Agora em palavras
Joel Cardoso
Quando se pensa em ativismo vem-nos logo aquela imagem de marca de manifestações nas ruas a defender isto ou aquilo. Mas o ativismo vai muito para além disso. Segundo a definição do dicionário Priberam: “o ativismo é uma atitude moral que insiste mais nas necessidades da vida e da ação que nos princípios teóricos”. Por palavras mais simples é o agir em prol de algo. Mas será que esta definição está atual? Será que nos dias de hoje este ativismo tem o mesmo sentido para todos?
A tecnologia e as redes sociais vieram revolucionar o mundo em que vivemos. Se por um lado nos permitiram estar sempre informados ou ficar mais próximos daquele primo que vive na Cochinchina, por outro trouxeram-nos algumas desvantagens como as fake news ou a dependência que geram. Esta submissão faz-nos estar horas e horas a ver a vida passar no pequeno ecrã -claro que estou só a generalizar. Vivemos numa era em que desdenhamos a vida do outro - “Ai quem me dera ter a vida daquela influencer” ou aquela “se eu ganhasse o Euromilhões fazia…”. Vivemos tão obcecados com os outros e com aquilo que faríamos se aquele “se” se concretizasse, que nos esquecemos de viver a nossa vida atual.
Esquecemo-nos de cair na realidade e de estar presentes na vida daqueles que nos rodeiam. Porque afinal de contas vivemos em comunidade, onde os problemas de uns deveriam de ser encarados como os problemas de todos. Ser ativo na sociedade é uma forma de estar presente nisso, uma forma de “servir” o outro e servir-nos a nós mesmos.
Mas porquê estar ocupado com estas coisas, se posso estar sentadinho no meu sofá sem preocupações nenhumas? O que me leva a acordar às 6 da manhã para preparar uma atividade? Sinceramente nem eu sei explicar. Muitos chamam-me louco, mas o que é a vida sem loucura? Gosto da ideia de sair da minha zona de conforto, de agir sobre algo que me inquieta, de pôr à prova as minhas capacidades. Um dos meus calcanhares de Aquiles é a escrita. Acho que não tenho jeito nenhum para isso, mas gostava de melhorar. E o quê que estou aqui a fazer com isto? Precisamente a enfrentar essa minha debilidade. Porque só assim posso desenvolver esse meu dote adormecido. É desta forma que tento encarar aquilo que me aparece pela frente. Porque por muito que possa custar, o pior é nem sequer tentar.
Faz algo por ti, não fiques a ver passar!