As reações não tardaram a encher as redes sociais. Um misto de incompreensão e de indignação, perante aquilo que muitos consideram ser uma dualidade de critérios. Aqueles que vivem de e para a cultura não entendem porque volta a haver nova ordem para encerrar os equipamentos culturais, mas dando autorização para as igrejas se manterem em funcionamento.
Os agentes culturais da região de Aveiro não foram exceção, lamentando a decisão do governo. Foi o caso do Luís Sousa Ferreira, diretor do 23 Milhas, projeto cultural do município de Ílhavo.
O programador lamentou que o Estado central tenha decidido “confinar toda a ação cultural, com os princípios legítimos de proteger os mais fracos e controlar os avanços da pandemia, mas cujos critérios não são transversais a todas as áreas de atividade, aplicando assim um critério de relevância muito perturbador”.
“Que se cancele, mas que se aplique a reciprocidade do ato. Uns abdicam das suas vidas, negócios, projetos, trabalhos e sonhos, mas o estado social tem que, simultaneamente, divulgar as medidas de compensação de tal esforço. A cultura é segura e vital, mas pouco disso se sabe em Portugal”, escreveu, ainda, Luís Sousa Ferreira, na sua página de Facebook.
Também Patrícia Surrador, do Avenida Café-Concerto, lamentou “a dualidade de critérios” e o facto de “o sacrifício ser sempre para os mesmos”. Sem colocar em causa a fé de cada um, a programadora diz que “à cultura nem a fé vai salvar”.