
Marinha quer solução para a reabilitação do Creoula até ao final do ano
O novo Chefe do Estado-Maior da Armada constituiu um grupo de trabalho com vista a reabilitação do Creoula. O histórico bacalhoeiro está parado, há vários anos, na Base Naval do Alfeite, impossibilitado de navegar por falta de condições operacionais.
Em declarações ao Público, o serviço de comunicação da Armada avança que este grupo de trabalho, recém-criado por Gouveia e Melo, deverá apresentar uma solução para a reabilitação do navio até ao final do ano. Qualquer hipótese para a viabilização de uma intervenção, terá em consideração, “nomeadamente, o financiamento, o conceito de emprego, os requisitos, o âmbito geral da intervenção e o modelo de procedimento contratual tendente à realização dos trabalhos”, esclarece aquele serviço.
O grupo estará “na dependência do Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada e é chefiado pelo Contra-Almirante Garcia Belo”, sendo “constituído por representantes de diversos setores da Marinha”.
Por ora, face ao seu âmbito, o grupo de trabalho vai agregar apenas representantes da Marinha, não estando excluída a possibilidade de, no futuro, virem a ser convidadas outras entidades para participar no projeto. Recorde-se que as autarquias de Aveiro, Ílhavo e Lisboa já tinham demonstrado vontade e disponibilidade financeira para contribuir para a recuperação do Creoula.
O Creoula é um lugre de quatro mastros, construído nos estaleiros da CUF, em Lisboa, e lançado às águas do Tejo, a 10 de maio de 1937, juntamente com o seu “navio-gémeo” Santa Maria Manuela. Nesse mesmo ano, faria a primeira de muitas campanhas aos bancos de pesca da Terra Nova e da Gronelândia.
A par com o Santa Maria Manuela – hoje em dia, na posse do Grupo Jerónimo Martins – e também o Argus – construído em 1939, na Holanda, e, atualmente, atracado no Cais dos Bacalhoeiros da Gafanha da Nazaré, em avançado estado de degradação –, o Creoula é um dos últimos testemunhos vivos da pesca do bacalhau à linha, nos anos áureos da lendária Frota Branca Portuguesa.
Anos mais tarde, no decorrer da década de 1980, passaria para as mãos do Estado que, depois de promover a sua recuperação, o pôs ao serviço da Marinha como navio de treino de mar.