Cervejaria Costa Nova: As sete quintas do João Pedro

Há pequenos e grandes prazeres. Mas os apaixonados pela gastronomia preferem ter os dois. Conseguem ser felizes pelas inúmeras iguarias que descobrem, seja numa tasca desconhecida numa aldeia perdida ou num espaço requintado onde existem pinças para colocar flores minúsculas em pratos lindos.

Mas depois pensas que o que pretendes é mesmo o conforto de um espaço decorado com enorme bom gosto e que consigas provar o “teu prato”, aquele que te dá carinho e felicidade mesmo nos dias metaforicamente mais sombrios! Ok, um bom bife, certo? Então vieram ler a crónica certa.

Uma das metáforas que mais detesto, no que respeita ao futebol, gestores ou políticos, é dizerem que estão na “sua cadeira de sonho”. Por isso, neste caso, podemos dizer que João Pedro Carneiro, consegue, na sua década de cinquentenário, atingir a sua cozinha de sonho, e logo no seu primeiro projeto a sério de restauração. Este autodidata, apaixonado por todos os livros que versem o tema da gastronomia, começou o seu projeto em plena pandemia, com pratos que pudessem viajar e com uma carta paralela. Por isso, diz que 2022 foi o primeiro ano normal!

Numa conjugação de vontades e sonhos com o proprietário da Grestel e dono da marca “Costa Nova”, aparece um espaço de restauração que prima pelo bom gosto da decoração, em que o requinte se nota logo nas mesas de mármore ou no verdadeiro showroom de louça Costa Nova – incluindo alguns produtos que só daqui a algum tempo estarão nos catálogos.

Vamos, agora, referir o que foi experimentado de uma carta que vai sendo construída à medida da vontade dos clientes, do João Pedro e dos ingredientes disponíveis.

Recebidos por um clássico croquete, neste caso de vitela, com o conteúdo no ponto húmido e um aspeto delicioso – a melhor companhia para uma cerveja – seguido de duas pequenas delícias que recomendamos vivamente: as lulinhas fritas e a tostada de tomate e presunto. As primeiras tinham o polme no ponto e eram vivamente crocantes, com o limão no momento a funcionar de forma deliciosa. No caso da segunda, muito bem equilibrada, e com um bom toque de sal.

Fãs de entradas, pedimos mais duas. E ouvimos uma boa sugestão do Chef: perguntar o que há fora da carta. Porque podem surgir boas surpresas. No nosso caso, foram uns cogumelos pleurotos tostados na chapa e temperados com sal marinho. Abriram perfeitamente o palato para uma tortilha bem húmida, muito saborosa, acompanhada de uns espargos pequenos, também na grelha, e que mostraram a sua qualidade.

Claro que numa cervejaria não pode faltar a carne, os bifes e as batatas fritas, trilogia dourada para acompanhar a cerveja ou desculpa mais do que deliciosa para pedir um espumante bairradino ou um vinho. Há pratos que os clientes devem pedir com antecedência mas que existem à medida dos prazeres do cliente, seja um caril de gambas ou uns filetes de pescada com arroz de tomate. Pense nesta cervejaria como a extensão da sua cozinha. Foi assim que o João Pedro a concebeu.

Em termos de carta vínica e de bebidas a copo, há boas opções a copo numa carta que privilegia o Douro e a Bairrada. No final, a conta andará, dependendo das opções vínicas ou de cerveja, nos 30/40 euros.