No dia em que se assinala o nascimento do compositor Bernardo Sasseti (24/06/1970 – 10/05/2012), o Centro de Arte de Ovar acolhe, pelas 21h30, o cine-concerto “Maria do Mar”, um filme mudo, realizado em 1930 por Leitão de Barros, com música original de Bernardo Sassetti.
Um espetáculo apresentado pela Orquestra Filarmonia das Beiras que tem como convidados Pedro Burmester, ao piano, Filipa Pais, na voz, e na direção o maestro Vasco Pearce de Azevedo.
O filme “Maria do Mar” é, para muitos, a obra-prima do cinema mudo português, estando representado nas cinematecas de Londres, Nova Iorque, Moscovo e Tóquio. Recentemente restaurado pela Cinemateca Portuguesa e solenemente exibido em Paris, em setembro de 1998, “Maria do Mar” surpreende pela força com que é contado o quotidiano dos moradores da Nazaré.
Rodado na Praia da Nazaré, este filme aborda as dificuldades da vida da comunidade piscatória, narrando a história de amor entre dois jovens cujas famílias tinham quebrado relações na sequência dum naufrágio: na praia da Nazaré, o arraias (patrão de um barco) Falacha comete um erro que leva à morte de alguns dos seus conterrâneos. O marido da tia Aurélia é uma das vítimas e ela nunca perdoará o erro à família do arrais. Perseguido pela desgraça, Falacha suicida-se. Mais tarde, Maria, a sua filha, é salva de morrer afogada por Manuel, filho da tia Aurélia.
O recurso ao grande plano, o desenho sensual dos corpos em contraste com a fúria dos elementos e a convincente combinação da atuação de atores profissionais, de amadores e de gente anónima dão a “Maria do Mar” uma frescura que permite encontrar no filme elementos dum modernismo que permanece no tempo.