Inaugurado que está o parque de estacionamento do Rossio, apraz-me, enquanto aveirense independente, emitir uma opinião final sobre um conjunto de obras que visou reabilitar o centro urbano de Aveiro. Uma opinião apaixonada, desprovida de qualquer tipo de influência político-partidária e que não é mais do que um simples exercício de reflexão sobre uma série de intervenções/alterações urbanísticas que, ainda hoje geram polémica, mas que no cômputo geral, julgo que trouxeram mais coisas boas do que negativas a Aveiro.
1 – A Estação da CP
O edifício da antiga Estação de Aveiro voltou a ganhar todo o seu esplendor! Fantástica obra de reabilitação (como querendo provar que é possível reabilitar sem alterar a essência do que está a ser intervencionado), à qual faltou a capacidade (ou competência) de lhe dar uma maior utilidade. A nossa Estação é, sem dúvida, uma das mais bonitas de Portugal, mas quem lá entra depara-se com um espaço que, na prática, não tem mais para oferecer do que muitas lojas de comércio que vendem o sal, os ovos moles, os vinhos da Bairrada e mais uma série de produtos da nossa região. A Estação está fantástica por fora, mas por dentro, desilude por completo.
2 – Avenida Dr. Lourenço Peixinho
Continuo a ficar admirado quando ouço ou leio opiniões sobre a “nova” Avenida, limitando essas mesmas opiniões à capacidade que a principal artéria da cidade passou a ter em “escoar” o trânsito automóvel, como se isso fosse o mais importante! E não é! De facto, uma avenida “afunilada” junto às “Pontes” e com várias rotundas no lugar dos antigos cruzamentos com semáforos, fez aumentar as filas de automóveis, mas reduzir uma opinião sobre a obra apenas ao trânsito automóvel não faz sentido nenhum. Mais: nem deve ser o mais relevante. Relevante é destacar os passeios mais largos, sem buracos, nem altos e baixos. Relevante é a prioridade que foi dada aos peões. Relevante são as áreas pedonais que todos ganhámos com a ligação da Praça Jaime Magalhães Lima à própria Avenida, por exemplo. É notório que a Lourenço Peixinho já tem hoje nova “vida” e tem tudo para continuar a rejuvenescer. Ainda em relação ao trânsito automóvel, a Avenida passou a ter uma via para os carros e outra para os autocarros, mas infelizmente, o que não muda é a falta de civismo da grande maioria dos aveirenses. A culpa não é da obra, é das pessoas que, todos os dias, continuam a estacionar os seus carros na via dos autocarros, só porque vai ao Banco, ou porque vai tomar café, ou porque vai fazer o Euromilhões. A culpa é também de uma Polícia Municipal que podia ter aqui um papel fiscalizador e que continua ausente das ruas no dia a dia da cidade. Mas aqui concordo com Ribau Esteves: Aveiro continua sem perder a oportunidade para entrar na Avenida de automóvel! E posso dar o meu próprio exemplo: vou, praticamente, todos os dias a casa dos meus sogros, em plena Avenida Lourenço Peixinho, e nunca entro com o carro na Avenida. Para quê, se posso deixar o carro no Estacionamento da Estação ou no parque que fica por trás do Centro Comercial Oita? De resto, a Avenida não tem menos árvores como muitos diziam (há que dar tempo ao tempo para que possam crescer), tem uma melhor iluminação e, com a deslocação da estátua do soldado desconhecido, ganhou uma nova e agradável praça.