No ano em que comemora 100 anos de existência, a Associação de Futebol de Aveiro continua a querer marcar pela diferença, da mesma forma que o tem feito na última década. Ao leme um homem da casa, José Neves Coelho, que destemido, soube pegar no barco colocado em “mar alto” por Arménio Pinho e navegá-lo a mares desafiantes, com a mesma coragem de sempre e com um sentido de dever elevado. O que importa, como o vai dizer várias vezes nesta entrevista à Aveiro Mag, são os clubes. E os atletas.
Um dos projetos que mais tem levado a AFA a ser falada um pouco por todo o país, é a a AFATv, uma plataforma original e que serviu de exemplo a outras que, agora, começam a despontar noutros distritos. Primeiro, há algumas épocas, deu o passo inicial, com a gravação dos jogos do principal campeonato, agora denominado de SABSEG, que, à segunda-feira, eram colocados numa plataforma comum, em www.afatv.pt para todos os intervenientes e adeptos terem a hipótese de ver ou rever o que foi feito ao domingo no jogo.
Com a plataforma disponível, outros lançamentos se seguiram, dando o protagonismo aos jogadores e treinadores. Também à segunda, ao final da tarde, é lançado em formato vídeo, o resumo da jornada, com todos os golos. E, ao mesmo tempo, um vídeo distinto, com a “flash interview”, onde um jogador ou um treinador de cada equipa dizem de sua justiça.
Em 2023/2024, já com o modelo definido e sustentado, a Associação de Futebol de Aveito avançou com mais uma novidade, de risco, mas que se justifica com o imediato: a transmissão em direto, por streaming, de todos os jogos do principal campeonato. Qualquer adepto pode, agora, assistir aos jogos da sua equipa, ou no estádio, ou em casa. Basta aceder ao site da AFATv e escolher o jogo que quer ver. Com esta ferramenta, em direto, os bancos das equipas da distrital de Aveiro começam a parecer-se com os dos jogos das grandes ligas, com os portáteis ligados, a ver os lances decisivos logo de imediato, com repetições e destaques.
José Neves Coelho é, também por isso, um presidente feliz. Porque esta ideia contrariou duas ideias pré-concebidas: “dizia-se que, com as transmissões em direto, os clubes iriam ter menos espectadores. Não aconteceu, muito pelo contrário. A possibilidade de os adeptos acompanharem os jogos fora, tem aumentado as ligações com os jogadores e treinadores e, depois, já não querem perder os jogos em casa. Depois, as receitas dos clubes aumentaram, porque as transmissões em direto permitem que se façam acordos publicitários com empresas parceiras, dando-lhes destaque. Há clubes que têm compromissos para a época toda”.
Para além de ajudar os clubes dessa forma direta, José Neves Coelho assume que há outra, mais indireta, que tem sido também evidente, ou seja, a visibilidade que os clubes conseguem ter em todo o lado: “os empresários quando têm de optar pelo clube melhor para os seus jogadores, percebem que em Aveiro têm maior projeção, porque os jogos são todos transmitidos, porque existem resumos e destaques aos jogadores, e isso, depois, permite aos clubes e aos jogadores terem esta ferramenta de promoção que tem funcionado”.
No âmbito do aniversário, que se comemora a 22 de setembro, a AFA tem já prevista a realização da gala habitual, mas começa, de forma mais prática, em campo, a comemorar a efeméride, com a realização, no concelho da Mealhada, do prestigiado torneio Lopes da Silva, que junta todas as seleções distritais de futebol, num evento destinado ao escalão de Sub14, e que é antecâmara da primeira seleção nacional de futebol, a de Sub15. José Neves Coelho admite o evento como “uma prenda antecipada” da Federação Portuguesa de Futebol e assume querer que seja uma prova “perfeita”, com as equipas a realizarem todos os jogos em campos de “qualidade” e que tenham a oportunidade de visitar a região.
Para o primeiro mandato em que lidera a AFA, depois de ter substituído Arménio Pinho quando este foi para a FPF, José Neves Coelho tem a ambição de terminar a obra da Aldeia de Futebol, que atualmente já faz com que a associação aveirense esteja à frente em muitos aspetos, nomeadamente, “nas condições de treino de qualidade para todas as seleções distritais, femininas e masculinas”, mas também para os “árbitros”, que têm acesso a todo o complexo, que lhes permite ter a autonomia de treino necessária à sua função: “temos cerca de 25 árbitros a treinar com tudo o que precisam, o que, para nós, é muito importante”, justifica.
No entanto, ainda está por executar a segunda fase, que permitiria juntar, no mesmo espaço, o futsal e o futebol de praia, assim como todos os serviços administrativos da AFA: “estamos à procura das melhores formas de financiamento, tendo até em conta os fundos europeus. Quando os conseguirmos, a obra demora um ano a estar pronta. É essa a nossa grande ambição para este mandato”.
*artigo publicado originalmente na Revista Comemorativa do 5.º aniversário da Aveiro Mag, em fevereiro de 2024.