Clicar num interruptor, abrir um ferrolho, correr umfecho-éclair, ligar uma ficha a uma tomada ou aprender a apertar os atacadores são apenas algumas das atividadesque os mais novos podem experimentar com estes painéis sensoriais desenvolvidos por Filipa Castanhas, da Malik’s World.
Com um percurso profissional na área da dança, Filipa sempre gostou de trabalhar com crianças. Foi babysitter, fez voluntariado em áreas pediátricas de hospitais, integrou o projeto Maternura, em Ílhavo, e, hoje em dia, a par deste novo projeto de painéis sensoriais, ensina dança criativa a crianças. O interesse pelo desenvolvimento pessoal na infância levou-a a tirar o curso de auxiliar de educação e a frequentar, por sua alta recriação, vários congressos e palestras sobre pedagogia. Com o nascimento do filho – Malik – esta paixão viria a aumentar ainda mais.
Por um lado, conta Filipa, “o Malik queria sempre fazer tudo menos brincar com os brinquedos que eu lhe dava”, por outro, com a maternidade, rapidamente percebeu que “as crianças observam e querem imitar o nosso comportamento naquilo que faz parte da nossa rotina diária”. Assim, Filipa sentiu a necessidade de criar algo que proporcionasse ao filho a oportunidade de explorar os objetos e materiais que via os adultos manipularem ao mesmo tempo que se divertia.
Foi assim que nasceram estes painéis sensoriais em madeira, bem como a Malik’s World, a empresa dedicada à sua produção e comercialização. Nestes painéis, as crianças podem “explorar aqueles objetos que veem os adultos manipular, mas nos quais não as deixam mexer”, e, com isso, “acabar por aprender como eles funcionam”. A título de exemplo, Filipa partilha o episódio que levou Malik a aprender a utilizar um interruptor para acender e a apagar uma luz: “Ao início, ele carregava na parte de baixo do interruptor para apagar, mas depois não sabia que tinha de carregar em cima para acender. Nós fazemos isto tão automaticamente que nem reparamos que estes pequenos pormenores, para as crianças, representam aprendizagens importantes”.
Além de interruptores – e desse elemento atrativo de consequência imediata que é a luz –, os painéis sensoriais Malik’s World contam ainda com vários tipos de fechaduras (de chave, de trinco, de gancho), fechos, guizos, um relógio com ponteiros manipuláveis, entre outros elementos.
Os produtos da Malik’s World são de construção local e sustentável. A estrutura em forma de casa e o tripé de apoio em madeira são feitos manualmente nas oficinas de carpintaria do CASCI – Centro de Ação Social do Concelho de Ílhavo. Posteriormente, cabe a Filipa a pintura das peças e a sua montagem.
Criados com base na pedagogia de Montessori, estes painéis “ajudam a preparar as crianças para a autonomia e para a liberdade” e, pela experiência das famílias que já os experimentaram, os vários elementos sensoriais têm servido para “estimular o desenvolvimento da motricidade fina e da coordenação motora das crianças”.
Os painéis Malik’s World destinam-se a crianças dos oito meses aos três anos de idade, sendo que há propostas de atividade mais fáceis, outras de média dificuldade e algumas mais difíceis. “O objetivo não é uma criança receber o painel e conseguir logo fazer tudo. A ideia é, ao longo do tempo, a criança ir conquistando novos desafios”, esclarece Filipa. “Por exemplo, é normal os mais novos não conseguirem atar os atacadores, algo que só vão conseguir mais tarde. O próprio painel é evolutivo e acompanha o desenvolvimento das crianças nos primeiros anos de idade”, acrescenta.
Filipa fez questão de criar painéis minimalistas, sem exagero de cores ou excesso de elementos distrativos, nos quais as crianças “possam experimentar os objetos tal e qual eles são e conhecer a textura, a temperatura, o cheiro dos materiais”. No entanto, fica o alerta: “Estes painéis não são brinquedos e devem sempre ser manipulados sob a vigilância direta e ativa de um adulto”.
Por serem únicos no mercado português, os painéis sensoriais Malik’s World têm sido bastante procurados não só por famílias com crianças pequenas, mas também por profissionais ligados às áreas da psicologia e da educação especial. A médio prazo, Filipa gostaria ainda de apostar na conceção de painéis vocacionados para seniores, de forma a auxiliar os técnicos das instituições que trabalham com os idosos.