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Leituras que nos fazem boa companhia no verão

Opinião

A Páginas tantas

Para aqueles que ainda não iniciaram as suas férias, e também para todos os que já regressaram e querem continuar a somar bons momentos, e porque os livros são sempre uma boa forma de viajar sem sair do lugar, gostava de vos sugerir a leitura de alguns livros que li este ano e que acho que vos vão agradar.

Para todos aqueles que nos acompanham aqui, sabem que o livro que mais recomendo este ano, que me emocionou de uma maneira que tenho dificuldade em transmitir, foi “Uma pequena vida”, de Hanya Yanagihara. E embora o considere um livro fantástico, no meu top 10 dos livros, não posso dizer que seja um livro de leitura leve para as férias. De facto, apesar de este livro não me ter saído da cabeça durante muito tempo, foram muitos os momentos em que me angustiei e até chorei com a dura vida do Jude, superados pela beleza e inspiração que foi conhecer a força da amizade e o seu papel quase salvador. Se acharem que o verão não será a altura certa para o lerem, não deixem de o fazer pois é, sem dúvida, um livro que não deixa ninguém indiferente!

Mas as férias pedem leituras mais leves e, por isso, começo por sugerir dois livros de crónicas, ideais para uma tarde de piscina: “Quando os tontos mandam”, de Javier Marías e “Trinta e oito e meio”, de Maria Ribeiro, são a escolha certa para estes momentos. E se as crónicas são sempre uma boa escolha, estes dois livros em especial, pelo seu sentido de humor e ironia são maravilhosos para intercalar com um mergulho na piscina ou uma conversa com alguém. Não exigem a mesma atenção que outros livros exigem e, como são também críticas sociais, têm a capacidade de agarrar a nossa atenção e de nos divertir. Garanto que vos farão boa companhia!

Deitados na toalha, para os amantes da praia, ou numa sombra agradável para quem prefere o campo, “Apenas miúdos”, de Patti Smith, conta-nos uma bonita, mas nada banal, história de amor. Daquelas histórias inspiradoras em que o amor se transforma em amizade, sem que o carinho e o respeito se percam. De escrita leve e envolvente, e com o relato de uma história em que a música e a arte nos fascinavam pelo mundo maravilhoso de liberdade que prometiam, acho que este livro será uma boa companhia sem vos retirar a atenção da passagem do Senhor da Bola de Berlim, ou do piquenique que vos aguarda na cesta ao lado.

Este será, ainda, um bom verão para que, quem ainda não teve a oportunidade de ler alguns livros da Prémio Nobel da Literatura em 2022, Annie Ernaux, se possa deliciar com a sua escrita tão íntima e pessoal, quanto de fácil e agradável leitura. E são muitos os livros que vos gostava de sugerir. O livro que mais gostei desta autora foi “Uma paixão simples”, uma paixão entre duas pessoas tão diferentes e para quem as diferenças e obstáculos são apenas um pormenor. Mas “Um lugar ao sol”, “Uma mulher”, “O jovem”, “Os anos” ou “Memória de uma rapariga” são, não só boas leituras, como também uma forma bonita de conhecermos um bocadinho da vida da autora e acompanhar as dificuldades e conquistas do seu crescimento. “Memória de uma rapariga” leva-nos ao verão em que a autora esteve pela primeira vez com um homem e construiu um romance na sua cabeça que se veio a revelar uma desilusão – aliás, um traço comum aos seus romances são os amores/desilusão, bem como o facto de a autora nunca ter deixado de acreditar no amor. Neste livro, a autora conta-nos o seu primeiro – e tão marcante - desgosto de amor ou não estivessem os desgostos amorosos tantas vezes associados ao verão e à sua capacidade de nos fazer sonhar e abrir um parêntesis na nossa vida. Em “Um lugar ao sol” a autora homenageia o pai após a sua morte e fala-nos da relação que teve com ele e das melhores memórias que o pai lhe deixou. No livro “Uma mulher” a autora relata a difícil relação com a sua mãe que, tendo sobrevivido ao pai, esteve presente na sua vida e da sua família durante mais tempo que aquele. Especialmente ternurenta, neste livro, é a forma como uma relação de mãe e filha tão conflituosa se transforma numa relação de ternura e de cuidado para com a mãe que termina os seus dias com demência. Ambos são uma bonita homenagem aos seus pais, após a sua partida, e a verdade incontornável que relações mais difíceis não cortam o poderoso laço que se estabelece entre pais e filhos, bem como a importância das sementes que os nossos pais, de forma consciente ou inconsciente, lançam na nossa vida e na nossa personalidade.

Mas se quiserem um livro mais desafiante e que vos faça pensar sobre a loucura de ser diferente e sobre o quanto as nossas diferenças nos afastam de algumas pessoas e nos aproximam da nossa essência, recomendo dois livros com uma abordagem muito interessante sobre este tema: “A solidão dos números primos”, de Paolo Giordano, um livro maravilhoso sobre a diferença e a tentativa (nunca conseguida) de nos encaixarmos na “normalidade”, sobre a procura da “alma-gémea” e a necessidade de nos integrarmos na normalidade. Num tom mais ousado, “A louca da casa”, de Rosa Montero, uma excelente descoberta... depois de ler e ouvir tantas boas críticas a esta autora, finalmente rendi-me e convenci-me da sua genialidade. Um livro que nos prende e cativa, do início ao fim.

E já que vos falo em boas revelações, termino esta lista com o primeiro livro da autora, Elisabeth Strout, “Olive Kitteridge”, genial na forma como constrói e descreve as personagens e original porque nos faz apaixonar por personagens normais, com traços de personalidade de pessoas comuns que têm caraterísticas boas e más, mas que vivem com intensidade e nos apaixonam precisamente pela genuinidade com que o fazem.

Estes foram os livros que mais gostei de ler este ano, fiquei encantada pela escrita e pelas histórias ou conteúdo, com eles podem ter momentos mais divertidos, mais reflexivos ou inspiradores, mas em todos encontrarão uma boa companhia para o verão e acreditem que ficam sempre mais bonitos com um livro na mão!

Os livros dão-nos aquilo que procuramos nos nossos amigos, o colo que procuramos em alguns, a aventura que outros nos proporcionam, o ensinamento e reflexão a que alguns nos conduzem, mas também a oportunidade de viajar, sonhar e os momentos de riso e boa disposição que nos enchem a alma e tornam os nossos dias mais leves. Sejam ousados e procurem nos livros tudo o que eles vos podem dar e garanto que uma boa companhia vão encontrar.

Claro que, estando de férias, e tendo mais tempo livre, e sendo este verão de 2023 tão aguardado depois dos últimos quase três anos de pandemia e restrições, é também altura para aproveitarmos para estar com a família e os amigos, colecionar memórias e viver bons momentos, refrescados por mergulhos no mar, pela brisa da noite e aquecidos pelo sol e calor que esperamos no verão.

Desejo a todos umas excelentes férias. Eu continuarei com as minhas leituras, que partilharei convosco nesta comunidade aberta a quem gosta de ler e partilhar as suas leituras.

Boas férias e boas leituras para todos!

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