Os trabalhos de reabilitação do Navio-Museu Santo André, que decorrem nos estaleiros da Navalria, estão “em bom caminho”. Já foram executados os trabalhos de limpeza do casco – de onde terão sido retiradas mais de 3 toneladas de mexilhão -, decapagem, substituição componentes deteriorados e já começaram os trabalhos de pintura.
Uma “transformação brutal”, afirma Fernando Caçoilo, presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, que conduziu uma visita ao estaleiro, com descida à doca seca e visita ao interior do navio.
Depois de concluída esta reabilitação física do navio, será altura de passar para a reformulação do projeto museológico, com a criação de um novo percurso de visita, com dinâmicas expositivas inovadoras e uma experiência mais sensorial. Junto ao local de atracagem, será ainda construída “uma nova receção, com uma linguagem adaptada ao navio”. Com tudo isto, a empreitada representa um investimento de 1 milhão de euros comparticipado por fundos comunitários.
O navio, habitualmente ancorado no Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré chegou aos estaleiros da Navalria a 15 de maio. Os primeiros trabalhos tiveram lugar no cais e, desde 15 de julho, decorrem em doca seca. Prevê-se que dentro de duas semanas a intervenção passe novamente para o cais, de forma a que tudo esteja concluído até ao final de setembro e o navio possa regressar ao Jardim Oudinot para a renovação museológica.
O presidente da Câmara explica que, ao passo que o Museu Marítimo de Ílhavo está particularmente vocacionado para a memória da faina dos dóris e da pesca à linha, nas décadas de 1920 e 1930, no Navio-museu Santo André “recordam-se as vivências da pesca do bacalhau a bordo de um arrastão, nas décadas de 1970 e 1980”, e o novo plano museológico virá ajudar a revitalizar essa identidade. Será implementado um novo circuito com uma “narrativa de viagem” que remete para o passado histórico do navio, dos seus tripulantes e da pesca por artes de arrasto e que, entre outras novidades, “permitirá uma visita à casa das máquinas, o que antes não era possível”.
“Esta é a grande transformação de fundo desde que o navio está nas mãos da Câmara Municipal”, admite Fernando Caçoilo.
Prestes a completar 72 anos, o Santo André é o último da sua classe. Desmantelado em 1997, depois de 48 anos de atividade na pesca do bacalhau e ao serviço da Empresa de Pesca de Aveiro, o Santo André tornou-se museu municipal em 2001.
A Câmara Municipal de Ílhavo prevê a reabertura a visitas entre o final do primeiro trimestre e o início do segundo de 2021.
* Fotos de Afonso Ré Lau.