Pompílio Souto*
1. A comunicação social local e regional pode desempenhar um papel muitíssimo importante na consolidação da democracia que temos e nos aprofundamentos de que ela hoje e sempre precisará. Mas isso pressupõe órgãos livres, escrutináveis e socialmente úteis.
Ao nível local essa liberdade ter-se-á de assumir na independência editorial e em profissionalismos competentes e eticamente responsáveis.
Quanto à dita utilidade social, pressuporá desempenhos responsivos para destinatários e contextos educados, exigentes - para consigo e com o demais -, abertos e participativos.
E se tudo assim for, para além do legítimo escrutínio que farão os órgãos do Estado para tal democraticamente constituídos, também nós cidadãos – parte essencial dos referidos contextos – melhor civicamente o exerceremos.
2. Independência, profissionalismo e ética são mais fáceis com a autonomia financeira do respetivo órgão. Responsividade e utilidade social crescem melhor em quadros de eficaz interação entre o órgão e o contexto – designadamente o cívico.
Se o apoio à dita autonomia financeira – visando uma melhor democracia –, se pode dizer que será, sobretudo, responsabilidade e encargo do Estado, já a almejada responsividade é - inquestionavelmente - tarefa nossa e do órgão: abrindo-se um e outro, com transparência, e entreajudando-se no esclarecimento e debate do bom, do mau e das mudanças que se impõem para sermos comunidades menos desiguais, melhores e mais sustentáveis.
Ora, se isso implica reivindicar junto de quem governa melhores e mais previsíveis apoios à comunicação social local e regional, ainda que eventualmente especializados ou devida e publicamente contratualizadas, isso também obriga a um entrosamento virtuoso eficaz e eficiente entre comunicação social e contexto destinatário, ainda que um e outro tenham de ser mais exigentes, quer na articulação do que importa relevar, quer na bondade do respetivo resultado.
3. Somos tão poucos, os meios são tão escassos e sabemos – de certeza absoluta – tão pouco sobre como construir comunidades educadas, cultas, financeira e economicamente sustentáveis e felizes, que dedicarmo-nos a agregar em vez de dividir – o saber, o conhecimento e a criatividade, por exemplo –, seria uma obra da maior importância.
Também no domínio da comunicação social há muito que agregar e muitíssimo mais ainda para articular. Assim o queiramos todos, pelo menos um pouco.
Leia, ouça, compre, assine, patrocine. Comente, colabore, promova. Faça tudo isso não só uma vez e sempre que possa com outros de modo corrente e duradouro.
Assim, em conjunto, todos vamos melhorando.
* Coordenador da PLATAFORMAcidades