AveiroMag AveiroMag

Magazine online generalista e de âmbito regional. A Aveiro Mag aposta em conteúdos relacionados com factos e figuras de Aveiro. Feita por, e para, aveirenses, esta é uma revista que está sempre atenta ao pulsar da região!

Aveiro Mag®

Faça parte deste projeto e anuncie aqui!

Pretendemos associar-nos a marcas que se revejam na nossa ambição e pretendam ser melhores, assim como nós. Anuncie connosco.

Como anunciar

Aveiro Mag®

Avenida Dr. Lourenço Peixinho, n.º 49, 1.º Direito, Fracção J.

3800-164 Aveiro

geral@aveiromag.pt
Aveiromag

Ondas de calor em Portugal

Opinião

Susana Vaz*

O IPMA, Instituto do Mar e da Atmosfera, prevê para os próximos dias um aumento da temperatura do ar com persistência de valores elevados da temperatura máxima para algumas regiões, em especial para os dias 23 e 24 de junho. Este aumento de temperatura resulta de o anticiclone dos Açores, normalmente centrado no arquipélago, se ter estendido sobre a Península Ibérica, que originará uma circulação de ar quente de leste, resultando num aumento da temperatura e possível onda de calor.

Uma onda de calor é um evento climático em que as temperaturas ultrapassam os limites esperados para a região e época do ano, persistindo por um período prolongado. Há várias definições de ondas de calor. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, considera-se que ocorre uma onda de calor quando a temperatura máxima diária excede em 5 °C a média diária durante pelo menos seis dias consecutivos. Nos meus estudos defino onda de calor como um período de, pelo menos, três dias consecutivos em que a temperatura máxima diária é 10% mais alta em relação à média climatológica observada nos últimos 20 anos.

Embora as ondas de calor possam ocorrer em todas as estações do ano, são mais comuns no verão quando os centros de altas pressões se formam e permanecem estacionários por períodos prolongados, de dias a semanas, causando tempo seco e quente.

Com as mudanças climáticas em curso, a probabilidade de ocorrência de ondas de calor aumentou significativamente em comparação com o período de 1971 a 2000. Somente este ano, em 2023, já tivemos uma onda de calor em abril e a segunda poderá ocorrer nos próximos dias. Prever as ondas de calor é um desafio complexo, pois envolve a compreensão de diversos fatores, como a variabilidade climática e o comportamento dos sistemas atmosféricos ainda não compreendidos na sua totalidade. Para já, as melhores ferramentas, são os dados de modelos climáticos, como aqueles que o Grupo de Climatologia da UA (CLIM@UA) utiliza e que são fundamentais para se perceber como o clima vai evoluir.

Oito a dez ondas de calor no final do séc. XXI

Segundo os nossos estudos, infelizmente, este cenário tende a agravar-se no final do século XXI, com projeções indicando cerca de 8 a 10 ondas de calor por ano. A única maneira de diminuir o número de ondas de calor é minimizar o aquecimento global, isto é, reduzir a emissão de gases com efeito de estufa.

É importante destacar que as ondas de calor representam riscos significativos para a saúde e estudos epidemiológicos comprovam o excesso de óbitos associado ao calor extremo. Portanto, é essencial que a população adote medidas de precaução para proteger sua saúde e bem-estar devendo prestar atenção aos grupos mais vulneráveis, como idosos, crianças e pessoas com condições médicas pré-existentes.

Com base nos estudos efetuados pelo grupo CLIM@UA, Portugal está numa região de transição climática, muito vulnerável e exposto às alterações climáticas, em seca frequente, com projeções futuras de mais eventos extremos, menos chuva, mais calor e maior risco de incêndio. Este cenário força a sociedade a procurar soluções de adaptação e mitigação.

As ondas de calor representam um desafio para a população portuguesa, exigindo cuidados especiais para preservar a saúde e minimizar os impactos. É crucial que as autoridades, os serviços de saúde e a população em geral estejam preparados para lidar com essas condições extremas. Além disso, a conscientização sobre as causas das ondas de calor e a importância de medidas de mitigação das mudanças climáticas são cruciais para enfrentar esse desafio a longo prazo.

* Investigadora no grupo CLIM@UA, Departamento de Física/Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), Universidade de Aveiro
Automobilia Publicidade

Deixa um comentário

O teu endereço de e-mail não será publicado. Todos os campos são de preenchimento obrigatório.