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Diário de uma quarentena (parte I)

Opinião

Tiago Castro

Enquanto olho para uma Avenida Dr. Lourenço Peixinho praticamente deserta penso como pode a realidade do quotidiano mudar tão rapidamente. Como se de um filme de ficção científica se tratasse, como se a nossa ideia e conceção de mundo se alterasse radicalmente de um dia para ooutro.

Estou no 5º dia de quarentena. Estive com uma pessoa infetada e estou a cumprir, como tantos outros, os 14 dias de isolamento. Estranhamente, nunca me senti tão próximo da humanidade. Eu, que tenho uma certa tendência à-la-vasco-pulido-valente de ter uma visão não raras vezes cínica do mundo, sinto-me invadido agora por um sentimento de pertença. Diria até, sem querer parecer piroso, de amor.

Dizem que é nos momentos de grandes dificuldades que se vê a verdadeira natureza das pessoas. Este é um desses tempos. Um tempo de dúvida, de receios, de imprevisibilidade. Não só do que vai acontecer durante o tempo que este vírus estiver por cá mas também do que será do nosso mundo quando isto passar. Teremos ficado iguais?

E é por isso que agora me parecem tão preciosos os pequenos gestos dos outros: a vizinha,com quem trocava apenas um “bom dia” distante de tempos-a-tempos,que me veio agora trazer pão a casa; o estranho do outro lado da avenida com quem troquei palmas e gritos efusivosontem, às 10 horas da noite; as inúmeras mensagens que me chegam de pessoas próximas e não tão próximas assim que me perguntam se estou bem.

Sinto-me mais próximo da humanidade quando me emociono a ver os vídeos de comunidades em bairros italianos a cantarem em uníssono. Haverá coisa mais bonita que isto? Num país em quase-colapso e fechado em casa, o acto de expulsar o medoatravés do canto emconjuntoé um acto de rebeldia, de coragem, de poesia. Como quem diz: não nos conformamos com a tristeza, com a solidão, com o não podermos estar juntos, não, não nosconformamos.

Sinto vontade de abraçar os meus e neste momento os “meus” já não são só os meus amigos e familiares, mas sim todos vocês que, de uma forma ou de outra e tal como eu, estão isolados.

No outro dia partilharam comigo uma frase tão simples e tão profunda que me tem acompanhado nos últimos tempos: "Também isto passará".

E era isto que vos queria dizer, que não estão isolados, que estamos todos juntos nisto e que sim, também isto passará.

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