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Duas mulheres, dois partidos, a mesma missão

Política

A linha que separa a “esquerda” da “direita” quando se fala em política tem, aqui e ali, sítios onde os caminhos, mesmo opostos na ideologia, se cruzam, ainda que de forma ligeira ou ténue. Pode ser esse o caso de Aveiro e Ílhavo, dois concelhos vizinhos - por vezes mais distantes do que a geografia dita – que por estes meses convergiram em algo raro e, ao mesmo tempo, motivante e desafiador. Os principais partidos da oposição, à autarquia, são liderados por mulheres.

Em Aveiro, o PS elegeu Paula Urbano Antunes. Em Ílhavo, o PSD escolheu Fátima Teles. Duas mulheres que têm mais em comum do seria expectável. E que se conhecem e respeitam fora daquilo que é o âmbito da questão verdadeiramente política, fruto de projetos conjuntos em matérias como o trabalho e a inclusão.

Daí que quando a Aveiro Mag, em conversas separadas, perguntou à Paula sobre a Fátima e à Fátima sobre a Paula, os elogios não tenham sido poupados: “Conheço a Fátima até em termos profissionais, porque a autarquia de Ílhavo sempre teve a preocupação da integração de trabalhadores com deficiência. Sempre considerei a Fátima uma pessoa com paixão, afirmativa e aguerrida”. “Conheci a Paula em contexto profissional, porque ela trabalha no IEFP. Temos alguns amigos comuns, e fiquei muito contente quando soube que ela era candidata ao PS e mais contente fiquei quando ganhou. Sentimo-nos acompanhadas, mesmo que numa cor política diferente. Ela tem muita capacidade e deposito nela muitas esperanças”.

A vantagem de ser mulher

Apresentações e elogios feitos, o que mais une as duas mulheres de partidos ideologicamente diferentes? A visão no feminino. E as vantagens que isso pode trazer. Para Paula Urbano Antunes, ser mulher num cargo político pode ser diferenciador: “as mulheres têm mais alguma apetência e aptidão – apesar da exigência da atividade política – para criar mais pontes. Somos mais aglutinadoras pela vontade que temos de nos relacionarmos, mesmo sabendo que nas relações surgem problemas, mas que podem gerar muito mais soluções. Mais do que dinheiro e recursos, é preciso é ter vontade para resolver. E nós, como mulheres, temos um sentido prático muito grande”.

As palavras são diferentes mas, no limite, representam o mesmo. Ver mais longe do que a vista alcança. É o que diz Fátima Teles: “Temos sempre uma sensibilidade diferente para analisar as coisas. Por sermos mulheres. Um lado às vezes mais romântico mas que traz também uma abrangência maior. E conseguimos ler mais do que aquilo que está escrito, um outro olhar, mais cirúrgico. Somos também mais atentas aos pormenores e com a capacidade de fazer coisas ao mesmo tempo, sem deixar nada para trás”.

A experiência de ser vereadora, na oposição

Outro fator que une as duas mulheres é a experiência de ser vereadora. Neste caso, na oposição. Uma experiência única para Paula, mas diferenciada para Fátima, que viveu, primeiro, no lugar “da posição”, ou seja, na liderança autárquica, e agora, depois da derrota nas últimas eleições, do “lado contrário do poder”.

Para Paula Urbano, ser vereadora durante quatro anos foi muito importante para a visão que tem hoje sobre o papel que as autarquias devem ter. E para uma primeira análise do que tem faltado em Aveiro: “Os anos de vereação deram-me conhecimento das assimetrias do concelho. Temos a cidade desenvolvida e, depois, um meio rural, com população envelhecida, com dificuldades no acesso à cidade. Não é mau que se tenha uma parte mais rural, tem é que se trabalhar para dar melhores condições a quem vive nas freguesias limítrofes”, explica.

Para a líder do PS Aveiro, o problema não é o que está à vista desarmada. É o que não se vê: “aparentemente só temos qualidade de vida, uma condição geográfica excelente e dinamismo económico. Mas depois quando vamos espreitar por baixo das flores das rotundas e da árvore de natal gigante e vemos que temos pessoas que estão a viver em guetos, que só mudam se lhes dermos condições para mudar”.

Já Fátima garante que ser vereadora na oposição é “diferente” do que ser no “poder”, mas a disponibilidade para o trabalho, por estranho que possa parecer, é obrigatoriamente maior: “existem muitas diferenças e substanciais. Na liderança, somos autarcas a 100%, profissionais, mas temos, por norma, apenas com que nos preocupar com as pastas que possuímos. Na oposição, para além do trabalho, no meu caso de educadora de infância, temos que nos debruçar sobre todas as tarefas e competências da autarquia, para conseguirmos ser uma oposição forte e credível. Temos de estudar e ler muito mais”.

O futuro, a dois anos

Um ano e pouco se passou desde a derrota nas autárquicas e Fátima Teles, número dois da lista, garante que “as feridas” já começam a sarar. Tanto as pessoais, como as do partido, que recomeçou agora um trabalho de “recuperação das bases”. “Não escondo que foram tempos difíceis. Não pela necessidade de estar no poder. Mas pelo sentimento de perda do trabalho feito e do que poderíamos fazer. No entanto, tudo se resolve”.

Nestes próximos dois anos de mandato na concelhia, Fátima sabe que serão “duros”, fruto de uma “oposição interna persistente”, mas que não a demove “de procurar o melhor para o PSD em Ílhavo”. “É preciso estabilidade e paz, para se conseguir elaborar novas estratégias. Formei uma equipa de gente jovem e estamos, com maior ou menos dificuldade, a fazer o nosso trabalho. A presença do líder do partido, Luís Montenegro, na nossa tomada de posse foi um sinal claro de união. E é essa união que queremos trazer com os nossos militantes, porque o foco e o objetivo são claros. Ganhar a autarquia novamente”.

Para Paula Urbano estar na política é algo “inerente” na vida dela. Militante do PS desde 1993, na secção da Lousã, com papel importante nas lutas académicas, em Coimbra, no tempo do aumento das propinas, quis o destino que chegasse a Aveiro em 1996, para um projeto da autarquia e das Florinhas do Vouga, da “Luta contra a Pobreza”. No ano seguinte entrou no último grande concurso realizado pelo IEFP e desde então tem estado “numa área vastíssima, com impacto grande na vida das pessoas”.

A ligação à política nunca foi “um problema”, assume, principalmente quando “se tem atitudes idênticas ao que se defende publicamente”. “A política tem um papel importante, porque são as decisões políticas que influenciam diretamente a vida das pessoas”. É por saber dessa importância, que não se escondeu na hora de avançar para líder do PS na concelhia. E agora, é tempo de reunir: “queremos chamar os militantes de volta. Mostrar-lhes o que pensamos e o plano que temos. Queremos que os aveirenses saibam que temos um projeto para todo o concelho”.

O futuro, nas eleições autárquicas

Teremos então, as duas mulheres a assumirem a corrida à liderança das autarquias de Aveiro e Ílhavo? Mesmo sabendo que para isso terão de ser reeleitas depois de muita pedra partida? Depois de, ambas, terem feito o trabalho de sapa de colar os bocados partidos pelas derrotas, e juntarem os militantes unidos em torno de um objetivo comum?

Paula Urbano Antunes diz claramente que não: “ser presidente de câmara é uma missão. Quem o quiser ser tem de saber que não ser mais nada. Que tem de estar sempre disponível, a todos os momentos. Não está nos meus planos ser candidata. Ainda há muito tempo para encontrarmos um candidato forte, que possa corresponder a esse desafio. Alguém que tenha capacidade para fazer a diferença no município”.

Já Fátima Teles assume que “nesta altura”, esse não “é o foco principal”. “Todas as decisões tomadas exigem trabalho, imparcialidade e muita exigência. Estar na política, como estive quatro anos como vereadora na posição, é uma missão. Porque dedicamo-nos a isto de corpo e alma. Quem assume um cargo executivo, não tem mais vida particular. Ficamos absorvidos por isto e parece que nada mais existe. Ser presidente da concelhia não significa, de todo, ser candidato à câmara e o que me move é fazer crescer o partido e mostrar que somos capazes de chegar de novo ao poder. Pelo menos, para já, não penso nisso. Mais perto, se tomará essa decisão”.

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