Centelha, lampejo, brilho. São estas algumas das traduções possíveis da palavra inglesa glimmer, com a qual Rui Horta e os Micro Audio Waves batizaram o seu mais recente espetáculo, e que estreia esta sexta e sábado no Teatro Aveirense. Porque, no fundo, é isso que o espetáculo quer ser: “uma espécie de pirilampo no escuro que nos faz sonhar e nos desperta”, destaca o coreógrafo Rui Horta, lembrando que o quão importante é, nos dias de hoje, termos essa capacidade de acreditar no futuro. Muito embora vivamos “um tempo suspenso”, em que “estamos à espera da pior notícia quando abrimos o jornal de manhã ou ligamos a TV ou rádio”, é preciso não perder a esperança, defende.
O desafio para criar este novo espetáculo partiu dos Micro Audio Waves, mais concretamente da Cláudia Ribeiro (Cláudia Efe). “Ela desafiou-me a voltar a encenar uma peça, que é o novo álbum dos Micro Audio Waves”, conta, lembrando que já haviam trabalhado juntos em 2010. Nessa altura, o coreógrafo e a banda portuguesa levaram a vários pontos do país, Aveiro incluído, a produção Zoetrope.
Tal como nesse primeiro espetáulo, também em Glimmer o tema central é o futuro. Muitas das ferramentas que há 14 anos, na estreia de Zoetrope, eram experimentais, são agora mainstream e as perguntas são hoje sobre os limites da inteligência artificial, do machine learning e do bigdata, tendo como pano de fundo os conflitos bélicos e climáticos – e o que tudo isto fará ao pensamento e ao encontro entre pessoas.