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“A melhor maneira de nos ajudarem, é protegerem-se”

Saúde

Por trás de todo o equipamento de proteção está uma mulher igual a tantas outras. Mãe, esposa e, também, uma profissional dedicada. Mais um rosto, mais um corpo que, diariamente, está na linha da frente. Como ela própria costuma dizer, faz parte desse grupo que, dia após dia, atravessa essa linha, prestando cuidados na área de doentes Covid-19. Helena Russo, de 45 anos, natural da Gafanha da Nazaré, é enfermeira no Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV), e já por duas vezes bateu de frente com o SARS-CoV-2. Foi um dos alvos das palmas que, tão entusiasticamente, batemos em março; hoje, é uma das que mais sentem na pele os efeitos do exponencial aumento de infetados com Covid-19 no nosso país e na nossa região em particular.

Helena Russo aceitou conversar com a Aveiro Mag na esperança de que o seu relato se transforme numa mensagem de sensibilização. Sem alarmismo, nem histerismo, falou, na primeira pessoa, sobre os medos e as dores de quem está a cuidar daqueles que inspiram maiores cuidados. E, fundamentalmente, da força e determinação que vão empenhando num combate que já fez demasiadas vítimas.

A trabalhar no Hospital de Aveiro há vários anos – como ela própria diz, é do tempo “em que os enfermeiros podiam ficar a trabalhar onde quisessem” -, mais concretamente no serviço de Pneumologia e Infeciologia, Helena Russo está, desde a primeira hora, “na boca do lobo”. “As primeiras vezes, chegava a sentir o coração a acelerar, sentia que era o entrar no desconhecido; agora, já vamos tendo mais informação sobre o vírus”, declara.

Helena Russo já esteve infetada por duas vezes, em março e em dezembro. “Na primeira vez, fui rastreada depois de um contacto de risco com uma interna de pneumologia e estive praticamente assintomática. Em dezembro, começaram a aparecer casos no serviço, marcou-se um rastreio e eu fui, novamente, uma das infelizes contempladas”, testemunha. Nesta segunda vez, começou por sentir uma ligeira dor de garganta, evoluindo, depois, “para outros sintomas, síndrome gripal, algumas dores musculares e, mais tarde, perda do paladar e do olfato”.

O contágio, tem a certeza, aconteceu sempre em contexto profissional. A nível familiar, felizmente, tem conseguido manter os seus a salvo – tem marido e duas filhas -, com alguma dor à mistura. Helena Russo não esquece o dia em que teimou em deixar o seu lugar vago em casa dos pais. Foi a 6 de dezembro, dia em que os pais celebraram o 50º aniversário de casamento. “Depois da cerimónia religiosa, não cedi e levei a minha comida para casa”, relata, a propósito de uma tomada de posição que a levou a sentir-se mal consigo própria. “Quase que me achei a pior filha do mundo”, recorda. Cinco dias depois, foi confrontada com um teste positivo. “Ainda bem que não fiquei a almoçar com eles”, repara.

Confinamento em vez de palmas

Há quase um ano a combater a Covid-19, Helena Russo pergunta-se muitas vezes o que será de si, e de tantos outros profissionais de saúde, no final deste combate. “Isto marca muito e nós não temos um botão para ligar e desligar”, desabafa. “Vemos ali famílias inteiras, alguém que está a morrer com o filho ao lado, noutro ou no mesmo serviço”, exemplifica.

O facto de conviver muito de perto com esta dura realidade dá-lhe vontade de falar um pouco mais alto de cada vez que vê alguém sem máscara na rua. Mais grave ainda é quando ouve alguém dizer que não consegue andar de máscara. “Por causa destas pessoas que andam sem máscara é que nós temos de andar três, quatro ou cinco horas, metidos dentro de um fato completo, a escorrer água por todo o lado, com vontade de beber água, sem poder urinar…”, revolta-se. “Há uns dias, andei duas horas com uma pestana no olho, sem poder coçar, sem poder fazer nada”, exemplifica.

Aos que vão afirmando que isto é só mais uma gripe, esta enfermeira do CHBV responde com a sua experiência de quase 25 anos. “Nunca vivi uma coisa destas, com este número de doentes. No serviço de Pneumologia já via muito tipo de pneumonias, algumas delas bem graves, mas nunca vi isto”, afiança, deixando uma mensagem final, em jeito de alerta: “as pessoas têm que prevenir-se”. “A melhor maneira de nos ajudarem, é protegerem-se”, exorta.

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