“Ilhas da Ria”: a história e as memórias de um património em risco

ilhas da Ria

 

 

Situadas na parte central da laguna, entre Cacia, Murtosa e São Jacinto, as ilhas da Ria de Aveiro já foram terra que deu de tudo: milho, feijão, batata, melancia, vinho e até sal. Unidas pela água, foram local de excelência para a criação de gado, sendo que algumas delas chegaram a ser habitadas e a ter vida própria.

 

Hoje, no entanto, as ilhas aveirenses não são mais do que pequenos pedaços de terra votados ao abandono. Da vivência que marcou várias gerações, apenas restam algumas ruínas para ajudar a contar a história.

 

Foi através dos relatos e das memórias de quem protagonizou ou testemunhou os tempos em que aqueles territórios eram pequenas estâncias de veraneio, para uns, e campos de trabalho árduo, para outros, que a jornalista Maria José Santana, diretora da Aveiro Mag, partiu à descoberta do passado das ilhas da Ria de Aveiro, resgatando lembranças dos tempos áureos que antecederam o seu abandono. Uma viagem pelo coração da laguna, agora registada no livro “Ilhas da Ria”.

 

A obra, publicada através da Fundação Francisco Manuel dos Santos e à venda nas lojas virtuais daquela instituição, é, no entender de Paulo Ramalheira, “um livro que se lê de um só fôlego”. “Vê-se que foi escrito por uma jornalista. Assume-se quase como uma grande reportagem, com uma linguagem direta, sem rodeios, objetiva, e retrata uma realidade para muitos de nós desconhecida. Eu próprio, que sou um frequentador e um apaixonado pela nossa Ria, desconhecia alguns pormenores que a Maria José ali relata de uma forma muito viva e que nos fica gravada na memória”, reconhece o presidente do MARIA – Movimento dos Amigos da Ria de Aveiro.

 

O livro termina com um alerta: as ilhas da Ria correm o risco de desaparecer. “Terão as ilhas da Ria de Aveiro futuro?” é a pergunta que dá o mote para uma conversa entre a autora e Paulo Ramalheira, moderada pela jornalista Ana Carrilho, que terá lugar no próximo sábado, dia 28 de agosto, às 18h, no auditório sul da Feira do Livro de Lisboa, onde decorrerá a apresentação da obra. Para o dirigente do MARIA, a solução para o futuro daquele arquipélago pode passar por “deixar alguns espaços em ambiente selvagem”, para que, intocáveis, continuem a constituir “um santuário de biodiversidade, sem intervenção humana” e, em simultâneo, aproveitar outras ilhas, “aquelas que já têm uma dimensão significativa”, para encontrar soluções de ocupação humana sustentável.

 

“Algumas daquelas ilhas têm um potencial enorme para acolher projetos de turismo de natureza sustentáveis e de qualidade. Há exemplos de recuperações de ilhas semelhantes a estas um pouco pela Europa fora – há alguns casos de sucesso perto de Helsínquia, na Finlândia, por exemplo – e estou convencido que, com o passar dos tempos, [as ilhas da Ria de Aveiro] vão despertar o interesse de entidades e empresários interessados em desenvolver esse tipo de investimentos e atividades”, antecipa.

 

“Ilhas da Ria” é o segundo livro de Maria José Santana. Em 2014, a jornalista havia lançado “Até que o mar nos separe”, um romance inspirado na ligação do seu município (Ílhavo) à pesca do bacalhau.

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