nozes – um pequeno conto de Natal para quinteto pierrot’ e, por fim, uma outra transcrição para quinteto elaborada por Ricardo Carvalho: Trois mouvements de Pétrouchka [1921], de Igor Stravinsky, tem valido ao ars ad hoc inúmeros aplausos, desde a sua primeira apresentação pública, em Abril passado.
O ars ad hoc é formado por músicos ainda jovens que, depois de se terem afirmado como valores seguros em Portugal, completaram a sua formação no estrangeiro. Participam neste concerto de entrada livre, que terá assistência técnica de Tomás Quintais, os músicos Ricardo Carvalho (flautas), Horácio Ferreira (clarinetes), Diogo Coelho (violino), Gonçalo Lélis (violoncelo) e João Casimiro Almeida (piano).
Em actividade desde 2018, com programação de Diana Ferreira, o ars ad hoc realiza residências artísticas regulares na Fundação de Serralves, onde prepara e apresenta repertório exclusivamente contemporâneo. Tendo como objectivo a divulgação da música de câmara interpretada com os mais elevados padrões de exigência, o grupo apresentou-se em trinta espaços diferentes e a sua lista de repertório compreende sete dezenas de obras, várias das quais apresentadas em estreia absoluta (quase todas encomendadas pela Arte no Tempo) ou estreia nacional.