Luís Sequeira, o nomeado para os Óscares que tem raízes em Aveiro

 

 

 

Algumas das imagens mais fortes que guarda da infância tiveram a região de Aveiro como cenário, em especial a aldeia de onde a sua família é originária. Foi por aqui que passou grande parte das suas férias de verão e é também aqui que gosta de regressar sempre que a agenda de trabalho o permite. É o que deverá acontecer no próximo mês de abril, logo a seguir à cerimónia dos Óscares, prémios para os quais está nomeado. E pela segunda vez. Luís Sequeira, o designer luso-canadiano nomeado para o Óscar de Melhor Guarda-Roupa com o filme “Nightmare Alley – Beco das Almas Perdidas”, tem raízes e casa em São João de Loure, no concelho de Albergaria-a-Velha, recanto carregado “de ar puro e sol” que lhe permite “relaxar”, confessou, em entrevista à Aveiro Mag.

 

Uma conversa em português, pois, apesar de ter nascido e crescido no Canadá, Luís Sequeira, atualmente com 57 anos, sempre falou e escreveu na língua materna dos pais. Ao longo da entrevista, são raras as vezes em que tem que recorrer ao inglês, sendo que parte desses “lapsos” se devem ao facto de já não viajar para Portugal há três anos. “Por causa da pandemia não tenho conseguido ir”, lamentava, antes de confessar que já tem viagem marcada para os próximos meses. “Quando chegar vou ver como está o terreno, cortar as silvas, ver os amigos e comer amêijoas à bolhão pato”, anuncia, bem disposto.

 

Já lá vão umas dezenas de anos, mas Luís Sequeira lembra os detalhes das primeiras férias em São João de Loure com exatidão. “Íamos de comboio de Lisboa até Aveiro, na altura num comboio que parava em todas as terrinhas e, depois, íamos naquele comboio pequenino [automotora] para São João de Loure”, recorda. Eram mais de sete horas de viagem até chegar à localidade onde era invadido “pelo cheiro dos eucaliptos”.

 

Na próxima vez que regressar, Luís Sequeira pode não ser já “apenas” um duas vezes nomeado para os Óscares – já tinha sido indicado em 2018, com o filme “A Forma da Água” -, mas isso não rouba horas de sono. “Para mim, já é uma prenda ter sido nomeado. Quantas pessoas fazem o que amam na vida? E quantas são reconhecidas por isso? Sinto-me abençado”, declara.

 

 

 

 

Uma paixão herdada da mãe

 

Luís Sequeira cresceu a ver a mãe a criar e a costurar peças de vestuário. “Ela era modista e tinha um atelier em Lisboa onde fazia vestidos de noiva, na década de 50 e 60”, introduz. No Canadá, acabou por ir trabalhar num hospital, mas nunca deixou a máquina de costura de lado. “Ela fazia toda a nossa roupa”, recorda Luís, que não tardou a seguir-lhe os passos. “Também comecei a fazer roupa para mim e para uma amiga para irmos para os clubes”, refere.

 

Luís Sequeira não precisou de muito tempo para transformar o seu gosto em profissão. Criou uma coleção própria e abriu uma loja com atelier em Toronto. O cinema acabaria por aparecer alguns anos depois, mas desde que começou nunca mais se desligou da sétima arte. Confessa que também gostava de fazer algo para o teatro. “Desde miúdo que amo o teatro, o palco, as cortinas…”, conta.

 

Neste momento está a trabalhar numa série que vamos poder ver na Netflix “mais para o final do ano”, refere. Depois, irá tirar umas férias, aproveitar as nomeações e as respectivas cerimónias – Luís Sequeira também está nomeado para os BAFTA, do Reino Unido, e para os prémios da Associação de Figurinistas dos Estados Unidos –, antes de viajar para Portugal. “A última vez que fui nomeado estava a trabalhar e quase que nem tive tempo de viver aquela experiência. Desta vez, quero aproveitar a ida a Los Angeles para conviver com os outros figurinistas”, declara, a propósito da deslocação motivada pela cerimónia de 27 de março.

 

 

 

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