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Com liberdade, fotografar a felicidade

Opinião

Adriano Miranda*

Nasci em Aveiro mas, para mim, podia ter nascido num outro lugar qualquer. Sou um aveirense que não põe Aveiro nos píncaros da lua. Para ser honesto comigo. Porquê? Porque Aveiro não é só moliceiros nem ovos moles. Aveiro são as pessoas que cá vivem e trabalham. E não posso adorar Aveiro quando temos as estradas que temos, os passeios que temos ou não temos, a limpeza que temos ou não temos, a água das mais caras do país, os remendos, o emaranhado de fios - dos telefones, da eletricidade, das televisões por cabo – pendurados nos postes, os impostos, a falta de espaços verdes, os estacionamentos em cave… Aveiro não é só o Forum nem o desgraçado do Rossio. Aveiro são freguesias onde os turistas não passam. Descuidadas, cinzentas, sujas e uma falta de brio em tudo que seja da responsabilidade municipal.

Que fique bem claro que não foi o bairrismo que me levou até ao bairro de Santiago. Se fosse em Pequim faria a mesma coisa. O que me levou ao bairro de Santiago foi o dever de cidadania. Um dever que devia estar impregnado no sangue de qualquer cidadão. A vida seria bem mais feliz.

Fui crescendo a ouvir a expressão depreciativa o “comboio amarelo”. Era uma fileira de prédios para os lados do Eucalipto. Foram para lá viver os “marginalizados”. Gente que necessitava de uma habitação. Um direito que a nossa Constituição assim obriga e bem. Mas o “comboio amarelo” estava longe e tão perto. Longe pela indiferença, pelo gueto, pelas linhas vermelhas que nos interiorizam quase à nascença. Perto porque era só atravessar uma rua e estávamos ali, com muitos que eram, afinal, iguais a nós. Mas quem se atrevia? Poucos.

Mas as mudanças no território vieram absorver o bairro. Santiago é hoje parte da cidade. Um bairro sem o estigma do “bairro social”. Talvez eu tenha demorado muitos anos para “entrar” no bairro. Admito. Mas foi o Laboratório Cívico Santiago que no dia 12 de março me fez descobrir a rua de Espinho. Fui, curioso, ao seu lançamento. Atento ouvi palavras e ideias e depressa me envolvi. Acredito no amor à primeira vista. Tenho-me dado bem. E logo ali, naquela sala cheia de gente a fervilhar de ideias, pensei que teria de agir. Cidadania. Nasceu o Fotojornalismo na Redação de Santiago.

Tive sorte. O Fotojornalismo na Redação de Santiago foi uma das propostas aceites. Convidar as crianças e jovens do bairro a fotografarem com máquinas analógicas o seu próprio bairro. E o que fazer com essas fotografias? Fazer dessas grandes fotografias, grandes em sentimento, grandes fotografias em tamanho e realizar uma exposição a céu aberto…com liberdade. E assim vai acontecer já no próximo dia 10 de junho. O sonho, a utopia vai ser realidade materializada. As ruas de Santiago e o mercado vão-se vestir de gala com as fotografias dos nossos “putos”.

Fotografia é liberdade. Fotografia é denúncia. Fotografar é um bálsamo para o coração. E os nossos “putos” olharam a vida, a sua vida, no despolido da sua máquina fotográfica e descobriram que o seu bairro é felicidade. O objetivo foi cumprido.

Foram dias de muito trabalho. Todos nós que nos juntámos à volta da Fotografia em Santiago sentimo-nos uns vencedores. Partimos com zero euros e conseguimos mais de 3.000 euros. Foram as pessoas solidárias que acreditaram nos fotógrafos de Santiago. A todas elas estamos muito gratos. Não temos ambições sejam elas quais forem. Só temos duas. Cidadania e amor. E é só isso que está a acontecer em Santiago. Não é nada pouco.

* Fotojornalista do Público e promotor do projeto Fotojornalismo na Redação Santiago.
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