É quase uma estreia. O espetáculo ainda só foi apresentado duas vezes, em Bragança e Viana do Castelo, e poucos são aqueles que podem já falar na primeira pessoa sobre “Insónia”, de Olga Roriz. E, verdade seja dita, se a vida tivesse seguido o seu curso normal – sem o segundo confinamento e a consecutiva antecipação das obras do Teatro Aveirense -, esta nova produção até teria estreado, efetivamente, na principal sala de espetáculos de Aveiro . Sobe ao palco nas noites desta sexta-feira e sábado, pelas 21h30.
Inspirado n “A casa das belas adormecidas”, romance de Yasunary Kawabata, “Insónia” é “um espetáculo onírico, muito bonito, com uma relação intérprete-espetador muito específica”, desvendou Olga Roriz, em conversa com a Aveiro Mag. À semelhança do que costuma fazer nas suas produções, a coreógrafa lançou “a ideia” para os seus bailarinos, que neste caso era o livro do Nobel da Literatura. “E a partir d’A casa das belas adormecidas eu parti para o erótico. Lemos muita coisa sobre o erotismo, falámos muito sobre erotismo e ouvimos muito sobre erotismo, e partimos para quatro meses de criação. E o que acaba por chegar agora ao público é o resultado desse trabalho de criação com os bailarinos”, revela.
Quer isto dizer que, o que é apresentado em palco “não é A casa das belas adormecidas, nem um espetáculo sobre erotismo. Existe erotismo, claro que existe, mas há outras coisas que o público vai perceber e que têm que ver com um processo de quatro meses de trabalho”, faz questão de evidenciar Olga Roriz. Do público, a coreógrafa apenas espera que “possa colocar-se no lugar do criador e imaginar para além daquilo que está a ver”. “Isso, para mim, é o mais importante. Fazer com que o público fuja da sua rotina, crie imagens e voe connosco”, desafia.
Com uma longa carreira na área da dança, Olga Roriz tem vindo a ser distinguida com relevantes prémios nacionais e estrangeiros. Entre eles destacam-se o 1º Prémio do Concurso de Dança de Osaka, Japão (1988), Prémio da melhor coreografia da Revista Londrina Time-Out (1993), Prémio Almada (2004), e a condecoração com a insígnia da Ordem do Infante D. Henrique – Grande Oficial pelo Presidente da República (2004). Em 2017, foi-lhe atribuído, pela Universidade de Aveiro, o Doutoramento Honoris Causa por distinção nas Artes.
Neste momento, a coreógrafa está já a começar a trabalhar em duas criações, uma delas para apresentar no Museu do Louvre, em Paris. “É uma proposta muito especial, para apresentar em fevereiro”, desvenda.
Para já, vai-nos apresentando “Insónia”, que resulta de uma coprodução com o Centro Cultural de Belém, o Município de Aveiro/Teatro Aveirense e o Município de Viana do Castelo. Tem banda sonora escolhida por Olga Roriz e João Rapozo, congregando música de Handel, Bach, Eleni Karaindrou e Peteris Vasks, com Brian Eno, Gloria Gaynor e João Hasselberg, entre outros compositores. A cenografia e figurinos são de Olga Roriz e Ana Vaz, o desenho de luz, de Cristina Piedade e, a edição de som, de João Rapozo. Os bilhetes para o espetáculo custam 7,5 euros.