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Aveiro tornou-se uma galeria imprevisível de arte urbana

Roteiro

Aveiro, cidade dos canais, do sal, dos moliceiros e...da arte urbana. De forma imprevisível, sem que nenhum festival o tivesse potenciado – como aconteceu em Águeda ou em Estarreja –, Aveiro tem vindo a transformar-se numa galeria de arte a céu aberto. As obras foram nascendo de forma espontânea, alavancadas pela rebeldia dos seus autores. E fazem as delícias de quem passeia pela cidade, fotografando-as ou fotografando-se junto delas. Depois, as imagens correm mundo e são partilhadas vezes sem conta, na Internet. A Aveiro Mag fez um roteiro dos murais que mais dão nas vistas. E falou com uma das principais “culpadas” pelo fenómeno: Dalila Monteiro (ou, como assina, Zooter).

“Eu pinto na rua para as pessoas. Se não fosse para as pessoas, pintava em casa, nos cadernos. Quero que os meus desenhos façam alguma diferença no sítio onde os pinto”, conta Dalila (retratada na foto em cima por Bernardo Conde/Humans of Aveiro). É ela uma das autoras de um dos murais que, nem há um ano, fez a arte urbana fundir-se com a história aveirense.

Numa parede do canal de São Roque, de forma “completamente ilegal”, Zooter e Ratu (assinatura artística de Artur Lobo) arriscaram e deram cor e forma a uma salineira e a um marnoto, símbolos da cidade. E a imagem tornou-se, também ela, uma marca. “Sabíamos que, para termos alguma aceitação, tínhamos que ir pelas tradições. Pelo 'aveirinho', como eu lhe chamo”, explica a jovem “graffiter”.

A Praça do Peixe, mais propriamente a Rua dos Marnotos, é uma das montras de “street art”. Lá, encontramos desenhos da autoria do pintor mexicano Valinãs, de Fábio Carneiro – com um mural também cheio de símbolos aveirenses, mas que já está parcialmente destruído, à conta de uma demolição –, de Ratu e, novamente, de Zooter. “À conta desse desenho, que fiz uns dias depois do tal da salineira e do marnoto, que foi capa de jornal, fui autuada pela Polícia Municipal. Tinha pedido autorização à dona da casa, mas não sabia que, pelos vistos, também tinha que ter autorização da Câmara”, recorda Dalila.

O certo é que, prova de que “a cidade está cada vez mais aberta a este tipo de arte”, a intervenção da Polícia Municipal indignou os proprietários e clientes de um bar e, sem a jovem contar, “criou-se uma onda de apoio e até já queriam organizar uma angariação de fundos para pagar a multa, que acabou por nunca chegar”.

Mural do mexicano Miguel Valinãs, Rua dos Marnotos
Boneca pintada por Ratu, Rua dos Marnotos
Mural da autoria de Zooter, Rua dos Marnotos

Homenagem a Atita foi a primeira obra cobiçada

Passear pela cidade sem encontrar desenhos coloridos aqui e ali é cada vez mais difícil. O Arco do Comércio, por exemplo, foi pintado por Kest. E, nas traseiras do Fórum Aveiro, há mais obras para contemplar. Uma delas, debaixo da ponte que atravessa o canal, na Rua Carlos Aleluia, tornou-se uma das mais acarinhadas pelo público, por se tratar de uma homenagem a Atita, personalidade aveirense que tinha como apelido “Tubarão dos Mares”. Da autoria de Fábio Carneiro, o mural começou por servir para tapar uma obra que estava a decorrer na Praça do Peixe e, entretanto, foi movido para ali, bem aos olhos de quem faz um passeio de moliceiro. Foi, talvez, o primeiro mural de “street art” a ter aceitação na cidade.

Ali perto, na descida da Rua Carlos Aleluia, encontramos mais trabalhos artísticos. Há um mural, da autoria de vários artistas, e um desenho do “Menino da Lágrima”, feito por Lucky Hell. Mais acima, na rua ao lado da Sé, existe uma das obras mais recentes. Que é também uma das maiores. Trata-se de um painel encomendado a Zooter e a Ratu, pela Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), aquando dos seus 40 anos, que espelha muitas das vivências dos estudantes na cidade.

Já junto à Estação da CP, na Rua Dr.Arlindo Vicente, pode-se contemplar uma obra de Vhils e outra de António Conceição, um pintor cabo verdiano, residente em Vagos.

Pintura no Arco do comércio, da autoria de Kest
Pintura de Lucky Hell, na descida da rua Carlos Aleluia
Mural de celebração dos 40 anos da AAUAv, por Ratu e Zooter, no viaduto ao lado da Sé de Aveiro
Pintura de António Conceição

Instituições e empresas rendidas

Muitas das obras estão na rua graças à rebeldia dos seus autores, que utilizam paredes vazias, em locais de destaque, como montra do seu trabalho. Mas o certo é que também já existem muitos murais de arte urbana feitos a título profissional, à semelhança do mural encomendado pela AAUAv.

Na Rua Gustavo Ferreira Pinto Basto, uma ecografia em tamanho gigante, da autoria do artista The Empty Belly, deu uma nova vida a uma das paredes da Escola Básica do 1.º Ciclo da Glória. O trabalho foi elaborado no âmbito da campanha “Conquista o Sonho”, por alturas do último Mundial de futebol, através de uma parceria entre a Câmara Municipal de Aveiro e a Federação Portuguesa de Futebol. Já no outro lado da cidade, nas Barrocas, a fachada do armazém do Banco Alimentar Contra a Fome está a ser pintada, com figuras típicas aveirenses, por Zooter e por Ratu.

Os exemplos somam-se. Não só nas fachadas, como também no interior. O restaurante “Armazém da Alfândega” tem murais da autoria de Fábio Carneiro. E Zooter executou trabalhos na loja de brigadeiros “Santo Joaquim” e no bar “Jukebox”. Afinal, arriscar na rua deu frutos, pois os contactos profissionais surgiram depois da exposição que teve com o mural da salineira e do marnoto. E o certo é que a artista, natural de Amarante mas a viver em Aveiro há nove anos, deixou o emprego numa empresa de serigrafia para tentar dedicar-se, a cem por cento, à sua arte.

Sem ter terminado o curso superior de Tecnologia e Design de Produto, por “desmotivação”, Dalila Monteiro percebeu que podia tentar viver daquilo que mais gosta de fazer: desenhar. “Foi um ano inteiro a trabalhar para que o meu trabalho fosse reconhecível. Para que as pessoas o distinguissem, no meio de milhares que fazem o mesmo que eu”, sublinha. Zooter não pinta só murais. Faz também trabalhos de design gráfico e de ilustração. Mas é a pintar na rua que tem mais prazer. Afinal, a céu aberto, confessa, “é tudo uma luta de egos”.

Mural de The Empty Belly - Rua Gustavo Ferreira Pinto Basto
Fachada do armazém do Banco Português Contra a Fome
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