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Jorge Louraço aposta num 23 Milhas com cada vez mais criação

Artes

Nasceu e cresceu na Nazaré, terra que comunga com Ílhavo a forte ligação ao mar, e ainda chegou a equacionar seguir uma carreira na área da comunicação social. O teatro, e o mundo das artes em geral, acabou por prevalecer num percurso que começou a ganhar contornos mais definidos em Braga, mais concretamente na Universidade do Minho, onde viria a licenciar-se em Relações Internacionais, Culturais e Políticas. Estava aberta a porta para seguir os estudos, primeiro, no mestrado (ISCTE-IUL) e, depois, no doutoramento (Universidade de Coimbra), mas sempre com um pé no palco e uma mão na escrita. Aos 49 anos, Jorge Louraço Figueira acaba de assumir o leme do 23 Milhas, projeto cultural do município de Ílhavo.

O gosto pela escrita vem de longe, influenciado pelo pai, e também pelo avô, que dedicaram parte da sua vida a escrever para o extinto Comércio do Porto. “Havia sempre jornais em casa”, conta, antes de desvendar que estagiou no Diário de Notícias e tirou o curso do CENJOR (Centro de Formação Profissional de Jornalistas). Não seguiu em frente com o jornalismo, mas manteve uma forte ligação à comunicação social - Jorge Louraço foi crítico de teatro do jornal Público.

Tão ou ainda mais antiga do que a sua paixão pela escrita é a sua ligação ao teatro. “Começou na escola, bem miúdo”, relata, a propósito de uma relação que viria a tornar-se bem séria quando entrou na universidade. “Inscrevi-me no curso do Teatro Universitário do Minho e, logo no meu primeiro ano, estreei numa peça dirigida pelo Rogério de Carvalho”, conta. Estavam lançadas as sementes para uma carreira profícua na área do teatro e que ganhou um grande impulso quando fez a Oficina de Escrita Teatral de António Mercado, no Teatro Nacional São João. Escreveu peças como “As Sete Vidas da Argila”, “À Espera de Beckett”, “Xmas qd Kiseres” e “O Espantalho Teso”, entre outras, e também é docente na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE).

A este vasto currículo, Jorge Louraço (foi assim que começou a apresentar-se no mundo artístico, deixando cair o seu último nome, Figueira) decidiu acrescentar uma nova experiência, assumindo o cargo de diretor artístico do 23 Milhas - sucede a Luís Ferreira. Poucos dias depois de ter iniciado funções, Jorge Louraço esteve à conversa com a Aveiro Mag e falou sobre as suas apostas para a rede de equipamentos culturais do município de Ílhavo.

Já sabemos que foi escolhido para a direção do 23 Milhas na sequência de um concurso. Mas como é que surge este seu interesse no projeto cultural ilhavense?

Desde que o 23 Milhas apareceu que eu fiquei muito surpreendido, porque era um projeto cultural diferente. E a ambição de integração do território chamou-me muito à atenção. Apesar de não estar presente, estava a par do projeto e quando soube do concurso, decidi avançar. O que eu tinha previsto era escrever e encenar, mas a ideia de vir para cá agradou-me muito. Gosto muito da Ria e do Vouga, tenho alguns amigos aqui e gosto desta zona.

O que podemos esperar do novo diretor do 23 Milhas? Um trabalho de continuidade ou uma aposta diferente?

Acho que se pode aumentar a participação das pessoas, enquanto público e também como artistas. O 23 Milhas como estaleiro, oficina ou atelier, é algo que eu gostaria de desenvolver ainda mais. Já o é, mas gostava que fosse mais. Gosto da ideia de esta rede de centros culturais ser habitada como atelier, como oficina, e não apenas como montra. Os processos podem ser mais abertos e participados.

Do que me é dado a conhecer, acho que há muito caminho para aumentar a participação das pessoas além da lógica do evento e da “festivalização”. Diria que é preciso ter eventos mais duradouros, processos mais longos.

Tem já algo em mente?

Seria interessante, por exemplo, que os artistas pudessem ficar uma temporada maior quando trazem cá um espetáculo. Em vez de um, podiam trazer dois espetáculos e ficavam mais tempo, tirando partido das instalações, uma vez que na Fábrica há quatro quartos, que dá para terem 18 pessoas.

Também acho que o Cais Criativo pode ter mais utilização em agosto e no verão em geral, independentemente de outros festivais que estejam a acontecer no município. E imagino o 23 Milhas a ter uma programação mais internacional, com mais espetáculos de música do mundo, mais teatro de outros lugares. Não sei se isto é viável, mas parece-me interessante. Ílhavo tem uma lógica bairrista, como tantas outras terras, mas é um concelho mundial e cosmopolita. Há peças da Vista Alegre no mundo inteiro e há também a rede que tem mais a ver com memória e está relacionada com a pesca do bacalhau. Os circuitos dos bacalhoeiros também dão um carácter mundial ao município.

Tudo isso com o envolvimento da comunidade...

Sim. Fala-se muito no “nós e a comunidade”, mas a verdade é que nós já estamos na comunidade e não pode haver essa separação.

Eventos como o Festival Rádio Faneca, a Milha ou o Leme são para continuar?

São todos para continuar. Se calhar, podemos expandir o Milha, com mais eventos ao longo do ano. Talvez se concentre menos e passem a tornar-se mais linhas de programação do que propriamente só festivais concentrados.

Outra ideia passa por levar os espetáculos que são aqui criados a outras salas de espetáculo do país, colocá-los a circular.

Aveiro está na corrida a Capital Europeia da Cultura, numa candidatura que é apresentada como sendo algo à escala regional. A ser a vencedora, o 23 Milhas vai ganhar com isso também?

Vai. E o exemplo é o facto de Ílhavo ter duas centralidades como a Vista Alegre e a marinharia dos bacalhoeiros. Mostra que um concelho pequeno pode liderar e fazer a diferença. Mas, mais uma vez, é muito importante que o 23 Milhas seja mais um lugar de criação e do que um lugar de apresentação.

Estamos a falar de criações em que áreas artísticas?

Artes cénicas em geral, a música também é muito importante, mas o grande critério será a participação e a oficina. Portanto, criar uma espécie de viveiro. E eu gostava que a programação não apresentasse só o resultado final, mas também todas as etapas do processo, ensaios, construção de instrumentos, etc. Quero que haja mais contextos informais de criação artística.

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