É natural de Aveiro, tem 36 anos e esteve determinada a fazer carreira de investigadora na área da toxicologia. Depois de tirar a licenciatura em Química, na Universidade do Porto, avançou para uma pós-graduação e mestrado em Medicina Legal. Ainda tentou o doutoramento mas, como não estava a conseguir bolsa, o destino encaminhou-a para aquela que é, agora, a sua profissão. Miriam Augusto é a grande responsável pela The Wanderlust, agência de viagens que proporciona aventuras sustentáveis por vários cantos do mundo.
“Como viajava muito e era eu que organizava tudo, um colega sugeriu-me começar a levar pessoas comigo. No início, fiquei um pouco cética, porque sou backpacker – viajo de mochila às costas – e as pessoas como eu não recorrem a agências”, recorda. Apesar das incertezas, decidiu avançar. O primeiro destino? Vietname. “Inicialmente, juntámo-nos a uma agência de viagens convencional, a Bonsai, que neste momento é nossa parceira, e correu tudo muito bem”, testemunha a aveirense.
Já lá vão cinco anos – a The Wanderlust acaba de fazer a festa do seu 5.º aniversário no Mercado Negro, em Aveiro – e o conceito parece estar a ganhar cada vez mais adeptos. Miriam Augusto está cada vez mais confiante quanto à decisão que tomou em 2014 e, segundo confessa, já não se imagina a “trabalhar num laboratório”.
Ama aquilo que faz, na certeza de que, ao contrário do que muita gente pensa, ser viajante profissional também tem as suas vicissitudes. “Não é um mar de rosas como muita gente pensa. Às vezes é extremamente desgastante. Estamos sempre a sair da nossa zona de conforto e exige uma grande gestão a nível emocional”, confessa. O lado positivo? “Aquilo que recebemos de volta é super gratificante. Já fiz grandes amigos nos meus grupos de viajantes e isso é muito bom”, assegura a aveirense que passa cerca de metade do ano a viajar. “Quando estou em casa, adoro o facto de poder dormir mais de duas noites seguidas no mesmo sítio (risos)”, repara a profissional de viagens apaixonada pela Indonésia.
A partir de Aveiro para todo o mundo
A The Wanderlust está sediada na cidade de Aveiro e, segundo garante Miriam Augusto, o facto de estar fora de Lisboa ou do Porto não a tem impedido de continuar a crescer. “Trabalhamos essencialmente online e isso permite-nos chegar facilmente a todo o país e estrangeiro”, explica.
Ao longo destes cinco anos, a agência já levou cerca de 400 pessoas a viajar, sempre de forma sustentável – viagens que respeitem as comunidades locais e cultura, bem como da conservação da natureza, vida selvagem e ambiente. “Pretendemos, acima de tudo, ajudar a economia local e por isso procuramos sempre aquilo que é gerido pelos locais a nível de alojamento, transportes e alimentação”, exemplifica Miriam. “Também temos muito cuidado com tudo o que é vida selvagem. Fazemos observação em parques naturais e não há contacto físico com os animais, apenas observar o seu comportamento”, acrescenta.
A experiência que Miriam Augusto e os restantes colaboradores da The Wanderlust têm vivido leva-os a acreditar que as pessoas estão cada vez mais conscientes e sensibilizadas para a necessidade de respeitar as comunidades locais e o ambiente. Ainda assim, repara, “há um longo caminho a percorrer em termos de educação”. “Há pessoas que têm determinados comportamentos porque, pura e simplesmente, não estão informadas. E é preciso educar as pessoas e trazer alguns valores de volta”, alerta.
Escusado será dizer que da parte da The Wanderlust essa educação está constantemente a ser feita, seja qual for o destino. Equador e Galápagos, Myanmar, Noruega, Filipinas, Peru, Tailândia e Indonésia, são alguns dos programas disponibilizados pela agência aveirense.