Nasceu em Aveiro, na freguesia da Vera Cruz, há 24 anos, e despertou para a música logo “aos quatro, cinco anos”. Estava a assistir a uma atuação da irmã, que tocava órgão na Tuna de Santa Joana, e foi surpreendido com “um trio de flautas”. “Nunca mais me esqueci daquele momento, fiquei completamente apaixonado”, recorda o flautista aveirense. Aos seis anos, iniciou a aprendizagem de música, ainda longe de imaginar que iria fazer carreira como flautista e chegar a um patamar aonde muito poucos chegam: Ricardo Carvalho acaba de ser galardoado com o 1º prémio, em flauta, no Prémio Jovens Músicos 2023.
Depois da iniciação feita na Tuna de Santa Joana, e à semelhança do que aconteceu com a irmã, acabou por ingressar no Conservatório de Música de Aveiro. “Fui aos nove anos para o conservatório e acabei por fazer ensino articulado”, conta o jovem músico que sonhou sempre com uma carreira no mundo das artes. “Sempre gostei muito de desenhar, pintar, teatro, tudo o que envolvesse expressão artística. Sabia que era por esse caminho que queria seguir”, desvenda, em conversa com a Aveiro Mag.
Teve a grande vantagem de os pais o terem apoiado sempre na ideia de “fazer aquilo que realmente queria”, reconhece, consciente da apreensão que uma decisão destas pode suscitar. “Acho que me assustava mais a mim, essa incerteza de uma carreira na área artística”, refere.
Cursos superiores em França e na Suíça
Concluído o ensino secundário, aos 18 anos Ricardo Carvalho deixa a cidade de Aveiro para ingressar no Conservatoire National Supe?rieur de Musique et Danse de Lyon, em França, onde concluiu a licenciatura, em 2020.
Seguiu-se o mestrado no Suíça, mais concretamente na Haute École de Musique de Lausanne. “Sempre tive a ideia de sair para outros países com mais influência da música erudita, absorver o máximo que pudesse, para depois trazer para Portugal todos esses ensinamentos”, fundamenta o jovem músico. Dito e feito. Em 2022, regressou ao seu país e à sua cidade natal.
Neste momento, Ricardo Carvalho é flautista do ars ad hoc, agrupamento da Arte no Tempo, e vai tocando também com orquestras e ensembles sempre que essas oportunidades surgem. Dos planos faz ainda parte o objetivo de vir a dar aulas de flauta, na perspetiva de partilhar com outras pessoas o que foi apreendendo por essa Europa fora.
Por enquanto, ainda é tempo de celebrar a conquista do Prémio Jovens Músicos 2023 - a competição aconteceu no final de julho e resultou de uma parceria entre a Antena 2/RTP, o Município de Loulé, a Casa da Música do Porto, a Fundação Calouste Gulbenkian e o anfitrião, o Conservatório de Música de Loulé.
Quando decidiu inscrever-se, Ricardo Carvalho já estava focado na vitória. “Não vale a pena estar numa coisa em que não importa ganhar ou não ganhar. Isso não me vai dar a mesma motivação do que se for algo que eu quero mesmo muito”, confessa.
Com todo este percurso académico e toda esta dedicação à música, é caso para perguntar quando e como é que Ricardo Carvalho consegue viver as aventuras normais para um jovem de 24 anos? “Esta vida obriga a muitas escolhas, mas sempre gostei muito de me dedicar ao instrumento e à música. Faço aquilo de que gosto”, assevera. Grande é também o seu amor a Aveiro, a sua terra natal. “Por ser a cidade onde cresci. Sinto uma ligação muito forte à minha cidade”, declara o jovem músico que gostava de, um dia, poder dar um concerto no Salão Nobre do Teatro Aveirense.
* Créditos das fotos: Graça Bilelo