Um projeto de um ano, mas cuja influência “não terá prazo para terminar”, garantiu ontem Ribau Esteves na apresentação do pré-programa do projeto Aveiro, Capital Portuguesa da Cultura de 2024. O momento esteve associado à inauguração da exposição I ? AVEIRO, no Museu de Aveiro/Santa Joana.
Apesar de a apresentação do programa definitivo só estar prevista para os meses de setembro ou outubro, o presidente da câmara avançou que a programação de Aveiro 2024 será estruturada em quatro momentos distintos, cada um dedicado a um tema diferente. Num ano de “infinitas possibilidades” vai celebrar-se a relação da cultura com a identidade, a democracia, a sustentabilidade e a tecnologia.
De janeiro a março, a programação refletirá a relação da cultura com a identidade. A escolha advém do conjunto de datas e eventos que celebram Aveiro neste trimestre e que servem de ponto de partida para uma reflexão mais ampla em torno da ideia de identidade e como esta define o sentido de pertença. Refira-se, a título de exemplo, a Festa de São Gonçalinho. Segundo o autarca, a programação da Capital Europeia da Cultura começa “no primeiro segundo de 2024, ao receber o Ano Novo, ainda que a sessão protocolar de abertura só aconteça a dia 26 de janeiro, em memória da primeira referência documental à existência de Aveiro, no testamento da Condessa Mumadona Dias, do ano 959. Sendo o segundo trimestre, de abril a junho, aquele em que se celebram datas como os 50 anos do 25 de abril e o Dia de Portugal, de Camões e das comunidades portuguesas, a democracia será o eixo para as atividades programadas. Numa terceira etapa, de julho a setembro – a época do ano que convida a uma maior fruição do espaço público e de atividades ao ar livre –, o foco estará sobre a relação da cultura com a sustentabilidade, celebrando o equilíbrio entre a existência humana e o planeta. Nesta fase do ano, a grande referência é o Festival dos Canais para o qual Ribau promete um “upgrade importante” no próximo ano. No último trimestre do ano, de outubro a dezembro, a programação cultural andará na órbita da tecnologia, celebrando a forte ligação de Aveiro à inovação e experimentação, sem esquecer os eventos habituais nesta fase do calendário, nomeadamente, o Aveiro Tech Week.
Sem querer avançar informações quanto aos custos previstos com toda esta operação, Ribau Esteves foi contundente: “Não vamos falar de dinheiro. Seria um completíssimo absurdo dizer qual o orçamento que temos. É de tal forma grande o número desta conta que ninguém o ia levar a sério. E não queremos perder um único segundo a fazer contas. Queremos usar todos os segundos para contar os milhares de histórias que a nossa gente foi acumulando ao longo do tempo”, esclareceu o edil.
No entender de José Pina, diretor do Teatro Aveirense e assessor do presidente da câmara para a área da Cultura, a Capital Portuguesa da Cultura em 2024 vai conseguir afirmar Aveiro como “lugar de referência no mapa da cultura”. Para isto, o primeiro objetivo passa por “apoiar a criação”, através de encomendas, coproduções e cocriações, bem como open calls para o desenvolvimento de projetos de maior dimensão. O Município compromete-se a contribuir para a capacitação e qualificação do setor, nomeadamente, dando palco às criações que valorizem o património aveirense e tragam novos olhares sobre o território. Acrescente-se que, deste apoio à produção e criação artística local, fazem parte, igualmente, os previstos incentivos à sua internacionalização.
Outro dos objetivos fundadores de Aveiro 2024 é “promover a participação”, gerando oportunidades de envolvimento da comunidade em processos de criação e potenciando a acessibilidade da população à cultura, independentemente da faixa etária. Para isto ser possível, explica José Pina, será importante “fortalecer a relação com a comunidade escolar”, “descentralizar a oferta cultural pelas diferentes freguesias” e desenvolver “um programa estruturado para fruição em família”.
“Dinamizar redes de colaboração” – em Portugal e no estrangeiro, especialmente, com o envolvimento das cidades geminadas com Aveiro, os países da lusofonia e a diáspora aveirense pelo mundo – e “reforçar a rede de infraestruturas” – com a transformação do edifício da antiga biblioteca municipal em museu da Bienal de Cerâmica Artística, a transformação do antigo colégio Alberto Souto numa academia de criatividade artística, o aproveitamento da Quinta da Costa, em Requeixo, para o Museu da Terra, a conclusão da requalificação do Largo do Rossio, entre outras intervenções – são outros dos objetivos apontados nesta primeira apresentação da Capital Portuguesa da Cultura de 2024.
Recorde-se que a atribuição do título de Capital Portuguesa da Cultura resultou de uma opção do governo português que visa premiar o processo de trabalho realizado pelas três cidades portuguesas que passaram à fase final da candidatura a Capital Europeia da Cultura em 2027, aproveitando a estratégia cultural desenvolvida neste processo e criando condições para a sua implementação.
Aveiro será a primeira cidade Capital Portuguesa da Cultura. Segue-se Braga, em 2025, e Ponta Delgada, em 2026. Depois de, em 2027, Évora celebrar a sua condição de Capital Europeia da Cultura, o processo de candidatura e seleção deve retomar, de forma que, em 2028, outra cidade portuguesa possa conquistar o título de Capital Portuguesa da Cultura.