Ao longo deste fim-de-semana, o ars ad hoc apresenta-se em três concertos que têm em comum a mesma peça do compositor suíço-austríaco Beat Furrer (1954), o quinteto com clarinete Intorno al bianco : esta quinta-feira, 20 de janeiro, estará no Auditório de Serralves, no Porto, pelas 21h30; no sábado, dia 22, tocarão pelas 11h30, no Convento de Jesus, em Setúbal, e às 18 horas, no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco.
Em Serralves, num concerto totalmente dedicado à música contemporânea, que conta com o apoio da OLI, antecedendo a obra de Beat Furrer (1954) - que o ars ad hoc apresentou em estreia nacional, na 2ª edição da bienal Reencontros de Música Contemporânea (no Teatro Aveirense), em 2019, depois de os músicos a terem trabalhado com o compositor - ouvir-se-á uma peça de Ângela Lopes (1972), para viola e electrónica, e três peças para instrumento de cordas solo e electrónica, de Simon Steen-Andersen (1976), compositor dinamarquês, residente em Berlim, em destaque na presente temporada do ars ad hoc.
Nos concertos de Setúbal e Castelo Branco, a obra Intorno al bianco precederá uma interpretação do Quinteto com clarinete Opus 115, de Johannes Brahms (1833-1897), que o agrupamento já apresentou também em 2019.
Estes três concertos serão os primeiros depois do lançamento do documentário em vídeo ars ad hoc > ignição, projeto da Arte no Tempo, que faz uma retrospetiva da atividade do agrupamento, desde a sua criação, em 2018, até ao início da temporada 2021-2022, enquanto residente na Fundação de Serralves.
Com este documentário, é possível conhecer um pouco da história do jovem agrupamento, ouvir os próprios músicos a propósito do seu trabalho e das suas aspirações, assim como testemunhar a qualidade do trabalho que desenvolvem, através da audição de alguns excertos de interpretações suas de compositores como Inés Badalo (1989), João Carlos Pinto (1998), Ricardo Ribeiro (1971), Simon Steen-Andersen (1976) e KristineTjøgersen (1982), incluindo ainda clássicos como Claude Debussy (num arranjo de Tim Mulleman) e Gérard Grisey (1946 – 1998).
Criado em 2018 para divulgar, com os mais elevados padrões de exigência, as obras mais significativas do grande repertório da música de câmara, a par da mais recente criação musical, o ars ad hoc depressa se assumiu como um dos projectos artisticamente mais relevantes que a Arte no Tempo tem vindo a desenvolver. O surgimento de uma pandemia a meio da segunda temporada do agrupamento teve um efeito negativo no percurso deste projecto que dava ainda os primeiros passos, mas espera-se que o impulso dado pelo programa Garantir Cultura, que apoiou a realização do documentário e a encomenda e publicação de uma partitura de Luís Neto da Costa (1993) para o ars ad hoc, venha a colher os devidos frutos na sua divulgação junto do público e de programadores.