Catarina Gomes, uma aveirense no campeonato do mundo das Spartan Races

 

 

 

 

O gosto pelo desporto sempre esteve lá. Nos tempos da escola primária, gostava de jogar à bola; mais tarde, passou para o badminton e também para o atletismo. Foi, por isso, com toda a naturalidade que, na hora de optar por uma formação académica, abraçou o curso de Desporto. Licenciou-se no Porto, fez o mestrado em Coimbra e, depois, ainda tirou a licenciatura de Fisioterapia, em Aveiro. Mais do que fazer da atividade física profissão, a aveirense Catarina Gomes é também uma atleta digna de referência. Já se sagrou campeã do mundo de Spartan Race e agora avança um degrau na competição – passou para uma categoria superior, onde estão muito poucos portugueses. Atualmente a trabalhar e a residir em Malta, esta aveirense, de 32 anos, também alimenta o sonho de um dia voltar para casa.

 

Depois de concluir os seus estudos, Catarina Gomes ainda chegou a trabalhar em Aveiro como personal trainer e terapeuta – a formação em fisioterapia deu-lhe uma bagagem extra no trabalho que vai desenvolvendo -, mas acabou por ter de fazer as malas à “procura de melhores condições de vida”.

 

“Portugal é um excelente país, mas para quem acaba de formar-se é um pouco complicado. Não nos é dado o devido valor”, testemunha, a propósito do motivo pelo qual decidiu, em conjunto com o namorado, abandonar o país. A escolha recaiu em Malta, em grande medida devido ao facto de o Inglês ser uma das línguas oficiais, mas também por conta das oportunidades de emprego que o país oferece na área de gaming – na qual o namorado de Catarina trabalha.

 

A chegada a Malta aconteceu em 2019 e Catarina Gomes não tardou a arranjar emprego num ginásio daquela ilha – a integração, garante, tem corrido bem, ainda que as saudades de Portugal sejam grandes. E foi também naquele país que acabou por dar largas a um desporto que já havia experimentado quando ainda residia em Portugal, as Spartan Races. Trocado por miúdos, são corridas de obstáculos de inspiração militar, à moda da Grécia Antiga (daí o nome, Spartan). “A minha primeira experiência foi em 2016, apenas com o espírito de experimentar. A partir daí, fui sempre fazendo provas com o meu namorado, mas mais numa perspetiva de brincadeira e desafio”, conta.

 

O que a atrai nas Spartan Races? “O desafio que elas propõem. Numa corrida normal, sabemos que será numa estrada, num terreno plano, sem grandes variantes. Aqui, desde o terreno aos obstáculos que vamos encontrando, tudo são desafios”.

 

 

 

 

 

Da competição intermédia para as elites

 

Nos últimos anos, Catarina Gomes começou a levar estas corridas mais a sério. Tanto que até já venceu o campeonato mundial, na categoria de “age groups”. Além de terem várias distâncias, as Spartan Races também se dividem por várias categorias: “Existe a open wave, em que qualquer pessoa pode participar; depois existe a categoria das age groups, por idades, e que já é um bocadinho de competição, um passo intermédio para chegar à categoria das elites, onde estão os atletas de topo”, enquadra Catarina Gomes.

 

Até ao ano passado, a jovem aveirense esteve a competir na categoria intermédia – conseguindo, então, em Abu Dhabi, ficar em primeiro lugar na sua categoria de idades. Este ano, Catarina Gomes decidiu apostar nas elites. E, em breve, irá pôr-se à prova nos campeonatos europeu e mundial. “O europeu será no início de outubro, em Londres; o mundial vai ser outra vez em Abu Dhabi, no início de dezembro”, revela. A vitória mais importante já foi conseguida. “Ter passado a esta categoria de elites já é muito bom. Muitos atletas que estão nesta categoria já fazem disto profissão”, confessa. Tanto assim é que Portugal não tem mais que meia dúzia de atletas a competir nesta categoria.

 

Para se preparar para as provas, Catarina Gomes tem de treinar todos os dias, “no mínimo dos mínimos, duas horas por dia” e cumprindo um plano que “inclui corrida e algum trabalho de força mais específico para os obstáculos”. Tudo isto no intervalo do horário de trabalho que tem de cumprir no ginásio, como personal trainer. É caso para dizer que quem corre por gosto não cansa. E se for com obstáculos pelo meio ainda melhor.

 

 

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