Além dos painéis fotovoltaicos que outras infraestruturas têm para reduzir a pegada ecológica?
Essencialmente, o que temos feito é um controlo da utilização de água nos nossos processos e da valorização dos resíduos – cartão, metais, etc. – para que possam reentrar nas cadeias de abastecimento.
Isto obriga-vos a ter um gabinete de inovação e desenvolvimento considerável?
Temos uma pessoa exclusivamente dedicada a estas questões de ESG [Environmental, Social, and Governance], principalmente, na parte ambiental, que depois trabalha na produção do nosso relatório de gestão de acordo com as normativas da ONU e os ODS [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável]. Na produção, temos uma pessoa só dedicada à gestão de energia, à análise de produção fotovoltaica, à identificação de outras melhorias a nível de processo que possam transformar os consumos e que procura constantemente tecnologias que nos permitam reduzir consumo e armazenar energia para conseguirmos que este investimento seja o mais eficiente possível.
Temos estado a falar só na questão do consumo interno, mas a OLI também tem lançado vários produtos que reduzem também o consumo energético para os consumidores. É o mercado que está a pedir-vos isso ou é a OLI que está um passo à frente?
Ambos. O mercado procura soluções inovadoras pela questão do consumo hídrico e nós procuramos posicionar-nos nesse campo. Temos alguns produtos interessantes e mesmo únicos: o autoclismo de água salgada, por exemplo, que costuma ter vários pedidos em Gibraltar e em Espanha; o autoclismo que descarrega 4 e 2 litros – o standard é 6 e 3 litros; e um autoclismo que permite duas entradas de água diferente – a normativa manda que o autoclismo esteja ligado à rede, mas depois pode ter uma segunda entrada de água que pode ser um furo, um depósito no telhado ou outro tipo de fonte de água que queira utilizar para abastecer o autoclismo. Dentro dos nossos produtos, diria que esses são diferenciadores no ponto de vista da eficiência energética. Depois, claro, a dupla descarga, que foi introduzida por nós nos anos 90, que se tornou num standard do mercado, e que permitiu uma redução virtual do consumo de água em 50 por cento. É algo que ficou não só para nós, mas para todo o setor.
Há outras coisas em estudo?
Sim. Nesta fase estamos à procura de produtos diferenciadores pela via tecnológica. Durante a pandemia tivemos dificuldade em desenvolver estes produtos pela falta de componentes eletrónicos. Agora, finalmente, as cadeias de abastecimento voltaram ao normal e quem está a desenvolver tem mais facilidade não só por dispor dos componentes, mas também por encontrá-los a um preço mais razoável no mercado. A nível de produto, o que queremos lançar em 2024 está ligado à poupança de água. É um peso maior na tecnologia dentro do autoclismo e dentro da casa de banho.
Depois temos o design, uma imagem de marca da OLI, que tem sido várias vezes premiada pelo design dos seus produtos. É um gabinete próprio que produz esse design, mas volta e meia também têm colaborações externas...
Exatamente. Por norma, o desenho é feito pelos nossos engenheiros de desenvolvimento que têm um conhecimento muito grande do produto e do processo e que adequam logo os conceitos em que pensam àquilo que é a posterior materialização em produto.
Periodicamente, estabelecemos cooperações com arquitetos em áreas geográficas que sejam relevantes para nós – em Portugal, com o Souto Moura e o Siza; em Itália, com o Romano Adolini e, mais recentemente, com o Alessio Pinto – para conseguirmos ter um design diferenciador e que nos permita ter um posicionamento de marca de elevado nível. E
stamos conscientes que, por melhores que sejamos a nível tecnológico e a nível produtivo, o design é algo que aporta muito valor à marca e os arquitetos são dos stakeholders que podem escolher os autoclismos nas casas. Temos de ter uma linguagem adequada a esse target.
Num contexto internacional com duas guerras em curso, em que medida é que os planos da OLI são afetados?
Afetam bastante. A OLI tem uma operação na Rússia que ficou isolada neste contexto. Era uma operação para a qual tínhamos planos de investimento que foram todos cancelados. Mesmo face ao investimento que tínhamos feito anteriormente, é algo que não conseguimos exponenciar ou desenvolver como desejaríamos e como nos tínhamos preparado para fazer. Do lado da Ucrânia, a mesma situação. Tínhamos feito um investimento muito grande nos últimos anos, estava a tornar-se um mercado relevante para nós onde estávamos a pensar passar a ter uma operação própria - já na altura era muito difícil fazer chegar o produto a partir da Rússia e tínhamos de expedir tudo de Portugal – e essas opções saíram todas goradas. Não se concretizaram.
Relativamente a Israel e à Palestina, também eram mercados importantes para nós, mas está tudo parado. A informação que temos de Israel, que era um mercado muito dinâmico do ponto de vista imobiliário, com muitos jovens, muita gente a chegar ao país, é que as coisas estão paradas. Na Palestina, a situação também não é favorável, nomeadamente, porque não há acesso aos portos que eram o meio que nós utilizávamos para entregar o produto aos clientes. São dois mercados que desapareceram do nosso mapa.
Vamos falar do aniversário da OLI. São 70 anos, certamente que as comemorações não vão cingir-se ao dia 1 de março...
Temos previsto, a nível interno, uma celebração com a nossa equipa. No dia 1 de março, vamos parar e celebrar a data todos em conjunto. Depois, dentro daquilo que vão ser as comemorações da cidade (12 de maio), juntamente com a câmara municipal, vamos voltar a ter o concerto de 11 de maio. Depois, dia 22 de junho, teremos uma comemoração para clientes do mercado nacional, exportação, fornecedores e principais entidades.
São estes três momentos que temos previstos: uma celebração para nós, outra para a cidade e outra os externos. Depois vamos ter algumas iniciativas mais pontuais. Aquela que acho mais interessante e que já está em curso é a elaboração de um conto ilustrado para entregar às escolas sobre a utilização da água. Um conto pedagógico que serve para chegarmos aos mais novos da nossa comunidade de forma leve e educativa.
Para estes 70 anos também têm uma nova imagem gráfica.
Não é um rebranding, é mais o branding dos 70 anos. Já nos 65 anos fizemos a mesma coisa, encontrámos um logótipo com o qual quisemos marcar a data e os materiais que produzimos nessa altura. Agora quisemos replicar isso. Criar uma imagem associada aos 70 anos, com um significado particular, com a qual queremos alavancar as várias iniciativas ao longo do ano.
Vão lançar novos produtos em ano de aniversário?
Sim. Juntamente com o departamento de marketing e as áreas comerciais, já temos os produtos que queremos lançar identificados. Como disse, são produtos mais tecnológicos e que privilegiam o consumo inteligente da água. Esse vai ser o nosso foco em 2024. Não serão produtos tão dedicados à estética porque temos produtos muito recentes que ganharam prémios importantes e que queremos deixar respirar.