Está patente na Casa-projeto da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA), da Universidade de Aveiro, a exposição “A última face corada”, da artista Ana Mata, integrada no ciclo “O desenho como pensamento”. A mostra reúne pinturas sobre cobre e matrizes de gravura com desenhos inspirados em obras de mestres da História da Arte como Caravaggio, Botticelli ou Fra Angelico, refletindo uma viagem profunda pelo tempo, pelo espaço e pelo imaginário artístico, a partir de uma experiência vivida em Florença.
Um dos elementos centrais da exposição é o texto “Carta de Florença”, no qual Ana Mata narra a sua viagem à cidade italiana e a presença real perante as obras que a inspiraram. A autora descreve como o contacto com essas pinturas se transformou em desenho e como esse gesto foi interrompido pela pintura directa sobre as chapas de cobre — originalmente matrizes para reprodução de gravuras — que se tornaram, assim, peças únicas. A “última face corada” remete para essa transformação: um desenho que se torna pintura, colorido pela intenção de recuperar a singularidade e a presença física da obra no tempo e no espaço.
As pinturas de Ana Mata não são passíveis de reprodução fiel, uma vez que a superfície polida do cobre introduz um efeito de espelho, tornando cada obra uma interação única com o observador. A “face corada” é, simultaneamente, a obra e o reflexo — uma sedução visual e simbólica que reafirma o valor do irrepetível.
Natural de Setúbal, Ana Mata vive entre Lisboa e Proença-a-Nova. Doutorada em Belas-Artes pela Universidade de Lisboa, onde leciona Pintura como docente convidada na Faculdade de Belas-Artes, expõe regularmente desde 2002. Tem no seu percurso sete exposições individuais na Módulo – Centro Difusor de Arte e uma na Galeria 111, intitulada “Ninfas e Faunos”. A sua obra integra várias coleções públicas e privadas, como a Coleção de Arte Contemporânea do Estado Português, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Fundação Carmona e Costa, a Fundação Ilídio Pinho, a Coleção António Cachola e o Fundo de Aquisições da Câmara de Lisboa, entre outras.
A exposição “A última face corada” pode ser visitada até 23 de julho, na Casa-projeto da ESTGA, entre as 15h00 e as 18h00, nos dias 10, 11, 17, 18, 23, 25 e 30 de junho e nos dias 1, 2, 7, 8, 9, 14, 15, 16, 21, 22 e 23 de julho. A entrada é gratuita.
Esta exposição integra o ciclo “O desenho como pensamento” (DcP), uma iniciativa que nasceu em 2020 por proposta do artista e curador Alexandre Baptista, que mantém a direção artística do projeto. Promovido pelo Município de Águeda, através do Centro de Artes, o ciclo conta desde a sua origem com a parceria da Universidade de Aveiro, que este ano reforçou a sua participação com duas grandes exposições no campus de Santiago, três mostras na ESTGA e uma na Casa Dr. Lourenço Peixinho, em Aveiro. O programa inclui ainda conversas e outras atividades abertas à comunidade. São igualmente parceiros deste ciclo os Municípios de Albergaria-a-Velha e, este ano, também o de Ílhavo.