A aventura começou em 1989. Já lá vão 30 anos e José de Oliveira nunca mais parou de aplicar a sua criatividade e veia artística nos painéis de moliceiros. Esses mesmos barcos que se habituou a tratar por tu desde pequeno, ou não fosse ele natural da Murtosa. Uma forma de arte que está agora reunida num livro, intitulado “Memórias – 30 anos a pintar a Ria” e que é lançado esta sexta-feira.
A obra, editada pelo município da Murtosa, pretende homenagear os 30 anos de carreira do artista plástico que nas embarcações tradicionais assina com o nome Zé Manuel. Coordenado pela investigadora Etelvina Almeida, o livro reúne “o extraordinário espólio documental detido pelo mestre José de Oliveira que, desde 1989, registou em fotografia mais de 600 painéis de barcos moliceiros por si pintados”, realça a autarquia, em comunicado.
O artista plástico, que iniciou a sua atividade profissional nos “Estaleiros Navais de S. Jacinto”, em Aveiro, como traçador planificador, dedicou-se em exclusivo às artes plásticas a partir de 1995, após frequentar alguns cursos de desenho e pintura.
Foi convidado para fazer vários trabalhos de restauro de arte sacra para a diocese de Aveiro, e igualmente a fazer-se representar com trabalhos de pintura para a Expo’98, tendo ainda criado, na área da heráldica, o brasão da junta de freguesia de S. Jacinto.
São de sua autoria os painéis, em azulejo, do Fontanário do Outeiro da Maceda, na Murtosa, da Arte Xávega, no Largo da Varina, na Torreira, e do salão nobre dos Bombeiros Voluntários da Murtosa.
Ao longo dos últimos anos tem vindo a desenvolver trabalhos na área da escultura, sendo a obra mais recente, a escultura “A Garça-Vermelha”, obra encomendada pela câmara municipal de Estarreja para assinalar o encontro internacional “Observaria 2014”.
Quase 50 exposições individuais
Do currículo de José de Oliveira constam vários prémios em concursos de pintura e escultura, somando 48 exposições individuais de pintura e 39 coletivas. Está representado em várias coleções dispersas por Portugal e diversos países do mundo.
Desde 1989 que é, então, responsável pela pintura da maioria dos painéis de barcos moliceiros existentes na Ria de Aveiro. “Nos painéis que pintou, o artista foi expressando as suas vivências pessoais e das gentes da beira-ria, assim como o seu conhecimento sobre o meio envolvente, cultural e social e, ainda, trazendo à luz memórias e estórias contadas, em modo “brejeiro”, e de forma desprendida pelos donos dos barcos moliceiros, em época de amanhação, pintura e decoração”, avalia a investigadora Etelvina Almeida.
O livro é lançado esta sexta-feira