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Já há 100 anos Raúl Brandão antecipava o potencial turístico da Ria de Aveiro

Património

Hoje, como no tempo de Raúl Brandão, a natureza continua a dominar a Ria de Aveiro, a inspirar quem a conhece e a espantar quem a visita. O vento encarrega-se do governo dos céus e, diligente, é raro tirar folga. A água recorta a terra a seu bel-prazer, batem as ondas, fluem as correntes e oscilam as marés. Se o vento sobressalta as águas em arrepios ondulados, a água, por sua vez, perfuma-o e dá-lhe sabor. Por cá, ambos são melhores por se terem um ao outro. Quanto à luz, cobre o território como um véu e trata de colorir cada partícula de atmosfera, cada gota de água e cada migalha de terra.

Na Marinha de Santiago da Fonte, junto à Universidade de Aveiro, carreiros estreitos formam um quadriculado de poças prateadas. E é a luz, mais uma vez, quem seca aquela lama, pinta aquelas águas e faz reluzir os cristais de sal, dispostos em pirâmides, aqui e ali. Por todo o lado, garças cautelosas, borrelhos apressados, pernilongos desajeitados e flamingos indiferentes impõem-se na paisagem. Há quem venha de muito longe só pela oportunidade de os poder observar naquele cenário tranquilo.

A Aveiro Mag encontrou-se com Artur Almeida num fim de tarde particularmente ventoso, mas logo o funcionário do Turismo Centro de Portugal nos sossegou, notando que “a Ria é especial com todas as condições meteorológicas”. “Com chuva, com nevoeiro... A Ria é sempre diferente e é isso que a torna tão mágica. Ela muda. Tem cambiantes de cor fantásticos e até os dias cinzentos são de uma beleza extraordinária”, considera Artur.

 

Funcionário do Turismo Centro de Portugal desde 1988, Artur Almeida é daqueles aveirenses que podem gabar-se de já terem percorrido a região de uma ponta a outra e de conhecerem este território como as palmas das mãos. Para o roteiro de uma vida, Artur admite ter n’Os Pescadores, de Raúl Brandão, uma referência que valoriza, recomenda e gosta de reler. “Raúl Brandão foi o autor que melhor conseguiu descrever a Ria de Aveiro com todas as suas potencialidades, com toda a sua beleza, bem como nos aspetos mais árduos e complicados da labuta da Ria e do mar”. Para Artur, isto poderá dever-se, desde logo, às raízes familiares do escritor portuense. “A família de Raúl Brandão vivia da pesca. O pai era pescador, o avô também e morreu no mar” – é a este avô que o autor dedica Os Pescadores. Daí, talvez, “a sensibilidade que ele demonstra para contar as histórias destas gentes”, supõe.

Ainda assim, nota Artur, se é incontornável reconhecer a Raúl Brandão a excelência impressionista na crónica do tempo presente, com relatos dos momentos que passava e das suas experiências que vivia, há que admitir-lhe, igualmente, a capacidade de interpretar os territórios que visitava, de lhes identificar as virtudes e aptidões e lhes antecipar futuros prováveis. Veja-se o que diz Brandão, a meio de uma das suas apaixonadas descrições, sobre o potencial turístico da Ria de Aveiro: “Ninguém aqui vem que não fique seduzido, e noutro país esta região seria um lugar de vilegiatura privilegiado”. “Hoje, é-o, sem dúvida”, observa Artur Almeida. O crescente número de visitantes e o desenvolvimento de novos negócios na área do turismo não deixam margem para dúvidas: a Ria de Aveiro é, cada vez mais, um território atrativo e entusiasmante.

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Da gastronomia ao património, passando pela história e pelas tradições das suas gentes, não faltam atrativos para quem queira visitar uma região que “surpreende pela diversidade”. Artur, por sua vez, prefere focar-se na natureza. Afinal, a Ria nasceu selvagem, é berço de uma biodiversidade única e as suas paisagens de tirar o fôlego continuam a apaixonar inúmeros públicos. Há quem prefira um passeio de bicicleta pelo BioRia, em Salreu, quem seja adepto de um passeio pelos trilhos da Reserva Natural das Dunas de São Jacinto e ainda os que gostam de se aventurar pelo labirinto de esteiros e canais que compõe as ilhas selvagens. Uma coisa é certa: propostas não faltam. “É muito vulgar deslocarmo-nos a uma salina e encontrarmos gente a fotografar as aves”, acrescenta Artur. De facto, o birdwatching – observação de aves no seu habitat natural – tem vindo a conquistar cada vez mais adeptos e, ao longo da Ria, já se encontram diversas estruturas – abrigos térreos, postos de observação elevados e zonas de descanso – preparados para esta atividade.

Considerando que a Ria tem quarenta e tantos quilómetros de extensão e Artur, uma vida inteira de curiosidade e descoberta, torna-se difícil para o funcionário do Turismo Centro de Portugal eleger um só local como o seu preferido. “O importante é o que a Ria nos faz sentir”, reitera, enumerando alguns “locais extremamente belos e muito pouco conhecidos”. “Todos os meandros da laguna são fantásticos”, insiste, recordando um episódio em que acompanhou uma equipa de reportagem Ria adentro, a bordo de um barco salineiro: “Fomos carregar sal a uma marinha no coração da Ria. A certa altura, no meio dos canais, não se ouvia mais nada, só o som do vento a bater na vela”. “E isso é qualquer coisa de fantástico”, promete. Bem escrevia Raúl Brandão: a Ria é “um sítio para contemplativos e poetas”.

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