A Universidade de Aveiro (UA) está a liderar o projeto RePor – Restauração dos Recifes de Ostras de Portugal, que tem como objetivo desenvolver uma estratégia inovadora para restaurar e reforçar a resiliência dos recifes de ostras nas zonas costeiras portuguesas. Este projeto, identificado pelo código MAR-016.9.1-FEAMPA-00004, surge numa altura em que estes ecossistemas essenciais têm sofrido um declínio acentuado devido à exploração excessiva e à poluição, comprometendo os benefícios ecológicos, económicos e sociais que proporcionam.
O RePor propõe uma abordagem inovadora para a restauração destes recifes, através do desenvolvimento e aplicação de técnicas que aumentam a resiliência das ostras juvenis (Ostrea edulis), como o pré-condicionamento a choques térmicos e de salinidade, combinado com a modulação do microbioma. A base tecnológica do projeto assenta numa plataforma recentemente criada, composta por malhas poliméricas porosas e biodegradáveis, que permitem a libertação controlada de moduladores microbianos. Esta tecnologia, desenvolvida pela mesma equipa no âmbito dos projetos AquaHeal e BlueComposite, está protegida por um pedido de patente (EP23188811.6).
Após uma fase inicial de testes em condições laboratoriais, as ostras tratadas serão transplantadas para áreas da Ria de Aveiro, onde serão monitorizados indicadores fundamentais, como saúde, crescimento, composição microbiana e taxa de sobrevivência. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento de estratégias eficazes e sustentáveis na recuperação de habitats marinhos degradados, utilizando soluções biotecnológicas adaptadas às crescentes pressões ambientais sobre os ecossistemas costeiros.
O projeto é coordenado pelo investigador Daniel Cleary, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), e conta com o apoio do programa Mar2030, cofinanciado pelo Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos, das Pescas e Aquicultura (FEAMPA), no âmbito da ação de Apoio à Proteção e Restauração da Biodiversidade e dos Ecossistemas Marinhos. O RePor recebeu parecer favorável da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), por estar alinhado com a Diretiva Quadro Estratégia Marinha e contribuir para a implementação da Estratégia Ambiental do Atlântico Nordeste, definida pela Convenção OSPAR para a proteção do meio marinho do Atlântico Nordeste.