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O legado dos portugueses na Terra Nova, num espetáculo de música e poesia

Palcos

O auditório da Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré recebe, no próximo dia 20 de maio, a apresentação de “White Fleet Suite – Histórias, Canções, Saudade”, da intérprete e compositora canadiana Pamela Morgan.

Este espetáculo, que celebra a história da faina maior nos tempos da mítica Frota Branca, serve de tributo aos encontros e relações estabelecidas entre os portugueses, que atravessavam o oceano em busca do bacalhau das águas geladas, e a calorosa comunidade de St. John’s, na Terra Nova (Canadá), que, de cada vez que os navios precisavam de se abastecer ou abrigar das tempestades, acolhia aqueles forasteiros trazidos pelo vento com carinho, respeito e admiração.

Concebido a pensar nos antigos homens bacalhoeiros, mas também nas suas famílias e em todos os que ainda preservam as memórias e os relatos da epopeia da pesca do bacalhau ao largo da Terra Nova, o espetáculo inclui poesia e canções originais, assim como temas tradicionais dos dois países, interpretados por artistas portugueses e canadianos. Além da compositora Pamela Morgan (voz, guitarra e assobios), o orquestrador Duane Andrews (guitarra) e Kyle Gryphon (acordeão), estarão também em palco os portugueses Teófilo Cerqueira (narração, voz e guitarra) – que conversou com a Aveiro Mag sobre este espetáculo –, Zezé Fernandes (braguesa, cavaquinho e bandolim) e Áurea Gomes (voz). Michel Marques ficará encarregue da percussão e Jaime Alvarez do contrabaixo. Haverá ainda um quarteto de cordas composto por intérpretes portugueses.

Foi nos anos de 1970, na época em que estudava na Universidade Memorial de St. John’s, que Teófilo Cerqueira conheceu Pamela Morgan e terá sido o português a apresentar a cantora canadiana às tripulações e sonoridades lusas que invadiam aquela cidade portuária de cada vez que um navio bacalhoeiro atracava. Juntos, também, terão testemunhado a passagem dos Vai de Roda por St. John’s, banda portuense cujo repertório e performance cativante ajudou a confirmar o fascínio de Pamela pela música de tradição portuguesa. A canadiana visita Portugal nos anos de1980 e, na década seguinte, tem a oportunidade de dar alguns concertos na região de Aveiro – “Foi naqueles aqueles anos em que o Creoula [lugre bacalhoeiro dos tempos da Frota Branca. Serviu, durante vários anos, a Marinha, como Navio de Treino de Mar e, atualmente, está inoperacional, aguardando intervenção de reabilitação] realizou uma série de viagens de intercâmbio entre Portugal e a Terra Nova”, enquadra Teófilo.

A ideia para o espetáculo que agora apresentam na Gafanha da Nazaré só surgiria vários anos depois. Pamela renova o contacto com velhos amigos, regressa a Portugal e, com a ajuda de Teófilo Cerqueira, começa a “coletar histórias, músicas e memórias dos sobreviventes da pesca à linha, dos tempos em que a pesca do bacalhau nos bancos da Terra Nova era uma epopeia”.

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White Fleet Suite – Histórias, Canções, Saudade” arranca, assim, com a declamação do “Mar Salgado”, de Fernando Pessoa, e prossegue tocando vários momentos de uma típica campanha ao bacalhau nos tempos da Frota Branca, desde a cerimoniosa largada do porto de Lisboa, até ao regresso, meses volvidos, com o porão atestado de peixe e o coração a abarrotar de saudades. De acordo com Teófilo Cerqueira, o espetáculo retrata o trabalho árduo e solitário dos dorymen, deixados à sua sorte no oceano infinito, e o desespero delirante dos dias de nevoeiro; aborda, igualmente, o tormento das mulheres que ficavam em terra, e o pranto por quantos o mar nunca chegou a devolver; relata os perigos do mar alto, o medo das ondas e das tempestades, mas também as raras ocasiões de tempo livre que passavam de volta do rádio, na esperança de ouvir a voz dos que lhes eram mais queridos; há o relato da mítica procissão, na década de 1950, em que quatro mil pescadores e marinheiros portugueses depositaram uma imagem de Nossa Senhora de Fátima na basílica de St. John’s e, como não podia deixar de ser, referências às músicas e à alegria que partilhavam nas docas, nos clubes e bares da cidade.

Em palco, a música é suportada por imagens – fotos e vídeos – de vários arquivos públicos – como o da CBC (Canadian Broadcast Corporation) St. John’s, por exemplo – e coleções privadas dos dois lados do Atlântico.

Teófilo alerta que este espetáculo “não é um documentário”. “É um objeto artístico sobre os sentimentos de dois povos em costas opostas do oceano que sempre se respeitaram e admiraram mutuamente e que acabaram por se tornar irmãos”, resume. Um documentário, aí sim, pode estar para surgir, em breve, a propósito do making of deste espetáculo. “A proposta foi feita à Pamela... Vamos ver se avança. Entretanto, vamos começar a registar imagens de bastidores e do próprio show para o caso de esse projeto ir para a frente”, avança o português.

Originalmente apresentado no Arts and Culture Centre de St. John’s, nos dias 3 e 4 de novembro de 2023, perante um público combinado de cerca de 2 mil pessoas, entre as quais a vice-governadora da Terra Nova, Joan Marie Aylward, e o cônsul-geral de Portugal em Montreal, Francisco Saraiva, “

 Além da apresentação na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré, no dia 20 de maio, passa pela Casa das Artes de Arcos de Valdevez, no dia 18 de maio, e, no dia seguinte, sobe ao palco do Teatro Sá de Miranda, em Viana do Castelo. A tour por Portugal termina no dia 21 de maio, no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz.

White Fleet Suite – Histórias, Canções, Saudade” faz parte da programação do Museu Marítimo de Ílhavo para as comemorações do Dia Internacional dos Museus. Os bilhetes estão à venda na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré, na Casa da Cultura de Ílhavo ou na bilheteira online da BOL.

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