O “Cantar dos Reis em Ovar” já é Património Cultural Imaterial de Portugal, tendo sido publicada, esta segunda-feira, a sua inscrição em Diário da República. Salvador Malheiro, presidente da câmara municipal de Ovar, já se congratulou com a aprovação da candidatura apresentada pela autarquia em 2016. “É um dia muito feliz para Ovar, que vê uma das suas principais tradições inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial”, realçou.
Perante o atual contexto de pandemia, não vai ser possível celebrar o Cantar dos Reis 2021 nos moldes habituais. Ainda assim, fica a nota: estão em curso “as comemorações dos 150 anos de Nascimento de António Dias Simões, um dos arautos desta tradição, e cujo ponto alto é a apresentação pública da Troupe António Dias Simões, no dia 8 de janeiro, no Centro de Arte de Ovar, uma iniciativa que será agora engrandecida.”
A candidatura, agora aprovada, foi submetida no final de 2016, tendo em conta que, apesar de partilhar algumas caraterísticas com outras práticas em Portugal e na Europa, designadas de “Cantar os Reis” ou “Cantar as Janeiras”, em Ovar esta prática sofreu, ao longo dos anos, um processo de codificação artística, social e performativa, considerada diferenciadora, uma vez que adquiriu um recorte cultural próprio, sofisticado ao nível da composição musical e poética, e especializado ao nível da performance.
A tradição das Troupes de Reis remonta aos finais do século XIX. Tinha inicialmente alguma semelhança com as “Janeiras” que têm lugar um pouco por todo o país, mas adquiriu características próprias e originais em Ovar. Em 1893, com o especial patrocínio de João Alves Cerqueira, um conceituado comerciante da praça vareira de então, nasceu a primeira Troupe – a dos “Reis dos Alves” ou “Troupe dos Velhos” e logo outras começaram a surgir.