PLATAFORMA cidades
Pompílio Souto *
- A Ferrovia vai ser profundamente "redesenhada, ampliada e qualificada" com a ambição de ser "estruturante" do modo como se movimentarão as pessoas e as mercadorias em Portugal e nas suas relações com a Europa e com o Mundo.
Cientes disso, procurámos saber mais sobre o assunto, designadamente: sobre o que já estava em obra e o que se projetava para a Cidade e a Cidade Região de Aveiro, e para o país. Ouvimos especialistas, recuperamos estudos que já havíamos feito (*1) e ouvimo-nos uns aos outros constatando que havia enormes oportunidades mas também riscos que, nalguns casos, seriam críticos, quer para os Cidadãos, quer para Cidade Região – designadamente para algumas Entidades nelas sediadas.
Em razão disso fizemos três coisas: procurámos ouvir o Governo sobre o assunto; organizámos para uma Iniciativa que, centrada na Ferrovia, procurasse refletir e agir sobre o que está antes e depois dela nas nossas vidas – desde a porta das nossas casas, aos locais onde trabalhamos e onde nos divertimos e convidámos para nossos "parceiros" quem por cá tem "poder" – o político-administrativo (a CMA) e o do conhecimento (a UA) –, acrescentando-lhes quem (de momento) nos acolhe – a FeAP.
Do Governo – com a ajuda do Plataformista Alberto Souto de Miranda – obtivemos o apoio do Secretário de Estado Jorge Delgado. Depois, com o Vice-presidente da IP – Eng.º Carlos Fernandes –, tivemos diálogos muito afáveis e claros, e mais tarde uma Reunião Pública na qual, com muita competência, apresentou publicamente a "nova" Ferrovia, com enfoque no previsto para a Cidade Região. Dos demais recebemos o solicitado e a sua participação na dita Reunião Pública.
# Um "alerta" para todos
Concluída – com um pequeno atraso – está a primeira parte da Iniciativa. Temos prontas, desde o passado dia 12, as nossas Conclusões, Recomendações e uma Proposta de Posição Conjunta que aguardam ser debatidas com os nossos "parceiros", e posteriormente com outros, para que possamos – em Sessão Pública – adotar uma, preferencialmente conjunta, que faça a promoção e defesa dos interesses da Cidade e Cidade Região de Aveiro – salvaguardando os nacionais que imposta ter em conta.
Entretanto, esperamos que obter essa "posição conjunta" seja possível e não demorado.
. É que, já na passada segunda-feira (19 de abril) foi apresentado ao país o Plano Ferroviário Nacional no qual estarão inscritas propostas que mexem com os nossos interesses; Plano que, seguramente entrará de imediato em discussão pública, coisa para a qual haveríamos de estar preparados – designadamente porque há projetos e obras em curso e para desenvolver com a urgência que o financiamento europeu nos impõe.
. Par além disso, no dia 29 e abril a partir das 15 horas, será apresentado (na APA e online), pelo Engº Carlos Fernandes (da IP) o que o Governo se propõe estudar e fazer no Porto de Aveiro – que é para nós, para o centro-norte e para o país – uma infraestrutura estratégica fundamental, em si mesma e como "terminal ferroviário de relação com o mundo".
E, meus Caros, relativamente a esta – ao futuro do Porto de Aveiro (que estudámos envolvendo muitos e notáveis, mas não a Autarquia cujo território o acolhe, nem a Administração Pública que o gere) – muitíssimo poucos, dos muitos que era do interesse público envolver nas opções a adotar estarão em condições de o fazer: - O que obviamente se lamenta.
- E porque talvez venha a propósito… Cá vão alguns Extratos do Livro "A Sociedade Civil" de Tiago Fernandes; nº 49 da FFMS
"A representação e a intermediação de interesses sociais por parte de associações voluntárias são um traço definidor das sociedades modernas"
"(…) uma cultura política democrática é alcançada quando grupos, ou classes, populares e subordinados têm acesso à definição de políticas públicas e dispõem de capacidade de influenciar, vetar e determinar os contornos das decisões" (…).
"(…) Quando massas anónimas são reconhecidas pelo sistema e os seus interesses têm expressão política, o vínculo em relação à comunidade e aos propósitos coletivos é ampliado, assim como o sentimento de eficácia política, a confiança interpessoal e a legitimidade conferida ao regime (…)"
# Um "alerta" para nós
"A densidade associativa, por si só, não promove necessariamente a democracia" (…) Temos de olhar (…) também para qualidade da sociedade civil, e em especial para os laços entre diferentes grupos sociais, e entre estes e os poderes públicos. Aquilo que mais importa é o grau em que estes laços atravessam regiões, classes sociais, setores profissionais e crenças religiosas." (…) "é só em grandes associações que o valor geral da associação se manifesta".
Sem peneiras, sem egos e sem dinheiros, mas com um forte sentido de responsabilidade cívica, vamos desconsiderar os alheamentos e os remoques de quem pensa e faz como no passado, e tentar ganhar mais corpo e melhor desempenho aproximando-nos de quem já está a trabalhar no futuro.
Nota final
Este texto é mais um da série que vamos publicar sobre esta iniciativa e tema; esperamos pelo vosso parecer e contributo em: plataformacidades.op@gmail.com
* Arquiteto