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Na cozinha desta “Casa de Pau”, amor é o ingrediente principal

Gastronomia

Casa de Pau” é o nome de um projeto inspirado nos hábitos, vivências e experiências culinárias de Marlene, Miguel, André e Helena e na encantadora casa de madeira onde esta família reside, na freguesia de Pardilhó, Estarreja. Marlene Freire é a cara e voz do projeto, é ela que prepara os cozinhados e foi com ela que a Aveiro Mag esteve à conversa. Miguel – o marido – encarrega-se da gravação e edição dos vídeos de culinária que a família partilha nas redes sociais e cuida dos filhos quando Marlene está a trabalhar numa nova receita ou a preparar mais um workshop ou sessão de showcooking. Miguel gosta de ser o primeiro a provar as criações culinárias da esposa e esta não prescinde das suas opiniões e conselhos. “Ele está sempre pronto a prestar todo o suporte necessário. Sozinha não chegaria a lado nenhum”, reconhece Marlene.

Quanto a André (9 anos) e Helena (5 anos) – filhos de Marlene e Miguel –, contribuem essencialmente com curiosidade, apetite, ideias para novos pratos e dicas sobre o que acrescentar ou retirar a cada receita. Os miúdos gostam de explorar o quintal e a horta lá de casa, de passear pela mata, apanhar medronhos e fazer colares de morangos silvestres. Marlene ensina-lhes porque é que as espinhas dos peixes têm determinada aparência, como se identificam as árvores pelo formato das suas folhas ou os animais pelas pegadas que deixam. No que à comida diz respeito, porém, têm gostos muito diferentes: André é “o típico português” – gosta de pão e comida de tacho. Para compensar, é apreciador de sobremesas pouco açucaradas – sai à mãe. Helena, por sua vez, nunca diz que não a um doce com chocolate, raramente se coíbe de provar novos ingredientes e, à semelhança de Marlene, é adepta de saladas. “Se tivesse de escolher um prato para comer para o resto da vida, era saladas”, elege Marlene, ressalvando que, na sua conceção, “uma salada não se limita a uma mistura de folhas de alface com rodelas de tomate e pepino. Pode incluir-se pedacinhos de carne, massa, quinoa... e, se assim for, uma salada nunca é igual à anterior. Além disso, é o prato ideal para aproveitar muitas coisas que temos em casa”. Este é um dos motes da Casa de Pau: evitar ao máximo o desperdício de alimentos. “Antes de mais, tentamos utilizar os ingredientes na sua totalidade. E depois, mais ou menos uma vez por semana, temos o hábito de fazer uma refeição de aproveitamentos. Sobra um bocadinho de massa, um bocadinho de ervilhas... ao fim de alguns dias conseguimos fazer uma boa refeição reinventado as sobras”.

Marlene gosta de “cozinhar por impulso” e de combinar “ingredientes improváveis”. “Não sou daquelas pessoas que programa o que tem de cozinhar e faz listas de compras sabendo o que vai comer a cada dia da semana”, admite. “Gosto de ir ao supermercado, comprar produtos desconhecidos e ver o que consigo fazer com eles. Juntar cenouras e manteiga de amendoim pode parecer uma fusão entranha, mas deixa-me cá experimentar. Afinal, o pior que pode acontecer é aquela junção não funcionar. No entanto, quando acontece o oposto, quando combinações improváveis se revelam deliciosas, não tenho como não sorrir”.

Outra das suas paixões é “receber família e a amigos cá em casa, sentá-los à volta da mesa e dar-lhes a provar os nossos cozinhados”. Receber pessoas faz parte da Casa de Pau. “Partilhamos sorrisos, lágrimas, aquilo que nos entusiasma ou nos preocupa, ajudamo-nos uns aos outros. E, claro, tudo isto é mais fácil se também pudermos partilhar uma refeição. A comida aproxima-nos uns dos outros, conseguimos estreitar laços e ter relacionamentos de maior proximidade”, explica Marlene, confessando que “não há nada que me aqueça mais o coração do que alguém elogiar os meus cozinhados e pedir-me as receitas”. Tanto é assim que, a princípio, a criação das páginas da Casa de Pau nas redes sociais tinha como único objetivo a partilha das receitas lá de casa com familiares e amigos. No entanto, rapidamente o projeto cresceu em seguidores e entusiasmo, ganhou novas facetas – convites para orientar workshops de culinária e sessões de showcooking – e até deu lugar à publicação de um livro.

“As nossas publicações nas redes sociais espelham o dia-a-dia da nossa família. Só ocasionalmente é que criamos conteúdos de propósito para a internet. Por norma, é só o acompanhamento do quotidiano normal de uma casa e de uma família que gosta de cozinhar de uma forma um pouco diferente do habitual”. “Com o livro, passa-se o mesmo”, acrescenta Marlene. “Apesar de incluir pratos com ingredientes inusitados, as receitas que lá estão são do nosso dia-a-dia. Nós comemos aquilo, é a base da alimentação cá em casa”, esclarece.

Apesar de ser natural de Salreu, em Estarreja, Marlene Freire cresceu no Cardeal, na freguesia da Branca, Albergaria-a-Velha, “um pequeno lugar, com poucas casas e em que éramos todos da mesma família”. Cresceu “rodeada de terra e de animais”, acostumada a comer “os produtos da terra” que, desde cedo, aprendeu a cozinhar para a família, e convencida de que “o mundo era bem mais pequeno do que o que realmente é”. Hoje, aos 37 anos, e apesar de já não residir naquela povoação, Marlene continua a sentir o Cardeal como a sua casa. “Era fácil viver lá. Estar na minha casa ou na casa de um vizinho era quase a mesma coisa. O meu grande amigo de infância, o Ricardo, é como se fosse meu irmão. Ele vinha comer à minha casa e eu ia comer à casa dele”. Uma “infância feliz”, marcada pela simplicidade das coisas e das pessoas, pelas tardes de sol nos campos de milho, pela expectativa de mais uma época de vindimas, pelo paladar dos rojões feitos ao lume num tacho de cobre e pelo eterno sabor do “pão com manteiga com chá de erva cidreira”. “Era o que a minha avó Helena preparava quando eu chegava da escola. Pode parecer coisa pouca, mas a verdade é que ainda hoje continua a ser uma memória de conforto e aconchego”.

Marlene aprendeu a “cozinhar a comida típica de uma família de agricultores”. Só mais tarde, ao entrar para a universidade, é que começa a experimentar outros pratos e a desenvolver outros paladares. O verdadeiro interesse pela cozinha, no entanto, surgiria somente depois de constituir família. “O facto de ter de alimentar uma criança e de, pela mesma altura, eu e o meu marido querermos perder algum peso, levou-me a aprofundar o meu interesse pela cozinha e a ter maior cuidado com o que levava à mesa”, relata.

Desde cedo que Marlene se habituou a ver o ato de cozinhar como um componente essencial do dia-a-dia de uma família. Hoje, como mãe, cozinha (quase) todos os dias, uma rotina que, por vezes, resulta em momentos de cansaço, impaciência ou falta de imaginação. Quando se sente bloqueada, “o segredo é voltar às origens, recordar os sabores de melhor memória e sair com os miúdos para espairecer”, partilha. Mesmo nos instantes em que parece não passar de uma obrigação, cozinhar deve ser encarado como “uma prova de amor”, entende Marlene.

O que é que o futuro reserva para a Casa de Pau? Na calha, poderá estar a publicação de um segundo livro ou – a longo prazo – a abertura de um bistrô. Também “já nos passou pela cabeça um alojamento local ou turismo rural”, atira Marlene, sem medo de sonhar alto. “Temos várias ideias em mente. Se alguma vez vão ver a luz do dia? Vamos ver. Não é algo que nos tire o sono. Tentamos usufruir daquilo que temos”, sublinha, num testemunho de fé, alegria e gratidão. “Em dois anos, do nada se fez tanto. Estou muito feliz. O que vier será sempre para acrescentar, mas o importante é desfrutar do caminho”.

Entretanto, a Casa de Pau vai continuar a partilhar as receitas do seu dia-a-dia, com Marlene a acumular cada vez mais sessões de showcooking e workshops culinários na agenda. O próximo, aliás, terá lugar já no próximo sábado, dia 19 de novembro. Marlene estará na Biblioteca Municipal de Ílhavo para um workshop sobre “sobremesas de Natal mais saudáveis”. A sessão começa às 15h00 e as inscrições estão abertas.

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