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Redes sociais e a saúde dos adolescentes

Opinião

 

 

No passado dia 4 de fevereiro o Facebook completou duas décadas. Uma data marcante para o universo digital. E se é certo que outras redes já existiam, é inegável que Zuckerberg criou um império. Muitos anteciparam a sua irrelevância perante a concorrência, mas a hegemonia permanece porque a empresa Meta inclui, por exemplo, Whatsapp e Instagram.

Durante estes 20 anos muito se escreveu sobre o Facebook. Mas o foco nesta rede em particular é de facto redutor e quase que iliba as outras empresas. Na verdade, os restantes gigantes mimetizam o mesmo comportamento tecnocrático.

Como escreve Adrienne LaFrance na “The Atlantic”, estamos a lidar com um movimento ideológico em que os poderosos de Silicon Valey se comportam de forma autocrática.

Para além do impacto sociológico e político, gostaria de me focar na consequência para a saúde da população.

Sempre existiram opiniões sobre o tema dos ecrãs e a sua eventual relação com comportamentos nocivos. Mas, para lá dos “achismos”, sabemos hoje mais sobre o tema. E as provas científicas são consistentes. Um recente artigo publicado na prestigiada revista científica British Medical Journal intitulado “Social media use and health risk behaviours in young people: systematic review and meta-analysis” é particularmente relevante.

Os autores fizeram a revisão de centenas de investigações sobre o impacto das redes sociais na saúde dos jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.

E qual foi a conclusão? O uso das redes sociais com exposição a conteúdo nocivo tem um impacto negativo na saúde dos mais novos, principalmente na mudança de comportamento para o consumo de álcool e dieta inadequada. Não se trata de afirmar que estar em frente ao ecrã causa diretamente doença, e nem se conclui que todos os jovens estão ou vão estar doentes. O que se prova é que o marketing com conteúdo que promova o consumo de álcool e de alimentos não saudáveis influencia o comportamento. O que parece evidente, tendo em conta o investimento das empresas na publicidade digital.

Mas, perante este e outros dados, os CEO têm assumido uma posição de desresponsabilização.

No limite pedem desculpa e persistem na sua ideologia antidemocrática bem explícita nos mantras “Company over country” e “move fast and break things”.

Defendem total rédea solta por causa da alegada inovação e liberdade de expressão. Mas este contra-argumento não faz sentido no âmbito da promoção da saúde e prevenção da doença. Será que alguém defende que as atuais limitações à publicidade ao tabaco nos média limitam os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos? Parece-me óbvio que não. E é aliás bizarro rever as imagens do passado em que os jornais e TV glorificavam os cowboys que fumavam. As futuras gerações, estou convencido disso, comentarão com a mesma estranheza a atual realidade em que se permite praticamente tudo às redes sociais.

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Concluindo, perante este e outros artigos científicos não podemos colocar o ónus apenas nos pais e escolas.

É tempo de os decisores políticos regularem os gigantes tecnológicos.

Pela saúde dos mais novos é hora de agir.

 

 

* Luís Monteiro é médico de família, investigador e docente UA

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