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O fim do Sexta às 9 dá que pensar

Opinião

Luís Miguel Loureiro*

“O jornalista deve lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar. É obrigação do jornalista divulgar as ofensas a estes direitos.”

(Código Deontológico dos Jornalistas, artigo 3)

Todos sabemos o que é a televisão: uma das máquinas mais poderosas de aparelhamento e agenciamento da emoção. Podemos até debater o conteúdo informativo da emoção mas, hoje, no dia em que as emoções percorrem a pele à velocidade da luz, especialmente quando se ganha consciência de que, na passada sexta-feira, foi o último Sexta às 9, é de conteúdo que quero falar.

Porque o Sexta às 9 foi sempre conteúdo. Dez anos de conteúdo. Eu sei. É mais fácil debater a forma. É mais fácil bater na forma. Mas, agora, é com o conteúdo que vamos ficar.

É como a vida de cada um de nós. O corpo sem a alma de nada serve, podemos desfazer-nos dele dando-lhe porventura um enterro digno, mas é a vida que nele viveu que fica. Somos conteúdo por mais que andemos distraídos com a forma.

Na última sexta-feira, a equipa mais corajosa, solidária e unida em que tive o privilégio de trabalhar preparou um conteúdo irrepreensível para se despedir. Quis propor-nos, a todas e a todos, um olhar: por-nos a reflectir o estado da nossa democracia. Fê-lo de forma profunda, instigante, exigente.

Mas, ao questionar a democracia, o último Sexta às 9 causou-nos também um subtil sobressalto: como pode a democracia estar bem se o jornalismo está como está?

O desconhecimento atroz que os jornalistas têm relativamente ao exercício dos mecanismos mais básicos de que dispõem, de escrutínio e vigilância dos poderes, foi, para mim, a revelação mais chocante.

Não é que não soubesse. Sete anos de Sexta às 9 mostraram-me todo o caminho que me faltava ainda percorrer. O choque é o de perceber a dimensão.

Para mim, a imagem que fica como conteúdo do último Sexta às 9 é a da mais absoluta solidão a que está votado um organismo chamado Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos que só de quando em vez, e quase sempre pelos mesmos, é incomodado no seu remanso por um intrépido ou uma intrépida jornalista, uma Felgueiras ou um Cerejo desta vida, queixando-se de que, mais uma vez, um órgão público e do poder político não prestou a informação que está, por lei, obrigado a prestar.

Aos jornalistas e, por maioria de razão, a todos nós.

O fim do Sexta às 9 dá que pensar. Como o próprio Sexta às 9 sempre deu.

* Professor universitário e ex-jornalista
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