
Aveirenses já acolhem refugiados e apelam a que outros mais o façam
Mãe e filhas, uma de 15 e outra de 19 anos, fizeram-se à estrada de carro para fugir à guerra que, subitamente, tinha começado a assolar a Ucrânia. Depois de uma longa viagem, na noite da passada sexta-feira conseguiram chegar a Portugal – ao que tudo indica, terão sido as primeiras refugiadas a chegar ao nosso país -, mais concretamente a Aveiro. Estão em casa de Carlos Dias que, juntamente com a mulher, não conseguiu ficar indiferente ao apelo de um amigo romeno que estava a apoiar os refugiados e precisava de encontrar solução para uma família que tinha manifestado interesse em vir para Aveiro.
Chegaram há apenas de 48 horas, carregadas de histórias para contar. O pai ficou na Ucrânia, para combater. A família de acolhimento tenta suavizar-lhes os pensamentos e a angústia mas, “volta e meia, a conversa foge para a guerra. É inevitável”, relata Carlos Dias.
Entre as imagens que mais as marcaram quando deixaram a Ucrânia para trás, estão os inúmeros gestos de solidariedade e afecto com que foram brindadas ao longo da viagem. “Quando viam que era um carro ucraniano, apitavam-lhes, faziam um coração com as mãos”, conta Carlos Dias.
Apesar de estar ligado a algumas associações de solidariedade, esta é a primeira vez que este aveirense e a família acolhem refugiados na sua casa. É a primeira, mas não deverá ser a última. “Estas pessoas não têm culpa do que está a acontecer. Tinham uma vida perfeitamente estabilizada”, sustenta, na esperança de que o seu exemplo contagie outros aveirenses. “Neste momento, há mais 15 famílias a tentarem sair da Roménia e a precisar de alojamento temporário”, adverte, na esperança de que outros cidadãos possam seguir o seu exemplo – Carlos Dias pode ajudar fazer a ponte entre famílias de acolhimento e associações de apoio aos refugiados (contactar através do email: rosa.dias@astrotravel.pt).
Além de comida e tecto, a família de Carlos Dias está também a tentar dar algum alento a esta família que acaba de deixar tudo para trás. Também vai ser preciso apoiá-las na integração. “Estamos a tratar de colocar as mais novas no Departamento de Línguas da Universidade de Aveiro para aprenderem Português. E também vai ser preciso encontrar escola para a mais nova”, relata.
“Espero conseguir motivar outras pessoas a fazerem o mesmo. Estas famílias só precisam de apoio temporário, depois organizam a vida delas”, remata.
Maria Adelaide Joyce
Eu e o meu marido temos uma casa com dois quartos disponiveis. O Estado paga o doctor e outras despesas?