A subida do Illiabum à Liga Placard foi a concretização de um objetivo desportivo natural aliado a uma aposta na sustentabilidade financeira que o clube ilhavense assumiu quando, em junho de 2020, preferiu dar um passo atrás, descendo por opção própria à Proliga em detrimento de estar no principal escalão sem condições de assegurar uma participação condigna.
Quando o treinador responsável pela subida, João Figueiredo, optou por sair dando sequência à carreira como adjunto da Oliveirense, a indecisão tomou, por instante, conta dos muitos, e fervorosos, adeptos do Illiabum. Mas lá diz o provérbio, não há mal que sempre dure, e uns dias depois, a direção ilhavense surpreendeu, apresentando Nuno Manarte, com tantos e tantos anos ao leme da rival Ovarense, para treinador principal.
A surpresa pelo convite
À Aveiro Mag, Nuno Manarte assume que já não esperava “qualquer convite” para continuar a carreira em Portugal, estando já focado em encontrar uma solução, nem que fosse “como adjunto” no estrangeiro, opção que, até agora, na carreira de treinador, não se tinha afigurado como necessária.
“Já me imaginava a sair de Portugal. Sou treinador profissional, o basquetebol tem sido parte fundamental da minha vida e, olhando para as opções ainda existentes, acreditava que teria de dar esse passo. Mas, no entanto, surgiu o Illiabum e por tudo, pelo clube, pelas pessoas, pelo projeto, era impossível dizer que não”.
Competitivos e com ambição
Já especialista em construir plantéis com “orçamento mais curtos”, Nuno Manarte, apesar do lamento de “existirem poucos jogadores portugueses que sejam mais-valias imediatas” e que os que existem já estarem “quase todos colocados”, acredita que pode fazer nascer um grupo capaz de dignificar e prestigiar um dos “principais clubes de Portugal”.
“Sei, por experiência própria, que as equipas com orçamentos como o nosso dependem sempre do arranque do campeonato. A margem de erro é mínima, e para isso, todos nós desejamos acertar nos jogadores que contratamos, nas suas qualidades. No seu profissionalismo. Mas a aposta, é óbvia, tem de ser num plantel composto por jogadores mais novos, estrangeiros possivelmente rookies ou com pouca experiência a este nível, um ou outro que seja possível ir buscar que conheçamos e que ainda esteja sem colocação. Daí que os primeiros meses de treino sejam fundamentais, para estreitar diferenças e melhorar no jogo que queremos para conseguirmos, o mais rapidamente possível, ser competitivos”.
Objetivos e certezas
Para dizer que sim ao convite do Illiabum, Manarte, assume, pediu apenas “as condições para ter um plantel competitivo”, nem que fosse “a médio prazo”. “Ninguém quer vir jogar para a Liga e fazer má figura. Nem eu e, muito menos, o clube”, explica. Daí que até assinar, foi necessário apenas ter essa certeza. “A partir daqui é só trabalhar e eu sou, sem dúvida, um treinador de trabalho”.
Como tal, o objetivo passa necessariamente “por lutar pela manutenção”, ainda que o responsável assuma que nesta altura, em que tudo está indefinido, seja difícil “perspetivar metas” e assumir “ambições”. No entanto, pela história e tradição do clube, pelas pessoas da cidade “que gostam e percebem de basquetebol” e também por objetivos comuns entre jogadores e treinador, a ambição “é crescer ao longo da competição” e, sendo possível, redefinir os objetivos de forma “mais ambiciosa” com o decorrer da prova. Até lá Manarte partilha a sua convicção: “Acredito que, apesar do orçamento, se possa ter uma equipa competitiva e que entusiasme”.